Política

PT: 43 anos de um senhor, velho e branco, na encruzilhada da História

O PT é o misto de “amo” e “odeio”. Apesar de filiado apenas em 2019, sempre fui apaixonado, disse Zé Barbosa Jr


Foto: DivulgaçãoPT
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Por pastor Zé Barbosa Jr, colunista, na Forum

Na próxima sexta-feira, dia 10 de fevereiro, o maior partido de esquerda do Brasil completa 43 anos. Ao contrário do que muitos apostavam após o golpe de 2016, ele está aí, firme e forte, renascendo das cinzas e reassumindo o maior posto de comando do país: a Presidência da República. São 43 anos de existência do Partido das Trabalhadoras e dos Trabalhadores, o PT.

Acontece que este jovem de 43 anos aparenta ter muito mais. Não sei se pela vivência, pelas experiências, ou porque gosta de ser assim mesmo: velho, branco e sem sucessores. O PT é esse misto de “amo” e “odeio”. Apesar de filiado somente em 2019, sempre fui apaixonado por ele. Já em 1989 ostentava na capa da minha Bíblia, para horror de muitos, a temida “Estrela Vermelha”.

Mas está na hora desse senhor, em toda sua idade e branquitude, experimentar uma transição. Ela está aí, acontecendo de dentro pra fora, mas meu medo é que a cabeça branca, masculina e velha não deixe o novo, que é feminino e negro, vir à tona. A contar pela falta de investimento, por exemplo, na comunicação e na aposta de que “sempre foi assim que fizemos e deu certo” é o que prevalece, às vezes tenho esses medos. Não, não falo isso por achismo e trago números que podem ajudar a nos fazer pensar nessa mudança.

A nova bancada do PT na Câmara de Deputados traz a seguinte configuração (pelo menos até o atual momento):

65 parlamentares

48 homens (74%)

17 mulheres (26%) – uma bancada em crescimento.

A média de idade geral é de 57 anos.

Mas, e agora estão as grandes diferenças, preste atenção nas configurações de idade e autodeclaração racial:

Entre os Homens:

Média de 65 anos (quase 10 a mais que a média geral) e apenas 15% se autodeclaram pretos, pardos ou indígenas.

Entre as Mulheres:

Média de 47 anos (10 a MENOS que a média geral – e com forte renovação) e 55% se autodeclaram pretas, pardas ou indígenas.

Percebem a diferença gritante?

Assim percebo que o PT, aos 43 anos, encontra-se em uma de suas maiores encruzilhadas históricas. Ao eleger Lula pela terceira vez (E é bom que se diga que Lula venceu não por ser PT, mas por ser o Lula – Lula é, sim, PT, mas é maior que o PT) e ter nas mãos a chance de dar novos rumos ao país, junto com boa parte da esquerda, o Partido das Trabalhadoras e dos Trabalhadores têm as chances de mudar os paradigmas políticos do Brasil e não nos enganemos: novos paradigmas, de verdade, serão femininos e negros. Insistir nos velhos homens brancos (não que eles devam ser descartados – não é disso que estou falando) e não reconhecer a força, o protagonismo e a NOVIDADE POLÍTICA que essas mulheres (principalmente as negras, nordestinas e periféricas) trazem para o Partido pode significar que tomemos o rumo errado nessa encruzilhada.

A luta, por exemplo, por território e poder, típica dos machos alfa e abraçadas por homens, brancos e “donos de territórios” imobiliza a ação do Partido em vários lugares. Homens lutando entre si, em detrimento do próprio PT, para verem quem tem o “maior grupo”, o “maior coletivo”, ou quem consegue as “melhores articulações”. E assim, por seus projetos pessoais e vaidosos, esquecem-se da construção coletiva e participativa, traços encontrados no jeito de fazer política de negros, negras e na sororidade que as mulheres apresentam na militância.

Resistimos ao ataque externo, covarde e mentiroso da direita brasileira, com seus aliados midiáticos e cibernéticos, muito pela força e resistência dessas mulheres. Mas temo que não resistamos à cabeça dura e à teimosia de se insistir em movimentos que já percebemos antiquados e ultrapassados. É hora da revolução no PT. É hora, e já passou da hora, de Mulheres, Negras e Negros serem protagonistas no nosso Partido. Se é que queremos continuar sendo o Partido das TRABALHADORAS e dos TRABALHADORES deste imenso Brasil.

Vamos em frente, PT!

Vai valer a pena!

Parabéns pelos 43 anos!

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