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MUP reabre valorizando história de indígenas e quilombolas

MUP reabre valorizando história de indígenas e quilombolas

“Até hoje não tínhamos nenhum lugar que contasse a nossa história. É muito bom saber que agora fazemos parte do Museu do Piauí”. A frase, do remanescente indígena Cícero Evangelista, de 22 anos, retrata o sentimento das famílias representadas em fotografias e objetos presentes em uma das salas do Museu do Piauí – Casa de Odilon Nunes (MUP), reaberto nesta quinta-feira (02), depois de passar por uma ampla reforma.
Além das fotografias com os rostos de remanescentes das comunidades indígenas piauienses, a sala – uma das novidades do museu – reúne objetos [de palha, madeira, penas e sementes] que retratam a cultura indígena. “Esse pote de barro era usado na comunidade há mais de 120 anos”, diz Cícero, que pertence à comunidade Tabajara, situada na zona rural de Piripiri.
Logo ao lado, há um espaço reservado para as comunidades quilombolas, também presentes no Estado. Além da reforma e restauração da parte física e do acervo, foi implantado um novo projeto museográfico no local, onde as peças passam a ser expostas de forma mais dinâmica, permitindo maior interação com o público.
Na entrega da reforma, nesta quinta-feira, os visitantes foram recebidos ao som do Trio de Cordas, composto por músicos da Orquestra Sinfônica de Teresina. Na ocasião, foi aberta a exposição temporária “Piauí Paisagens”, com fotografias de Aureliano Muller, Paulo Barros, Manoel Soares e Juscelino Reis. “Selecionei 15 fotografias que retratam vários pontos turísticos piauienses, incluindo nosso litoral. O Museu do Piauí merecia essa reforma e é uma satisfação poder fazer parte da reabertura da casa, com essa galeria”, diz o fotógrafo Aureliano Muller.
A solenidade de entrega do museu contou com a presença de várias autoridades, entre elas, o governador do Estado, Wellington Dias; a vice-governadora Margarete Coelho; o secretário estadual de Cultura, Fábio Novo; a coordenadora do Museu do Piauí, Dora Medeiros; o presidente do Conselho Estadual de Cultura, Cineas Santos; e o presidente da Academia Piauiense de Letras, Nelson Nery Costa. “Nesse momento estamos realizando um grande sonho. Nosso desejo era trazer olhares para esta casa. Aqui estão reunidas peças que contam a história do nosso povo, mas que não eram expostas de forma adequada. Hoje estamos sendo reverenciados e temos a oportunidade de m
ostrar a nossa história de uma nova forma. Agradecemos a colaboração de todos que fizeram parte deste trabalho”, diz a coordenadora do museu, Dora Medeiros.
O secretário estadual de Cultura, Fábio Novo, destaca o trabalho de restauração feito nas peças que compõem o acervo do museu. “Muitas peças foram restauradas pela equipe da oficina de restauração existente na Secult, incluindo o mestre Dico, que estava à frente deste trabalho. Uma grande equipe de arquitetos, estudantes voluntários, ajudou a construir este projeto, da forma como ele está atualmente, sob a coordenação do arquiteto Paulo Vasconcelos.
Esta é maior intervenção da história deste museu e agradecemos a coordenadora e toda a equipe que se empenhou para fazer essa obra acontecer”, afirma Fábio Novo.
O acervo O MUP possui acervo diversificado que compreende desde o período pré-histórico ao contemporâneo. O palácio ganhou novas salas, além de pinacoteca (galeria de pinturas) e recursos didáticos que auxiliarão no ensino-aprendizagem. A arte sacra também ganhou um espaço especial. Os ex-governadores piauienses ocupam lugar de destaque no palácio. Pecas das famílias dos ex-governadores Eurípedes de Aguiar e Leônidas Melo, dentre outros, estão expostas no MUP. O museu também passa a expor aos visitantes peças da escritora e jornalista Genu Moraes, filha do ex-governador Eurípedes de Aguiar. O Governo do Estado, através da Secretaria Estadual de Cultura – Secult, investiu cerca de R$ 360 mil na reforma do Museu do Piauí. Além disso, o novo projeto museográfico, orçado em R$ 300 mil, foi realizado com apoio do Sistema Estadual de Incentivo à Cultura - Siec.
HistóricoHistórico
Em 1934, por iniciativa do professor Anísio Brito, foi criada uma sessão do Museu do Piauí no Arquivo Público. No entanto, o Museu só seria fundado em 1941 e só em dezembro de 1980 ganharia o Palácio da Praça da Bandeira como sede própria, na gestão do então Secretário de Cultura Wilson Brandão. O Museu do Piauí possui um acervo eclético, com aproximadamente sete mil peças. Integram este acervo artefatos pré-históricos, como peixes e troncos fossilizados, louças da Companhia das Índias, porcelanas chinesas e inglesas, mobiliário e quadros do século XIX, como a famosa tela de “Dom Pedro II” de Victor Meirelles, além de obras de arte contemporânea de renomados artistas piauienses como Gabriel Archanjo e Dora Parentes, dentre outros. Também são encontrados no acervo do Museu: cédulas, moedas, medalhas, indumentárias da guarda nacional, machados primitivos, urna funerária, arcos, flechas, artesanato piauiense, entre outras peças de relevância cultural

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