Política

A última cartada de Malafaia: ser preso!

Caso saia vitorioso em seu intento, a chance de Malafaia ser visto como um “cristão perseguido” é enorme


Foto: Montagem Pensar PiauíSilas Malafaia
Silas Malafaia

Por  Zé Barbosa Junior, teólogo e escritor, na Forum

Aposto com quem quiser: Malafaia dorme e acorda desejando uma única coisa nos últimos meses: ser preso! Posso até imaginar que, nos sonhos de Silas, o empresário da fé, não são as nuvens e as ruas de ouro que aparecem, mas as algemas, grades e seu uniforme de presidiário. A figura de Xandão deve permear o inconsciente do “pastor do ódio” de tal forma que a simples menção do nome “Alexandre de Moraes” deve causar arrepios, tremores e outras coisas mais.

O plano de Malafaia é simples e absurdamente claro: ser preso, custe o que custar. Todos os vídeos do Malafaia, desde que os terroristas do 08 de janeiro foram presos, são provocações abertas a Alexandre de Moraes, inclusive com falas rasgadas do tipo “podem mandar me prender, eu não tenho medo de ditador”. “Assim como a corça suspira pelas águas, Malafaia suspira pela prisão” poderia ser o início do Salmo 171 da Bíblia do Cristofascismo brasileiro.

O motivo para tudo isso é bem simples: Malafaia é, cada vez mais, um pastor em descrédito e vem perdendo fiéis na sua empresa eclesiástica “Assembleia de Deus Vitória em Cristo” e, consequentemente, dinheiro, o verdadeiro deus de Malafaia. A face sempre iracunda, o jeito agressivo de falar e o linguajar chulo, que antes aparentavam um pregador entusiasmado, provocador e “popular” já são vistas por muitas pessoas como características que não condizem com um “servo do Senhor”, e a intensa atividade política em atos pró-Bolsonaro afastou muita gente do “centrão evangélico” (que ainda é a maior fatia do mercado gospel).

Mala, então, dá seus últimos suspiros e gritos na tentativa de emplacar um discurso de perseguição que possa salvá-lo financeiramente e, quem sabe, no imaginário popular, já que a lógica da perseguição é um tema que “cola” fácil no meio evangélico e arrebata mentes e corações para defender os “mártires da fé”, que é exatamente a imagem que ele procura passar para o seu rebanho: um “homem de Deus” que está sendo perseguido por sua intrepidez em defender os valores morais e espirituais de uma nação. O golpe taí. Cai quem quer.

Caso saia vitorioso em seu intento, a chance de Malafaia ser visto como um “cristão perseguido” é enorme e a cada dia que isso não acontece, aumenta o desespero e o tom para que essa prisão aconteça. Esta semana foi revelado que o trio elétrico do próximo ato de Bolsonaro será bancado pela “Associação Vitória em Cristo”, que é hoje a principal empresa de Malafaia, desde que a sua editora, a Central Gospel, entrou em Recuperação Judicial por conta das enormes dívidas que acumulava. 

Essa é, até o momento, a maior aposta de Malafaia para ser preso: bancar um ato que, sendo considerado anti-democrático e golpista, possa levar à prisão os seus organizadores, como foi no 08 de Janeiro. O pastor investe pesado então para ser identificado como um golpista, alardeando aos quatro ventos o fato de bancar a estrutura do evento, para que isso o leve à prisão. Não nos enganemos: Malafaia não descansará enquanto essa prisão não acontecer. 

E esta noite, mais uma vez, sonhará com isso...

Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião do Pensar Piauí

Deixe sua opinião: