Bolsonaro é indiciado mais uma vez pela Polícia Federal
PF conclui investigação da "Abin Paralela" e indicia Bolsonaro por espionagem ilegal

A Polícia Federal concluiu e encaminhou ao Supremo Tribunal Federal (STF) o relatório final da investigação sobre o uso ilegal de ferramentas de geolocalização pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin), no caso conhecido como “Abin Paralela”. As informações são do Infomoney.
Entre os indiciados estão o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor da Abin, e o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ). Segundo a PF, a estrutura da Abin foi utilizada de forma clandestina para monitorar opositores políticos, autoridades públicas, jornalistas e membros do Judiciário. As ordens para essas ações teriam partido do próprio ex-presidente.
De acordo com o relatório, o objetivo do esquema era garantir a permanência de Bolsonaro no poder, especialmente durante o período eleitoral de 2022. A PF concluiu que a agência foi instrumentalizada como aparato de vigilância política, fora dos limites legais.
Além dessa investigação, Jair Bolsonaro responde a outros dois inquéritos em andamento no STF:
1. Venda ilegal de joias sauditas – Em andamento
A PF investiga o desvio de joias valiosas recebidas por representantes do governo brasileiro como presentes de autoridades da Arábia Saudita. Os itens deveriam ter sido incorporados ao patrimônio público, conforme a legislação vigente. Parte dessas joias foi levada de forma irregular aos Estados Unidos e vendida a colecionadores.
Bolsonaro foi indiciado por associação criminosa, lavagem de dinheiro e apropriação de bens públicos. A investigação também revelou movimentações financeiras suspeitas e a atuação de aliados do ex-presidente na tentativa de ocultar a origem dos valores e dividir os lucros obtidos. O caso está sob análise da Procuradoria-Geral da República (PGR), que ainda não emitiu parecer conclusivo.
2. Tentativa de golpe de Estado – Em andamento
Este é o inquérito mais extenso e envolve Bolsonaro e outros 36 investigados. A apuração trata de uma suposta tentativa de impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva após as eleições de 2022. Foram identificadas articulações dentro do governo, elaboração de minutas golpistas, ataques ao sistema eleitoral e tentativas de envolver as Forças Armadas em uma ruptura institucional.
Segundo a PF, Bolsonaro coordenava diretamente um núcleo responsável por essas ações. E-mails, registros de celular e o depoimento de Mauro Cid revelaram planos que incluíam a prisão de ministros do STF e do TSE e a decretação de estado de sítio.
O processo está em fase final. O ministro Alexandre de Moraes já abriu prazo para as manifestações das defesas, e o julgamento pela Primeira Turma do STF deve ocorrer ainda no segundo semestre de 2025.
3. Fraude em certificado de vacinação – Arquivado
A investigação apurou se Bolsonaro e aliados falsificaram certificados de vacinação contra a Covid-19 para burlar exigências sanitárias. A PF havia indiciado o ex-presidente, Mauro Cid e outros por associação criminosa e inserção de dados falsos no sistema do Ministério da Saúde. A denúncia ganhou destaque após a revelação de que Bolsonaro teria usado um certificado falso para entrar nos EUA em 2022.
Em março de 2025, o ministro Alexandre de Moraes arquivou o caso, atendendo a pedido da PGR, que considerou as provas insuficientes — baseadas apenas na delação de Mauro Cid. O processo poderá ser reaberto se surgirem novos elementos.
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