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As ameaças de um projeto à deriva

Bolsonaro e seu clã tentarão tudo, até mesmo destruir completamente a democracia brasileira, se sentirem que seu projeto vai para o espaço.

Foto: google imagensGustavo Bebianno, traído por Bolsonaro, revelou sobre as intrigas do Planalto
Gustavo Bebianno, traído por Bolsonaro, revelou sobre as intrigas do Planalto

Inseguro, inconfiável, desconfiado de tudo e todos, com mania de ver teoria da conspiração em tudo, contra si, seu clã e seus interesses, acuado, magoado, mal acompanhado e aconselhado. Esse é o perfil do presidente Jair Bolsonaro, traçado, de maneira clara e detalhada, pelo seu ex-secretário-geral da Presidência da República, com status de ministro, Gustavo Bebianno. Demitido no dia 18 de fevereiro deste ano, ele, que era o braço direito de Bolsonaro durante a campanha e pré-campanha de 2018, caiu, sem piedade.

As circunstâncias da saída do advogado foram constrangedoras, todo mundo lembra. Antes de cair, Bebianno foi massacrado pelo próprio presidente e seu filho, o vereador da capital Rio de Janeiro, Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), o 02, também conhecido como “Carluxo”. Bebianno foi submetido a um terrível processo de fritura, intra-palaciana, e humilhação pública, por parte de seus algozes, sobretudo o próprio presidente, a quem serviu com reconhecida fidelidade e competência.

Em entrevista concedida ao jornalista Fábio Pannunzio, para o canal TV Giramundo, no YouTube, o advogado desnudou o presidente, a forma com que se comporta e as intrigas que assolam o Palácio do Planalto. É muito, mas muito pior do que se imaginava, entre os pobres mortais que integram a população brasileira. Sabia-se que é algo muito ruim, tenebroso, a imprensa já noticiara, várias vezes, a existência do “Gabinete do Ódio”, funcionando no 3º andar do Palácio do Planalto, ao lado do gabinete de Bolsonaro.

Gabinete do Ódio

Mas, diante das revelações de bastidores, feitas por Bebianno, agora se sabe que é muito mais sinistro e envolve diretamente o clã presidencial, cujas relações esgarçadas esgarçam o governo. O tal “Gabinete do Ódio” é comandado oficiosamente por Carluxo, que se ausenta com frequência da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, para onde foi eleito pelo povo. O “gabinete” é visto como uma “usina” de fakenews, atuando para destruir reputações de inimigos, jornalistas e de quem está no próprio governo.

De lá, teriam saído também conteúdos antidemocráticos, totalitários, que atentam contra o estado democrático de direito, as instituições, a liberdade de expressão, etc. São informações replicadas em escala, por milhões de bolsonaristas espalhados pelos quatro cantos do País, através das redes sociais, sobretudo o whatsapp. Na entrevista bombástica de Bebianno fica nítido o tipo de influência doentia que o 02 exerce sobre o pai – e vice-versa –, e, o que é mais assombroso, de que maneira os destinos do Brasil são conduzidos.

A entrevista expõe o caráter mais delicado desse explosivo coquetel de intrigas, ódio, medo, ambição pelo poder, confusão mental, desequilíbrio psicológico... O País corre perigo, pois, Bolsonaro, tragado por esse turbilhão político-ideológico-familiar, pode tentar uma ruptura institucional, para se perpetuar no poder, que não cogita desapegar, de maneira nenhuma. Depois de ter provado do gostinho, Bolsonaro e seu clã tentarão tudo, até mesmo destruir completamente a democracia brasileira, se sentirem que seu projeto vai para o espaço.

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