Pensar Piauí

A pior seleção brasileira de todos os tempos

O técnico deve ser isento de culpa por não ter grandes jogadores à disposição

Foto: DivulgaçãoSeleção brasileira de futebol
Seleção brasileira de futebol

Por Ricardo Nêggo Tom. cantor e compositor, no 247 

O futebol brasileiro, pentacampeão mundial de futebol e celeiro de craques como Pelé, Garrincha, Romário, Ronaldo, entre tantos outros, amarga um momento nunca antes vivido em sua história. Sob o comando do interino e também técnico do Fluminense, Fernando Diniz, a seleção acumulou a sua terceira derrota seguida nas eliminatórias visando a copa do mundo de 2026. Um feito inédito, que superou negativamente a derrota para o Uruguai, que, até então, era a pior sequência do Brasil na competição. Acrescentemos a isso o fato de que só em 2023, a seleção levou mais gols do que nos anos de 2020, 2021 e 2022 somados. O que ilustra a bagunça organizada pela CBF, sobretudo, na pessoa do seu atual presidente, Ednaldo Rodrigues, no comando do futebol nacional. 

A pancadaria que se originou antes do início da partida, protagonizada pelos torcedores de ambas as seleções, também evidencia, além do despreparo da Polícia Militar do Rio de Janeiro, a falta de bom senso dos responsáveis pela partida que permitiram que brasileiros e argentinos assistissem ao jogo em setores mistos do estádio do Maracanã. As imagens dantescas que estão correndo o mundo, mostram parentes de jogadores argentinos que assistiam ao jogo no setor onde teve início a confusão, apanhando da polícia brasileira. Uma ode à barbárie sob a alcunha de futebol. Uma sensação de que o efeito Javier Milei adentrou o Maracanã com uma motosserra em punho, fazendo com que o esporte mais apaixonante do mundo rompesse relações com a civilidade.

Sobre o jogo dentro das quatro linhas, pouco a dizer e a apreciar. De um lado, a atual campeã do mundo jogava praticamente com o mesmo time que conquistou a Copa do Catar e apresentava o mesmo futebol questionável que apresentou na competição em que se sagrou campeã. Do outro, uma seleção que nem de longe honra a tradição do futebol que mais vezes conquistou a copa do mundo. Do goleiro ao ponta esquerda, o time brasileiro é fraco, sem brilho, sem personalidade, sem liderança e sem futebol. Justiça seja feita ao antecessor de Diniz no comando de praticamente 80 por cento dos jogadores que estavam em campo contra a Argentina. Tite conseguiu fazer esses jogadores renderem o que eles não tinham tanto para render e, por um momento de loucura, a mesma que acometeu parte da torcida que saiu na porrada antes do jogo, fez alguns acreditarem que poderíamos ganhar uma copa do mundo com Alisson no gol, Marquinhos na zaga e Raphinha no ataque. Não era mesmo possível.

Para se ter uma ideia do quanto a atual seleção brasileira é ruim, durante a coletiva após o jogo o técnico argentino Lionel Scaloni, atual campeão do mundo com essa mesma seleção, colocou em dúvida a sua permanência no cargo por considerar que a seleção do seu país precisa de um treinador que possa entregar mais do que ele. Por outro lado, a CBF, mesmo com o fiasco do Brasil na última copa, escolheu Ramon Menezes para iniciar o processo de transição após a era Tite. Para piorar, colocou Fernando Diniz como interino até a suposta chegada do italiano Carlo Ancelotti, deixando claro a sua falta de planejamento e de respeito pela história do futebol brasileiro. Não que Diniz seja um mal técnico, mas ele ainda não é técnico para a seleção brasileira. O seu estilo de jogo requer tempo de treinamento, algo que ele não terá treinando jogadores que, além de serem fracos, se apresentam uma semana antes dos jogos, o que não permite adquirir entrosamento.

Uma prova de que Diniz não pode ser técnico da seleção, foi a substituição feita por ele quando o Brasil já perdia o jogo por 1x0, quando ele colocou em campo o volante Joelinton que, na verdade, nem deveria ter sido convocado porque não joga nada, e tirou o zagueiro Gabriel Magalhães que também não joga nada. Os laterais da seleção foram Emerson Royal e Carlos Augusto, que também não jogam absolutamente nada. E eu pergunto: Marcos Rocha do Palmeiras e Guilherme Arana do Atlético-MG jogam menos do que os dois? Sigo os meus questionamentos querendo entender que diabos Gabriel Jesus e Raphinha ainda fazem na seleção. Quem obriga que alguns jogadores sem a menor condição de vestirem a histórica amarelinha sejam constantemente convocados? Alguém acredita mesmo que Raphael Veiga pode jogar na seleção o que ele rende no Palmeiras? E Douglas Luiz, Pepê e João Pedro? Quem explica? Esses jogadores têm condições de representar o futebol brasileiro?

Esquema tático é outra coisa que inexiste na seleção de Diniz. Até porque, se não tem grandes jogadores, não há esquema tático que faça essa seleção jogar. A safra está muito aquém da tradição do nosso futebol. O que me faz isentar Fernando Diniz de total responsabilidade sobre a tragédia que o futebol brasileiro se tornou. O principal responsável se chama Ednaldo Rodrigues, um dirigente que me lembra os dirigentes que comandavam o Flamengo da década de 2000, onde um técnico era anunciado a cada três meses diante do fracasso do time. Não me assustarei se o presidente da CBF anunciar o Seu Valdemar como o próximo técnico da seleção, quando todos aguardam ansiosamente por Carlo Ancelotti. Aliás, uma aposta arriscada demais, visto que o seu estilo de jogo nada tem a ver com a essência do nosso futebol. Um técnico, em que pese os inúmeros títulos conquistados pelos clubes onde passou, não costuma montar os seus times para impor o seu jogo ao adversário.

Para piorar, o atacante Gabriel Jesus deu uma entrevista após a derrota para os argentinos dizendo que fazer gol não é o seu ponto forte. Como se nós ainda não tivéssemos percebido isso nas duas últimas copas do mundo que ele disputou. Se um atacante confessa que não sabe fazer gol, o que ele pretende jogando futebol? A nossa sorte é que o número de vagas para a próxima copa aumentou e apenas um apocalipse futebolístico fará com que o Brasil, única seleção que participou de todas as edições do mundial, fique de fora da próxima. Mas é bom que estejamos atentos, porque com esses jogadores, o fim do mundo para o nosso futebol é logo ali. E também não esperem que Neymar ainda faça alguma diferença com a camisa amarelinha, porque ele não fará. Foram 3 copas e 3 fiascos. Três participações bem abaixo do que se poderia esperar do mimado craque brasileiro. Um eterno menino que se recusa a virar um homem dentro de campo e assumir a responsabilidade por ser o jogador mais badalado do atual grupo. Uma pena! Tecnicamente, um grande jogador. Mas nunca será ídolo da torcida brasileira porque se comporta feito um moleque deslumbrado, apesar dos 31 anos de idade, e não possui nenhuma identificação com o povo que verdadeiramente ama o futebol. E quem nessa atual seleção possui? 

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