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"Só Michelle vence Lula", diz Valdemar e expõe racha na direita bolsonarista

Valdemar aposta em Michelle Bolsonaro para 2026 e esvazia pretensões de Eduardo e Tarcísio


Reprodução "Só Michelle vence Lula", diz Valdemar e expõe racha na direita bolsonarista
Waldermar da Costa Neto aposta suas fichas em Michele Bolsonaro

Durante evento do PL Mulher realizado neste sábado (5) em Guarulhos (SP), o presidente nacional do Partido Liberal, Valdemar Costa Neto, fez uma declaração contundente que mexeu com os bastidores da direita brasileira: além de Jair Bolsonaro — ainda inelegível até 2030 —, a única figura do partido com chances reais de derrotar Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em um eventual segundo turno em 2026 seria Michelle Bolsonaro.

A fala, feita diante da própria ex-primeira-dama e de lideranças femininas da legenda, surpreendeu aliados e expôs tensões internas no PL. "Depois do Bolsonaro, ela é a única que bate o Lula no segundo turno. Em todas as pesquisas que nós fizemos, todas", afirmou Valdemar, referindo-se a estudos internos da legenda que apontariam vantagem de Michelle sobre Lula. O dirigente elogiou ainda o desempenho político de Michelle desde sua entrada na vida partidária, afirmando que ela superou todas as expectativas.

Com isso, Valdemar esvaziou de forma direta as pretensões de outras figuras do bolsonarismo, como Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e Tarcísio de Freitas (Republicanos), que vinham sendo cogitados para assumir o protagonismo da direita em 2026. A fala foi especialmente simbólica por descartar, ainda que indiretamente, a viabilidade eleitoral de Tarcísio, governador de São Paulo, frequentemente apontado como o herdeiro político de Bolsonaro.

Eduardo isolado

Nos bastidores, o fortalecimento de Michelle tem provocado reações. O empresário e comentarista Paulo Figueiredo, neto do ex-presidente militar João Figueiredo e aliado próximo de Eduardo Bolsonaro, sugeriu publicamente, pelas redes sociais, que o deputado federal deixe o PL. "Se eu fosse o Eduardo Bolsonaro, já estaria em discussões abertas para deixar o PL", escreveu no X (antigo Twitter).

Figueiredo, que é foragido da Justiça brasileira e réu no STF por envolvimento em tramas golpistas, atua como articulador político de Eduardo junto à extrema direita internacional e representa uma ala mais radical do bolsonarismo que vê com desconfiança o crescimento de Michelle dentro do partido.

Bolsonaro ainda é o "dono dos votos"

Mesmo com o impulso dado a Michelle, Valdemar deixou claro que o nome prioritário do PL continua sendo Jair Bolsonaro. Segundo ele, o ex-presidente será o candidato do partido se houver reversão da inelegibilidade imposta pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que o condenou por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação nas eleições passadas.

“Quero deixar bem claro: o nosso candidato a presidente será o Jair Bolsonaro, não tenham dúvida disso. Se acontecer uma injustiça e o impedirem, quem escolhe o candidato não é o partido, é o presidente Bolsonaro, porque ele é quem tem os votos”, afirmou Valdemar.

Polarização antecipada

Embora pesquisas recentes de junho mostrem cenários de equilíbrio entre Lula e possíveis adversários, como Michelle e Tarcísio, os dados ainda indicam empates técnicos. No entanto, a fala de Valdemar antecipa a disputa interna pela cabeça de chapa da direita bolsonarista em 2026, reforçando que o comando da legenda — e do projeto político — continua nas mãos de Bolsonaro e de quem ele decidir ungir como sucessor.

Ao apontar Michelle como a única capaz de vencer Lula, Valdemar não apenas sinaliza a construção de uma candidatura viável para o próximo pleito, como também delimita o espaço de manobra de outros nomes que tentam emergir no vácuo da inelegibilidade do ex-presidente. O recado foi claro: no PL, quem decide ainda é Bolsonaro — mesmo que seja por meio de sua esposa.

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