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180 graus: triste história de decadência dos folguedos nos bairros da capital

180 graus: triste história de decadência dos folguedos nos bairros da capital

Por: Fabíola Lemos. Professora e Socióloga
Os festejos juninos de bairro que, tanto marcaram a história de Teresina, estão agora com os dias contados.
Nossa cidade, formada por um povo de interior, vive um franco processo de apartação de suas origens rurais.
Não bastasse a ação colonizadora da modernidade, reforçadora da referência de urbanidade - civilidade, eis que surge a prefeitura de Teresina para dar sua "singela" contribuição.
A cobrança de taxas para os barraqueiros e barraqueiras, é a mais nova política de desincentivo à cultura efetivada por essa gestão municipal.
O tradicional festejo da comunidade da Água Mineral, que há 32 anos resiste enquanto espaço de cultura popular, vive hoje um encolhimento considerável por conta das taxas de energia elétrica e licenciamento que dificultam a manutenção das barracas.
Não há incentivo publico para os grupos folclóricos locais que acabam por diminuir suas participações a cada ano, migrando para os espaços de cultura comercial.
Poti Velho, Santa Maria, Água Mineral e tantas outras comunidades, sentem hoje, a diminuição vertiginosa da tradição dos folguedos nos bairros.
Folclore agora é assunto de mercado. Quanto àquele céu de Gonzagão, já não o vemos tão lindo. Em nossa cidade sem alma, o balão multicor vai sumindo, em meio aos balões publicitários.
Entre vip, music e mix assistimos a desestruturação sistemática da cultura popular e todo seu potencial de subversão.
Ao futuro, legaremos a vergonha da falta de referência e originalidade, em uma cidade autoritária e sem representatividade popular.

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