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Margareth Leite: pioneirismo no fotojornalismo piauiense

Margareth Leite: pioneirismo no fotojornalismo piauiense

Foto: Facebook de MargarethMargareth Leite
Margareth Leite

Mousse de sapoti e suco de tamarindo. Uma sobremesa que diria pouco se não fosse oferecida por uma mulher que cultiva 52 tipos de plantas frutíferas, ama arquitetura, estudou música, jornalismo e escolheu ser fotógrafa! Escolheu não, nas palavras dela “acreditou que poderia ser” e é!

Formada em Comunicação Social pela Universidade Federal do Piauí, Margareth Leite estudou música desde os 14 anos e acreditava que seria pianista. Na época do vestibular, decidiu pela Arquitetura. Era apaixonada por casas e tinha um caderno onde desenhava plantas de imóveis. Mas em Teresina ainda não havia o curso, e por sugestão de uma amiga foi fazer jornalismo.

Ela, que adorava o Globo Repórter, entrou no curso pensando em trabalhar em TV, mas trabalhou numa emissora de televisão por um mês e odiou a experiência. Foi no jornalismo impresso que encontrou sua verdadeira paixão. “Ganhava pouco, mas o trabalho era apaixonante. A construção coletiva encanta”, resume ela.

Margareth gostava de fotografia como todo mundo gosta mas nunca imaginou que seria fotógrafa. Foi durante a disciplina Fotojornalismo que surgiu o interesse e se identificou com a proposta de fazer ensaios fotográficos. Na época, duas pessoas influenciaram sua formação, a amiga Maria Alice que se interessava por fotografia, comprava livros, revistas e já tinha câmera profissional. Margareth conta que saiam para fotografar, experimentar. Outra influência marcante foi o técnico em fotografia da UFPI, José da Providência. “O Providência me incentivou a ser fotógrafa, me ensinou muito e me levava para o teatro para fotografar espetáculos”, diz a fotógrafa. 

Quando decidiu procurar o primeiro emprego na área, num jornal local, o editor só lhe propôs um estágio sem remuneração, que ela de imediato recusou. No mesmo dia, surgiu um convite para trabalhar no jornal O Dia e, no dia seguinte, começou como repórter fotográfica. Uma das coberturas importantes que ela recorda foi a primeira campanha de Lula à presidência da República, na época contra Collor.  Margareth Leite passava então, a ser a primeira repórter fotográfica do estado, profissão até hoje ocupada na sua maioria por profissionais do sexo masculino.

Como fotógrafa, também enfrentou o estigma de ser umas das poucas jornalistas mulheres a optarem pela carreira. A maioria das pessoas achava interessante uma mulher assumindo aquela função, mas enfrentou alguns machismos.  A vida seguiu então entre o Curso de Comunicação, curso de Música e o coral da Universidade. Logo foi trabalhar no jornal Diário do Povo, agora escrevendo como repórter policial.

Margareth trabalhou também no Jornal da Manhã, jornais O Dia e Meio Norte e na Sucesso Publicidade, até começar a lecionar em faculdades de jornalismo e publicidade de Teresina, quando nasceu o filho Vítor, hoje com 20 anos. “Na época ficou impossível conciliar a carreira de repórter fotográfica, professora universitária e mãe e acabei deixando o jornal, mas morro de saudades”, conta.

Margareth tem trabalhos publicados em vários livros, revistas e jornais nacionais. Participou do livro “Apontamentos para a História Cultural do Piauí”, organizado pelo professor Raimundo Santana, com o artigo “Fotografia em Teresina, análise e história”, e recentemente do livro “Teresina, um olhar poético”, que reúne mais de 70 fotografias de sua autoria e uma coletânea de poemas. Participou de várias exposições fotográficas coletivas e individuais. Foi premiada com menção honrosa em 2009 no concurso Árvore Floridas promovido pelo Itaú Cultural.

 A fotógrafa lecionou em várias faculdades da cidade de 1998 a 2010, quando decidiu retornar definitivamente para a fotografia. “Quando eu lecionava, eu não tinha tempo de fotografar, viajar como gostava, além do estresse da sala de aula”, relata. A partir daí, novos desafios foram lançados na carreira da fotógrafa.

Entre os trabalhos de destaque, Margareth cita o trabalho para a Embratur sobre turismo internacional, que visava divulgar o Piauí internacionalmente. Na ocasião, ela produziu um documentário sobre a Rota das Emoções e fotografou 33 municípios (polos turísticos). Outro trabalho interessante foi um feito para o IPHAN, que rendeu o tombamento de alguns patrimônios em sete municípios do Piauí. “Eles faziam projetos perfeitos e não conseguiam êxito. Chegaram à conclusão que o problema eram as fotos. Fotografei logradouros em sete municípios. Todos os sete lugares foram tombados, inclusive a Ponte Metálica”, conta, acrescentando que esse trabalho rendeu vários frutos, dentre eles um catálogo e uma exposição do IPHAN que já rodou o mundo.

Há 11 anos, a piauiense fotografa o FestLuso, um festival de teatro lusófono realizado anualmente no Piauí. Pretende realizar uma exposição sobre esse trabalho. Na semana da nossa entrevista, já estava fotografando crianças numa escola particular. “São trabalhos bem diversos. Nunca pensei em abrir um estúdio, por exemplo. Acho que quanto a isso posso dizer que eu realmente escolho o que faço. Fotografar viajando para mim, por exemplo, não é trabalho, é diversão”, comenta.

Uma diversão que requer muita criatividade e, semanalmente, tem uma pausa para passar um dia inteiro no sítio cuidando de suas árvores. São mais de 130 plantas que ela mesma cuida com as próprias mãos. Uma outra paixão que, literalmente, renderá frutos para essa mulher que é uma amante da vida!

Foto: Margareth LeiteA arte de Margareth (1)
A arte de Margareth (1)
Foto: Margareth LeiteA arte de Margareth (2)
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Foto: Margareth LeiteA arte de Margareth (3)
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Foto: Margareth LeiteA arte de Margareth (4)
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Foto: Margareth LeiteA arte de Margareth (5)
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Foto: Margareth LeiteA arte de Margareth (6)
A arte de Margareth (6)

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