Coincidência de nomes leva piauiense à prisão
Trata-se Cícero Marques da Silva, motorista e de Cícero Marques da Silva, agricultor rural

Essa é a história da triste coincidência de ter o mesmo nome de alguém que, no ano de 2004, era motorista de uma empresa agroindustrial e transportou sem nota fiscal e desviando dos postos de fiscalização - conforme ordem do seu patrão - 15 mil litros de aguardente de cana a granel, do povoado Nova Aurora em Matões-MA, para um depósito clandestino no Parque Mão Santa, bairro Planalto Uruguai, em Teresina-PI.
Estamos falando de Cícero Marques da Silva, motorista e de Cícero Marques da Silva, agricultor rural
Na época, a fiscalização itinerante da Secretaria de Fazenda do Piauí constatou que no depósito de Teresina havia mais 2058 litros de aguardente de cana a granel, também desprovidos de nota fiscal.
A denúncia, formulada pelo Ministério Público ao Juiz de Direito da 4ª Vara Criminal de Teresina, foi pelo crime de sonegação fiscal contra Gilberto Tenório e Salomé Tenório, proprietários da empresa Agro Industrial Nova Aurora Ltda; José Maria Gomes Desidério, proprietário do depósito clandestino; e Cícero Marques da Silva, brasileiro, natural de Santa Luzia-MA, casado, motorista da Fazenda Nova Aurora, residente em Matões-PI.
Semana passada, quando o senhor Cícero Marques da Silva, agricultor rural piauiense, pai de família, secretário geral do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de União, chegou em casa, havia uma intimação policial. "Como eu não devia nada à Justiça ou à Polícia, levei logo para o delegado para saber do que se tratava. Quando chego lá, mostrei e ele me apresentou o processo. Eu disse que não tinha nada a ver com aquilo e que ia procurar meu advogado para resolver esse problema. Foi quando ele me disse que eu não poderia mais sair dalí, que ligasse para o meu advogado porque eu já estava preso", relata.
Era cerca de onze horas da manhã. "Isso me deixou muito pra baixo. Ainda hoje não me recuperei e imediatamente fui levado para a Central de Flagrantes, em Teresina. Me jogaram junto com os bandidos que já estavam lá, num lugar horrível", conta ele, relatando todo o constrangimento a que foi submetido até as 20h da noite daquele mesmo dia, quando conseguiu ser liberado com a intervenção de advogados. "Um constragimento enorme pra mim e para toda minha família. O pior de tudo é agora saber que muita gente esta dizendo que eu fui preso porque estava devendo ou roubando, tantas conversas de pessoas que não querem o bem pra ninguém e estão fazendo um inferno na nossa comunidade", conta, ainda assustado com a situação.
E a história não termina aqui para os dois Silvas. O crime prescreveu em 2018 para todos os envolvidos, exceto para o então motorista, que agiu confirmou ordens dos patrões, mas que desde o início vem se esquivando da Justiça. “O Ministério Público pediu a suspensão da prescrição do motorista porque ele vem se furtando a responder esse processo, vem se escondendo. Então foi pedida a suspensão e, depois, a prisão do motorista. E aí ocorreu esse erro do judiciário”, explica o advogado João Victor, que agora deve entrar com um pedido de indenização contra o Estado a favor do Cícero, agricultor rural Piauiense.
Quanto à culpabilidade ou não do motorista Cícero, de Matões-MA, cabe a ele fazer sua defesa no processo. “Talvez por medo, receio por ser o elo mais fraco da relação ou falta de informação, ele vem se escondendo. O crime, portanto, prescreveu para os demais e não para ele, que continua sendo procurado pela justiça. É mais um Silva da vida”, observa o advogado.
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