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Ativismo digital: o que é?

O surgimento da internet fez com que as pessoas se vissem muito mais envolvidas na comunicação

Foto: DivulgaçãoAtivismo digital
Ativismo digital

 


 
Há alguns anos, o surgimento da internet fez com que as pessoas se vissem muito mais envolvidas na comunicação. E, nos últimos tempos, as redes sociais influenciaram fortemente o contexto da própria sociedade.

Atualmente é muito fácil para qualquer pessoa se engajar em uma causa no mundo digital. Basta ter um perfil nas redes sociais para compartilhar posicionamentos, utilizar hashtags e assinar petições.

Nesse sentido, as transformações políticas em todo o mundo são diretamente afetadas justamente pelas opiniões emitidas pelo público no ambiente virtual. Nos últimos anos, os agentes políticos também vêm utilizando esse tipo de meio de comunicação para influenciar fenômenos sociais, como eleições.

No ano de 2010, cidadãos de vários países do Oriente Médio foram para as ruas protestar contra os respectivos governos e regimes políticos. Passeatas foram divulgadas em redes como Facebook e Twitter, expandindo-se exponencialmente até o ponto em que se tornaram movimentos internacionais.

Essa revolução, conhecida como Primavera Árabe, teve como principal impulso o ativismo nas redes sociais. Sem esse meio de comunicação, dificilmente as pessoas teriam tido acesso à informação, de modo que as manifestações seriam mais esvaziadas.

Outro importante momento de ativismo online aconteceu no ano de 2013, aqui mesmo no Brasil. Muitas pessoas foram às ruas protestar contra o governo da época, inicialmente questionando o acréscimo nas passagens do transporte público. Por conta da influência das redes sociais, as pessoas passaram a se informar e transformaram essas manifestações em algo sem uma liderança específica, agregando sentimentos de insatisfação generalizados.

Redes sociais e o ativismo online

Como citamos anteriormente, vários movimentos lançaram mão das redes sociais como plataformas de disseminação de informações sobre protestos, manifestações e organizações populares.

A já citada Primavera Árabe, por exemplo, envolveu principalmente as nações da Líbia, Tunísia, Iêmen e Egito. Utilizava a organização de eventos em plataformas como Facebook, Twitter e YouTube, por meio das quais o povo (dentro e fora do país) se informava das repercussões e locais e horários dos protestos. Isso foi particularmente muito importante, uma vez que a maioria dos veículos tradicionais de imprensa eram censurados, como as redes de televisão e rádio.

Mais recentemente, em 2016, os Estados Unidos observaram a utilização negativa das redes sociais como uma forma de ativismo online. O até então candidato à presidência, Donald Trump, contou com o auxílio de centenas de páginas conservadoras no Facebook. Trump e as páginas cresceram exponencialmente ao utilizar táticas de disseminação de notícias falsas, as famosas fake news.

Uma infinidade de notícias a favor (mas nem sempre verdadeiras) sobre Donald Trump inundaram a internet, em conjunto com teorias da conspiração sobre sua adversária, Hillary Clinton.

A eleição presidencial dos Estados Unidos foi fortemente influenciada por esse ativismo.
Em 2018, o Brasil passa por um momento semelhante. As eleições presidenciais sofrem forte influência da disseminação de notícias falsas nas redes sociais, principalmente em grupos de WhatsApp e Facebook. Com isso, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) se viu na posição de tomar medidas para precaver esse tipo de ação. 

Grupos de ativismo online

Vários grupos organizados ganharam destaque justamente por seu ativismo online. No exterior, os grupos Anonymous e LulzSec atuaram principalmente ao atacar organizações governamentais contra estratégias de abuso de autoridade e desinformação. Da mesma maneira, surgiu o WikiLeaks, plataforma de vazamento de documentos sobre operações governamentais antidemocráticas.

No Brasil, destaca-se o surgimento do Movimento Brasil Livre (MBL), grupo de alinhamento político de direita que atuou fortemente no impeachment de Dilma Rousseff, utilizando táticas semelhantes às de Donald Trump na eleição de 2016. Atualmente, vários membros do MBL lançaram candidaturas a cargos públicos.

Ativismo nas redes sociais e democracia

A possibilidade de livre manifestação trazida pelas redes sociais é um importante fruto do sistema democrático. Se hoje é possível emitir as mais variadas opiniões na internet, isso se deve à reconquista da democracia, após o período de Ditadura Militar no Brasil.

Durante o Estado Novo de Getúlio Vargas, o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) era responsável pela censura e manipulação das informações a serem divulgadas pela imprensa. O mesmo se repetiu durante o Golpe Militar, com o Serviço Nacional de Informações (SNI) e o Departamento de Ordem Política e Social (DOPS), que regulavam a imprensa e até mesmo a livre expressão dos cidadãos.

Portanto, podemos observar que o atual processo de ativismo nas redes sociais é a maior expressão de liberdade democrática dos dias de hoje. Afinal de contas, qualquer cidadão é capaz de se posicionar e emitir suas opiniões livremente.


 

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