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Que se danem os doentes: Centrão e medicina privada se encontram na busca do lucro

A pressão do Centrão para ganhar o Ministério da Saúde é tão ostensiva que não tem como Lula ceder a ela sem desmoralizar o governo

Foto: DivulgaçãoCentrão
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Por Luis Felipe Miguel, professor, no facebook

A pressão do Centrão para ganhar o Ministério da Saúde é tão ostensiva que não tem como Lula ceder a ela sem desmoralizar o governo. Seria como passar a faixa presidencial a Arthur Lira.

(Dr. Luizinho era o preferido de Lira para ser ministro da Saúde, mas parece que está sendo descartado por excesso de bolsonarismo.)

Além disso, Daniela do Waguinho está com os dias contados. Lula não vai tirar duas mulheres do ministério de uma só vez.

Em suma: Nísia Trindade fica no cargo, ao menos por enquanto.

Não é preciso ser uma grande raposa da política para perceber isso. Um vulpídeo banal como Arthur Lira já entende a situação.

Isso não quer dizer que a saúde esteja a salvo. Mantendo a ministra, o Centrão quer o controle de postos de segundo escalão no ministério, que considera estratégicos.

Não por ter um projeto para a saúde - o único projeto do Centrão é a prosperidade dos seus integrantes. Mas porque controlam muita verba ou dão oportunidades para bons negócios, porque mexem com empresas poderosas, que se dispõem a pagar a conta para que seus interesses sejam satisfeitos.

São setores que lidam com a liberação de novos medicamentos ou a regulação dos planos de saúde e hospitais privados.

Centrão e medicina privada se encontram na busca do lucro a todo custo. Que se danem os doentes, sobretudo os mais pobres. E também os profissionais de saúde (quem tiver estômago para consultar o site da confederação dos hospitais particulares verá que sua pauta principal é pelo rebaixamento dos salários).

Não basta garantir a permanência da ministra. É preciso garantir que toda a estrutura do ministério ficará a serviço do SUS e do povo brasileiro, a salvo da ganância dos políticos sem vergonha e dos mercadores da doença.

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