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Mídia liberal esconde offshore milionária de Paulo Guedes

Folha, Globo e Estadão passam pano e minimizam offshore com US$ 9,55 milhões de Paulo Guedes

Foto: Montagem pensarpiauíPaulo Gudes e mídia
Paulo Gudes e mídia

Fiador do governo protofascista de Jair Bolsonaro (ex-PDC, PPR, PPB, PTB, PFL, PP, PSC e PSL) junto ao sistema financeiro e à elite econômica, Paulo Guedes está sendo blindado pelos veículos da mídia liberal no caso Pandora Papers, projeto investigativo do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ, na sigla em inglês) que revelou que o ministro da Economia brasileiro tem um offshore nas Ilhas Virgens Britânicas, paraíso fiscal no Caribe, que tinha um saldo de US$ 9,55 milhões em 2014.

Nas capas, apenas a Folha cita o sobrenome do ministro em um pequeno destaque que diz que “empresa offshore de Guedes gera questionamento”.

O jornal divide as revelações da Pandora Papers em duas reportagens, uma no caderno de Economia sob o título “Investigação revela contas de 35 líderes em paraísos fiscais” e outra em política, que tenta passar pano para Guedes e Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central.

A reportagem classifica os possíveis crimes de Guedes e Campos Neto como “situação em que pode haver conflitos de interesses, segundo especialistas”.

Estadão

Já o jornal da família Mesquita ignora totalmente a presença dos dois integrantes do governo Bolsonaro no caso, tanto na chamada de capa, quanto na reportagem publicada na editoria Internacional sob o título: “líderes mundiais são acusados de esconder milhões em paraísos fiscais”, traduzida do jornal The New York Times.

Na imagem que ilustra a notícia, o Estadão destaca fotos do desconhecido presidente queniano, Uhuru Kenyattas, do rei da Jordânia, Abdullah II e do russo Vladimir Putin.

O jornal ainda faz um destaque com “perguntas e respostas”, onde ressalta que “os fornecedores de serviços offshore geralmente se adaptam às leis, mas alguns clientes usam o sistema de maneira ilegal, como para sonegar impostos, por exemplo”.

O Globo

Já a família Marinho ignora totalmente a notícia na capa do jornal desta segunda-feira (4). Nas páginas internas, apenas uma nota de pé de página na editoria de economia conta que “ministro da Economia tem empresa em paraíso fiscal”.

O mesmo “destaque” vem sendo dado pela Globo em seus meios digitais e jornais na TV, como o Fantástico, que apenas reproduziu nota de Paulo Guedes ao final do programa neste domingo (3).

Veja o texto do jornalista Leobardo Attuch, editor-responsável pelo 247:

O Brasil tem a imprensa mais corrupta do mundo. Ponto. E também a mais hipócrita. Só uma imprensa absolutamente venal e corrupta é capaz de fechar completamente os olhos para um dos maiores escândalos de corrupção da história do Brasil, enquanto a população padece com a inflação, a disparada dos preços dos combustíveis e a escassez de alimentos, que já empurra brasileiros para a vergonhosa fila do osso.

A prova da hipocrisia e da associação da imprensa corporativa com o grande crime organizado veio de forma cabal nesta segunda-feira, um dia depois da publicação dos chamados Pandora Papers, documentos que mostram as contas em paraísos fiscais de políticos e celebridades ao redor do mundo. No caso brasileiro, os personagens são ninguém menos que as duas principais autoridades econômicas: o superministro da economia, Paulo Guedes, e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.

O primeiro é responsável pela política tributária e, portanto, é absolutamente imoral que mantenha contas em paraísos fiscais, que, como o próprio nome indica, servem exatamente para esconder recursos de origem duvidosa e sonegar impostos. O segundo administra a política cambial, que tem impacto direto na inflação. Uma moeda desvalorizada encarece os preços internos, como os dos combustíveis e alimentos, mas enriquece quem mantém ativos no exterior. E foi exatamente isso o que aconteceu com Guedes e Campos Neto, que ficaram mais ricos, enquanto a imensa maioria dos brasileiros ficou mais pobre.

Em qualquer lugar do mundo, um escândalo desta dimensão já estaria estampado em manchetes garrafais nas capas dos jornais, que estariam pressionando por CPIs, demissões e eventualmente prisões. Mas, no Brasil, a mesma imprensa que fez campanha por um golpe de estado em nome do "combate à corrupção", e que substituiu uma presidente honesta pela maior quadrilha política que já se viu na face da Terra, demonstrou que anda de mãos dadas com o grande crime organizado. O jornal O Globo simplesmente fingiu que não viu as contas de Guedes e Campos Neto. O jornal Estado de S. Paulo se preocupou mais com as contas de Shakira e Julio Iglesias do que com as das autoridades econômicas brasileiras. Por último, a Folha de S. Paulo apontou apenas um "suposto conflito de interesses" no fato de as raposas tomarem conta do galinheiro Brasil.

Amanhã, este assunto estará encerrado para a imprensa mais corrupta do mundo, que voltará a discutir temas como o desmonte do estado, o teto de gastos, as "reformas" e o risco de que o Brasil volte a ser um país soberano, governado pelos brasileiros e não pelo grande capital internacional. Mas deveria servir para o despertar de brasileiros que ainda acreditam que consomem informação quando compram, na verdade, uma ideologia barata, que empobrece o País e enriquece o 0,0001%.

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