Pensar Piauí

Governo erra na comunicação, mas acerta ao interromper a farra das importações

O que tem ocorrido é uma fraude, fruto de uma estratégia deliberada de empresas estrangeiras, para buscar brechas nas regras de países como o Brasil

Foto: DivulgaçãoNão poderão mais fraudar o fisco

Por Luis Felipe Miguel, professor, no facebook 

O governo acerta ao mirar na importação das pessoas físicas.

O que tem ocorrido é uma fraude, fruto de uma estratégia deliberada de empresas estrangeiras, sobretudo chinesas, para buscar brechas nas regras de países como o Brasil.

A farra das importações por via postal significa uma perda significativa de arrecadação - a estimativa chega a cerca de R$ 14 bilhões anuais.

Significa também uma concorrência desleal com a produção nacional - que, essa sim, é obrigada a pagar impostos. O resultado é desquecimento da economia nacional e menos empregos.

O consumidor que paga barato por produtos (em geral de péssima qualidade, aliás) da Shein e de comércios similares acha que está ganhando por um lado, mas perde por outros. Afinal, ele é também o usuário dos serviços públicos e o desempregado ou subempregado.

A fase atual do capitalismo é marcado pelo aumento da concentração da riqueza. O poder de compra dos trabalhadores está aviltado. Para minorar a frustração gerada por este cenário, há uma aposta redobrada na superexploração de setores da mão de obra, gerando mercadorias mais baratas que mesmo os salários baixos conseguem comprar - o que Yanis Varoufakis chamou "efeito Walmart".

A sonegação de impostos é outra face do mesmo processo.

Ao se colocar contra essa lógica, o governo acerta. Tem errado, porém, na comunicação com o público. A declaração de Haddad de que não conhece a Shein porque só compra livro - "todo dia" - na Amazon, que só pode ter soado elitista e debochada, foi um tremendo equívoco. Um homem inteligente como ele devia evitar essas derrapadas.

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