Pensar Piauí
Doutor em Antropologia

Arnaldo Eugênio

Doutor em Antropologia

Educação e criminalidade

Foto: ReproduçãoEducação
Educação

 

Embora haja muitos incrédulos, a atuação estratégica do Estado através de políticas públicas na área da educação, articuladas a outros setores – saúde, assistência social, esporte e lazer – tem possibilidade de contribuir para reduzir a violência e a criminalidade no médio e no longo prazo. Não é uma ação, de toda, simplista ou impossível, mas necessária.

Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA, 2016) mostra, por exemplo, que a educação é um mecanismo importante para o enfrentamento de assassinatos no Brasil. Segundo o estudo do IPEA, “para cada 1% a mais de jovens nas escolas, há uma diminuição de 2% na taxa de homicídios. Ou seja, existe uma relação direta entre educação e criminalidade, pois a cada 1% a mais de jovens entre 15 e 17 anos nas escolas, há uma diminuição de 2% na taxa de homicídios no Brasil”.

Outro estudo foi realizado por Kalinca Léia Becker, no programa de pós-graduação em Economia Aplicada, na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq). Ela analisou a relação entre a educação e a violência, tentando perceber como a educação pode contribuir para reduzir a violência e a criminalidade. Ou seja, como a atuação pública na área da educação poderia auxiliar na redução do crime no médio e no longo prazo, para otimizar o gasto público em educação na redução da taxa de homicídios.

Um levantamento realizado pela secretaria de Educação de Pernambuco, mostrou que menos de 3% dos indivíduos com mais de 12 anos de escolaridade se envolvem em crimes. Ou seja, quanto mais tempo os jovens permanecem dentro da escola, menor será tendência a cometer delitos.

Estes e outros estudos demonstram que a aprendizagem escolar acumula capital humano e, ao longo do ciclo de vida, promove melhores oportunidades, reduzindo a propensão à criminalidade. Isto significa que, a simples retenção do jovem na escola, o seu envolvimento com os estudos e atividades criativas podem diminuir as chances dele se envolver em crimes e atos violentos.

 A otimização dos gastos com a educação influem na redução da taxa de homicídios, pois, no ambiente escolar, existem vários fatores relacionados ao comportamento dos jovens – não necessariamente com um policiamento escolar –, que podem ser trabalhados para prevenir a manifestação de práticas de violência e de impulsividade juvenil.

A pesquisa de Kalinca Léia Becker comprovou a influência da educação na prevenção da violência e criminalidade: 1) “quando ocorre o investimento de 1% na educação, 0,1% do índice de criminalidade é reduzido”; 2) “as escolas com históricos de violência, como depredação do patrimônio, consumo de drogas, atuação de gangues etc., podem influenciar para frear a manifestação do comportamento agressivo dos alunos”.

Se considerarmos que a violência e a criminalidade se desenvolvem a partir de carências e ambições no âmbito da sociedade, aliada a fatores como o uso de drogas, o convívio social e o gênero psicológico, a educação, através de políticas públicas – incluindo a prática de meditação e de constelação sistêmica –, pode auxiliar à segurança pública na redução da violência e do criminalidade na vizinhança da escola, dos conflitos interpessoais e contribuir no controle da agressividade juvenil no espaço escolar.

Nesse sentido, o papel da escola é aprimorar os conhecimentos e as regras que os jovens trazem consigo, organizá-las e sistematizá-las, para que os mesmos percebam a necessidade e o sentido de suas trajetórias. Mas, é papel da família e da sociedade estimular e fiscalizar o cumprimento das regras de convivência social saudáveis tanto dentro quanto fora do ambiente das escolas e das famílias.

OBS: Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do pensarpiaui.

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