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É o amor: cadeirante e bi, Ana Clara abre o coração (e o pai e a mãe também)

Ela tem Atrofia Muscular Espinhal (AME)

Foto: InstagramAna Clara
Ana Clara

Bissexual e cadeirante, Ana Clara Moniz, de 21 anos, usa suas redes sociais para mostrar que pessoas com deficiência também possuem sexualidade.

“Alguém pode colocar uma rampinha na porta do armário? porque eu quero sair dele oficialmente agora”, escreveu ela na rede social, num vídeo em que conta para seus pais que é bissexual.

Ela tem Atrofia Muscular Espinhal (AME).

Veja postagem dela no instagram:

"alguém pode colocar uma rampinha na porta do armário? pq eu quero sair dele oficialmente agora! ????.
eu nunca senti a necessidade de me assumir. na adolescência, me perguntavam sobre meus namoradinhos e eu pensava que, se eu não preciso falar que gosto de homens, eu também não preciso falar que gosto de mulher. eu queria que estivesse subentendido.
nunca escondi também. nunca falei sobre, pq não me sentia pronta, mas deixava q pensassem o que quisessem. a verdade é que não esperam que eu tenha uma sexualidade, apenas uma deficiência. mesmo que sejam coisas completamente diferentes, não me veem como uma pessoa que pode amar. muito menos que pode amar quem quiser.
o amor sempre esteve distante para alguém como eu, quase inalcançável em um prédio cheio de escadas. é como se ninguém acreditasse que seria possível - nem eu. mas ele chegou aqui. ser uma pessoa com deficiência e bissexual não é bem o que a sociedade espera. fazer parte de duas minorias não era bem o que eu planejava. pode ver como dois fardos a carregar, mas é quem eu sou - e minha cadeira aguenta esse peso!
as pessoas ao meu redor pegaram na minha mão e colocaram uma rampinha na porta do armário para que eu pudesse, finalmente, sair dele. e então, eu contei para meus pais. eu, que cresci em hospitais, dei oi pra morte algumas vezes e vivi situações difíceis muito nova e repetidas vezes, tive muito medo. posso dizer que foi, de longe, a coisa mais difícil que já fiz. isso tudo pq, a simples ideia de pessoas que eu amo não me aceitarem como sou, doía mais que qualquer coisa. e ainda dói.
quando contei pra minha mãe, ela me disse algo que me marcou: “filha, você já viveu coisas muito difíceis, já passou por muitos momentos ruins, mas agora chega disso. você merece viver coisas boas.” eu chorei. pude sentir o calor no coração nas palavras da minha mãe e no abraço do meu pai. pude sentir que está tudo bem ser eu. eu posso amar. o amor é para mim também.
hoje, dia do orgulho LGBTQIA+, exponho aqui pq quero que vocês saibam. e quero, também, gritar ao mundo que pessoas com deficiência têm sexualidade, mesmo que elas não possam falar sobre ainda. tá tudo bem ser quem você é. não tirem isso da gente."

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