Pensar Piauí

Marcelo Castro na berlinda

Marcelo Castro na berlinda

Foto: GoogleMarcelo Castro na berlinda
Marcelo Castro na berlinda
Os piauienses (estimulados pela mídia local) sempre reclamaram da “falta de prestígio do Estado em Brasília”. Ter um piauiense ministro de Estado era, segundo essas vozes, um sinal de que o Piauí era visto e respeitado.
No final de 2015, Dilma nomeou o piauiense Marcelo Castro, Ministro da Saúde. Não foi para satisfazer o ego dos piauienses que clamavam por prestigio. Dilma o nomeou por questões políticas.
Marcelo Castro é deputado federal pelo PMDB e tem fortes influencias nesta agremiação que se acostumou a estar no governo seja qual for o Partido que esteja no comando do Executivo. E o PMDB não fica quietinho no governo. Ele quer cada vez mais espaços e negócios. E se estes não aparecerem....
Marcelo Castro chegou ao Ministério da Saúde num momento em que o Brasil enfrenta mais uma vez o mosquito Aedes aegypti que agora ameaça a nação não só com a transmissão da dengue mas de duas novas doenças. O mosquito transmite também a chikungunya e a zika.
Marcelo Castro atua como Ministro da Saúde, mas esta sendo acompanhado de perto pela mídia nacional. O Pensar Piauí destaca aqui três matérias de sites nacionais, publicadas ontem, dando conta da atuação do Ministro piauiense.
Contra falas de Marcelo Castro, Planalto atua para combater Aedes aegypti
Luis Nassif ON LINE 26/01/2016
Mais uma declaração do deputado federal licenciado e ministro da Saúde, Marcelo Castro, causou desconforto com o Palácio do Planalto. O indicado peemedebista no Executivo soma declarações polêmicas, que vem causando insatisfação junto a presidente Dilma Rousseff. Em sua última exposição, Castro disse que o Brasil "está perdendo feio" a batalha contra o mosquito Aedes aegypti e que o país enfrenta "uma das maiores crises de saúde pública da história", com o avanço da zika.
"Nós estamos há três décadas com o mosquito aqui no Brasil e estamos perdendo feio a batalha para o mosquito", afirmou, ao lembrar que o país registrou recorde de casos de dengue em 2015, com mais de 1,6 milhão de casos, disse, nesta segunda-feira (25).
Em dezembro do último ano, o ministro registrou uma das declarações mais desastradas sobre o tema. Para explicar que o vírus atacava mais as mulheres do que os homens, Castro encontrou a seguinte conclusão: "Eu percebo que os homens se protegem melhor do que as mulheres. As mulheres normalmente ficam com pernas de fora e quando usam calça comprida, não usam meia, usam sandália e os pés ficam descobertos. E o mosquito da dengue, segundo os estudiosos, é um tanto tímido, não é tao agressivo quanto pernilongo, que faz aquela zoada e pica a pessoa. Ele chega devagar e gosta das extremidades".
De outro lado, o Planalto tem buscado reforçar ações no combate ao mosquito, que além de transmitir a dengue, viu crescer nos últimos meses o número de Estados com circulação confirmada do vírus zika.
Logo após a declaração de que o país "perdia feio" para o mosquito, a presidente Dilma Rousseff se encontrou com o ministro para por fim ao aquecimento de suas declarações e apresentar saída de emergência ao problema de saúde pública. Após a reunião, anunciou que as Forças Armadas vão colocar 220 mil homens para visitar todos os domicílios do país e entregar panfletos, e o governo vai distribuir repelentes gratuitamente para 400 mil grávidas do Bolsa Família.
Para a organização da medida anunciada pela presidente Dilma, 19 órgãos e instituições federais se unirão. O plano de mobilização em escala nacional, em parceria com estados e municípios, é dividido em três eixos de ação: Mobilização e Combate ao Mosquito, Atendimento às Pessoas e Desenvolvimento Tecnológico, Educação e Pesquisa.
Para reforçar a orientação à população, realizarão trabalhos mais de 266 mil agentes comunitários de saúde, 6.188 profissionais das equipes de Atenção Domiciliar/Melhor em Casa, e cerca de 44 mil agentes de endemias para o controle do vetor e eliminação de criadouros. Além das equipes, as Forças Armadas e a Defesa Civil darão apoio logístico para transporte e distribuição de inseticidas e de profissionais de saúde. Os dois órgãos também vão atuar em visitas a residências para eliminação e controle do vetor, além de mobilizações de prevenção como mutirões.
Após a reunião com a presidente, Marcelo Castro tentou consertar a declaração: "Temos 30 anos de convivência com o mosquito do Aedes aegypti. Sem querer culpar ninguém, houve uma certa contemporização com o mosquito. Mas agora a situação é completamente diferente, porque, além da dengue, o mosquito está transmitindo a chicungunha e a zika. Não estou condenando ninguém, o fato é que o mosquito está convivendo conosco este tempo todo. E agora não podemos perder a batalha", tentou corrigir, completando que "a presidenta está tão ou mais preocupada do que eu".
Médicos Populares pedem a demissão do desastrado ministro da Saúde
VIOMUNDO 26/01/2016
A Rede Nacional de Médicas e Médicas Populares lançou nota hoje (26) em que pedem a destituição do atual ministro da Saúde Marcelo Castro. A nomeação do titular da pasta foi alvo de protesto desde outubro do ano passado, quando o médico e deputado federal piauiense pelo PMDB foi indicado para assumir o cargo, no lugar do também médico Arthur Chioro.
Um abaixo-assinado on-line reúne assinaturas para pedir à presidenta Dilma Rousseff que substitua Marcelo Castro:
Nas últimas semanas, a resistência dos movimentos pela reforma psiquiátrica à nomeação de Valencius Wurch como coordenador da Política de Saúde Mental – que já foi diretor de manicômio – e a epidemia do Zika vírus no Brasil fizeram crescer as críticas ao trabalho de Castro no ministério. “Passados poucos meses no comando da Saúde, o ministro demonstra claramente sua incapacidade técnica e política para exercer o cargo”, diz a nota da Rede.
Na avaliação dos médicos populares, “o SUS enfrenta problemas já crônicos de financiamento e gestão – agravados pela crise econômica que o país atravessa nos últimos anos”, e agora encara um ministro que “representa o atraso na política pública de saúde, tão arduamente conquistada pelo povo brasileiro na Constituição de 1988”.Segue a nota da íntegra:
Nota pública
Pela destituição do Ministro da Saúde Marcelo Castro!
Nós, profissionais de saúde, cidadãos e cidadãs abaixo-assinados, viemos por meio desta carta solicitar a imediata destituição do ministro da Saúde, o senhor Marcelo Castro.
Desde que assumiu o comando de uma das pastas de maior importância da área social, muitos já sabiam de sua baixa capacidade técnica para ocupar o cargo e que o ministério foi utilizado como moeda de troca nas negociações entre governo e parlamento.
Este fato não passou despercebido e várias entidades e movimentos da área da saúde denunciaram as possíveis consequências deste ato.
Passados poucos meses no comando da Saúde, o ministro demonstra claramente sua incapacidade técnica e política para exercer o cargo. Um dos maiores erros foi com a nomeação do coordenador da Política de Saúde Mental, Valencius Wurch.
O médico é conhecido na comunidade médica como defensor das instituições totais nos cuidados psiquiátricos – os antigos manicômios – e representa um retrocesso de décadas nas políticas públicas na área de saúde mental.
A indicação dele foi criticada por centenas de acadêmicos, movimentos sociais e milhares de trabalhadores e usuários de saúde no país, resultando numa imensa caravana à Brasília, ocupação do Ministério da Saúde e vários atos públicos nos est ados pedindo seu afastamento.
Sabe-se que Valencius foi indicação própria do ministro da Saúde, que tem fortes relações com o campo mais atrasado da comunidade científica da área de saúde mental.
Recentemente, com a epidemia do Zika vírus o senhor Marcelo Castro vem colecionando fatos a cada dia que nos deixam estarrecidos.
Primeiro com sua – agora célebre – frase de que iria “torcer para que as mulheres se infectem com o Zika antes de engravidar” e depois com a sua declaração de que o Brasil está perdendo a batalha contra o vírus, demonstrando sua total falta de comando e conhecimento para liderar a Saúde de nosso País.
Não é possível que diante de uma das mais graves epidemias que acomete o Povo Brasileiro seja esta a resposta do representante do governo.
O SUS enfrenta problemas já crônicos de financiamento e gestão – agravados pela crise econômica que o país atravessa nos últimos anos –, crescente precarização dos serviços públicos, privatização, escândalos envolvendo as organizações sociais em vários estados que tem ocasionado demissões em massa de trabalhadores de saúde, falta de medicamentos e tantos outros problemas que não caberiam nesta nota, para ter que lidar com o fato de ter um Ministro que representa o atraso na política pública de saúde, tão arduamente conquistada pelo povo brasileiro na Constituição de 1988.
Este é o resultado de envolver as políticas sociais em trocas fisiológicas em nome da governabilidade. Vários movimentos alertaram à Presidenta Dilma Rousseff sobre isto, mas a escolha foi de rifar a saúde, entregar para quem não tem compromisso com a Saúde do Povo Brasileiro.
Diante disso, exigimos que a Presidenta Dilma Rousseff destitua do cargo o atual Ministro da Saúde e nomeie um quadro com capacidade técnica e política para lidar com uma das maiores crises que passamos na saúde dos brasileiros e das brasileiras em várias décadas, que seja comprometido/a com o Sistema Público integral, equânime e universal e que deixe as práticas atrasadas e autoritárias de saúde mental num lugar de onde elas não devem sair jamais: nos livros de história, apenas para nos lembrar do que nunca mais repetir!
PS do Viomundo: Só um governo absolutamente desesperado para transformar a Saúde em moeda de troca e tirar um Chioro para escalar um Castro.
Marcelo Castro, ministro-espectador na Saúde
Brasil 247 26/01/2016
Num período histórico em que se denuncia a sociedade do espetáculo, pelo caráter essencialmente alienante, o ministro da Saúde, Marcelo Castro, está inovando para pior.
Pode ser definido como o ministro-espectador.
Este é o aspecto inaceitável de seu comportamento. Num país que aos poucos começa a tomar consciência da gravidade representada pelas novas doenças trazidas pelo aedes-egypt, ao se referir a uma epidemia de microcefalia o ministro antecipou que podemos produzir uma “geração de sequelados.”
Também disse que o Brasil está “perdendo feio” a batalha contra o aedes egypt. Não pode.
Como um general encarregado de mobilizar os exércitos para uma guerra, não lhe cabe usar o cargo para aceitar a derrota e espalhar o pessimismo. Chega a ser falta de respeito.
A sinceridade não é uma virtude frequente em autoridades de qualquer país.
Nós sabemos que as mentiras podem criar ilusões passageiras e pesadelos permanentes na vida pública.
Mas, antes de aplaudir a franqueza do ministro, a pergunta é saber qual sua serventia.
Ao conjugar o verbo na primeira pessoa do plural, o “nós”, que lhe permite dividir responsabilidades com 200 milhões de brasileiros, o ministro evita o pronome correto para uma autoridade na hora em que é preciso demonstrar sentido de responsabilidade e testar a própria competência – “eu.”
Define uma postura clara diante da situação – e trata de lavar as mãos, a melhor maneira de tentar deixar claro que nada tem a ver com isso.
Na melhor das hipóteses, Marcelo Castro cavou seu lugar na história do governo Dilma como o ministro do “eu não disse?”.

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