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“Bolsonaro não trabalha. Estamos sustentando vagabundos”, diz Cynara Menezes

Jornalista foi dura ao comentar sobre a postura de Jair Bolsonaro, que trabalha menos de 5 horas por dia, segundo levantamento

Foto: Montagem pensarpiauíBolsonaro nada faz

A jornalista Cynara Menezes, em entrevista à TV 247, criticou duramente a postura de Jair Bolsonaro, que, com um país em crise nas mãos, se dá ao luxo de trabalhar poucas horas por dia. Levantamento da Carta Capital realizado em julho, mês em que o país ultrapassou 500.000 mortes pela Covid, mostra que o chefe de governo dedicou apenas 83 horas e 25 minutos ao trabalho (a jornada média do brasileiro é 220 horas mensais).

Para Cynara, as ameaças golpistas de Bolsonaro servem justamente para esconder o fato de que ele “é ruim de serviço”. “A gente está desde janeiro sob a ameaça de um golpe no Brasil, é dia e noite. Uma hora é golpe, outra é o voto impresso, ele só fala nisso. E isso serve como uma cortina de fumaça para as pessoas não perceberem que o Bolsonaro não faz nada, que ele é ruim de serviço, que ele continua sendo o mesmo inútil da época do Congresso. Desafio algum bolsonarista a dizer alguma grande obra do Bolsonaro. O que é que ele fez nesses dois anos e meio que ele está no poder? Inaugurou obras que eram do PT, mudou o nome de projetos que eram do PT, o Minha Casa Minha Vida, o Bolsa Família. O Bolsonaro não faz nada”, questionou. 

“Ele fica só fazendo selfie, andando de moto, prometendo golpe, falando no cercadinho”, acrescentou ainda. “O Bolsonaro fica falando dessa história de golpe não só para amedrontar a gente, é para as pessoas não perceberem que ele não trabalha, ele não faz nada. A gente está sustentando um bando de inúteis, fãs da ditadura, um bando de gente que não trabalha”, condenou. 

Outros nomes, como Eduardo Pazuello, Walter Braga Netto e o general Heleno, lembra a jornalista, não são nada melhores. “O que é que o Pazuello fez no Ministério da Saúde? O que é que o Braga Netto faz no governo? O que é que o general Heleno faz? Tudo um bando de vagabundo que não faz nada. Eles ameaçam a gente de golpe para o povo não perceber que eles são uns vagabundos, vagais, caras que não fazem nada”, completou. 

E ainda em seu blog Socialista Morena, Cynara Menezes escreveu sobre o assunto: 

No mês passado, em uma das suas falas no “cercadinho”, nome bem adequado ao propósito de alimentar o gado, Jair Bolsonaro justificou que estava ali porque sua agenda “estava meio folgada”. O presidente do Brasil passou 50 minutos espalhando as habituais fake news e jogando conversa fora com seus apoiadores mais fanáticos enquanto o resto do país lamentava a fome, os quase 15 milhões de desempregados, o botijão de gás a 130 reais e as centenas de milhares de mortos pela Covid-19.

No mês passado, a revista Carta Capital fez um levantamento a partir da agenda oficial do presidente e descobriu que, em junho, quando o Brasil ultrapassou os 500 mil mortos por Covid-19, Bolsonaro dedicou só 83 horas e 25 minutos ao trabalho, menos de três horas de trabalho por dia, descontadas as horas de deslocamento, calculadas em cerca de 31 horas e 8 minutos no mês. Durante 8 dias, o presidente não teve nenhum compromisso na agenda oficial. Entre os dias 3 e 6 de junho, Bolsonaro contabilizou zero horas trabalhadas –enquanto o trabalhador comum enfrenta uma jornada de 220 horas mensais em média.

Desde os tempos do Exército, de onde saiu corrido, sem nenhuma honra, que Jair Bolsonaro não tem exatamente um currículo de serviços prestados à Nação. No Congresso Nacional, a fama de preguiçoso, de que não gosta de pegar no batente, o precede: em 27 anos como deputado federal, nunca presidiu ou foi relator de nenhuma comissão; e teve apenas dois projetos aprovados neste meio tempo, uma proposta que estende o benefício de isenção do IPI (Imposto sobre Produto Industrializado) para produtos de informática e outro que autoriza o uso da chamada fosfoetanolamina sintética, a “pílula do câncer”, cujo registro foi negado pela Anvisa.

Ora, qual foi a grande obra de Bolsonaro desde que assumiu a presidência, dois anos e meio atrás? Fora o fim do horário de verão, não consigo lembrar de nenhuma. A gestão da pandemia foi um desastre que resultou no morticínio de quase 600 mil até agora; o descalabro ambiental, então, nem se fala. O presidente eleito com a promessa de “nova política” inaugurou obras do governo de Dilma Rousseff ou que já estavam 94% prontas; mudou o nome de programas que foram criados pelos petistas, como o Minha Casa Minha Vida (para “Casa Verde e Amarela”) e Bolsa Família (para “Auxílio Brasil”) –e mais nada. Auxílio emergencial? Lei Aldir Blanc? Projetos da oposição.

Quando não está tirando selfies ou andando de motocicleta, Bolsonaro se dedica noite e dia não ao trabalho duro de líder máximo de uma nação com 211 milhões de habitantes, mas a ameaçar o Brasil e os brasileiros com um golpe de Estado, uma nova ditadura militar como a que tanto preza. Ele e seus milicos de estimação não se cansam de repetir que uma intervenção pode ocorrer a qualquer momento e sob qualquer justificativa. Seu principal conselheiro, o general de pijamas Augusto Heleno, deixou isso claro em entrevista à rádio Jovem Pan, espécie de assessoria de imprensa do bolsonarismo.

Com os dentes arreganhados, a besta-fera verde oliva ataca ministros do Supremo e coloca a sucata militar para desfilar na Esplanada com o intuito de amedrontar o povo e intimidar a oposição. A justificativa atual é o voto “impresso e auditável”, uma fake news que ele tem usado como chantagem para nos manter reféns dos seus delírios autoritários. Se não funcionar, inventará outras.

Desconfio que, no fundo, as ameaças de golpe de Bolsonaro servem para esconder a paralisia do seu governo; são uma cortina de fumaça para que o povo não perceba que o presidente não trabalha, que é ruim de serviço, que continua a ser o mesmo inútil da época do Congresso Nacional. Falando em golpe diuturnamente, Bolsonaro distrai a imprensa e os brasileiros da realidade de que seu governo não tem nem uma só realização. É medíocre, insignificante. Não fosse pelas ameaças de golpe, quem saberia que Bolsonaro é presidente?

Lembram do slogan do Lula quando era vilipendiado de forma sistemática pela mídia comercial, “deixa o homem trabalhar”? É o tipo de coisa que jamais caberia em Bolsonaro. Só se fosse “deixa o homem coçar”.

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