Saído de Picos, ele foi uma marca da Avenida Paulista
Antônio José da Silva, o Piauí Ecologia, angariou simpatia por onde andou
Ele nasceu em Picos do Piauí e dali de forma mambembe pôs o pé na estrada.
Viajou o Brasil e se fixou em São Paulo.
Esse estado tem uma avenida conhecida nacionalmente: é a Avenida Paulista.
É o metro quadrado mais caro do país. Um local que reúne o centro nervoso dos negócios de São Paulo e do Brasil. Indústrias e bancos tem ali suas representações.
A Paulista é também uma importante artéria no trânsito paulista. Por ela você acessa o lazer, o conhecimento, o trabalho, o turismo, enfim...
E foi na avenida Paulista que o picoense se fez conhecer. Antônio José da Silva é o Piauí Ecologia – um piauiense que um dia resolveu procurar dias melhores pelas terras brasileiras.
Sem escolaridade formal ele dedicou-se ao artesanado para ter o que comer e escolheu o vão do Museu de Arte de São Paulo para ser seu ponto de venda.
Piauí Ecologia lia tudo quanto era livro que ele encontrava, daí seu vocabulário elaborado e parte de sua conciência crítica sobre o Brasil e o mundo.
Se envolveu com as drogas lícitas e ilícitas; depois, disse ter superado o problema.
Embaixo daquela casa de Arte e Cultura de São Paulo, no meio do vai e vem frenético dos carros e transeuntes da Paulista, Piauí Ecologia foi vivendo seus dias e São Paulo foi conhecendo este filho de Picos do Piauí.
Mas ele resolveu voltar. Há alguns anos Piauí Ecologia voltou para Picos, para estabelecer moradia, e a forma que escolheu para a volta, fez jus às suas origens de “maluco de BR”: pegou sua magrela e pedalou 2511 km, dormindo em postos de gasolina e documentando em vídeos e em fotos que eram postadas regularmente em suas redes sociais.
Ontem, Picos, a Avenida Paulista e o Brasil ficaram sem o Piauí Ecologia.
Antônio José da Silva faleceu, no hospital Getúlio Vargas (HGV) em Teresina. As causas de sua morte foram cirrose hepática e hepatite, agravadas por uma anemia profunda.