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Piauiense

Oscar de Barros

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Histórias de Bocaina e Picos

O texto a seguir foi publicado em 19 de março de 2014 por Firmino Libório Leal no facebook. 

Firmino é piauiense de Bocaina, mas hoje está radicado em Conquista, Minas Gerais. Ele escreveu sobre os 60 anos de casamento de seus genitores Pedro Libório Leal & Maria Aparecida Leal. Acompanhe:

Foto: DivulgaçãoPedro Libório Leal e Maria Aparecida Leal
Pedro Libório Leal e Maria Aparecida Leal

Dia 19 de março do recuado ano de 1954, às 10 horas da manhã, na histórica Igreja de Nossa Senhora da Conceição em Bocaina, PI, se casaram Pedro Libório Leal e Maria Aparecida Leal. Como celebrante, o lendário e emblemático padre José Inácio de Jesus Madeira.

Os primeiros anos foram de muitas dificuldades, porém, o jovem casal mantinha-se, cheio de esperanças: ele com 19 anos, ela com 16. Primeiro, tiveram como moradia o velho casarão da família, situado à Praça Antônio Borges Leal Marinho, nas proximidades do adro da Igreja de Nossa Senhora da Conceição, ali, nasceu o primeiro filho, Firmino. Aparecida e Libório, jovens, inquietos, queriam produzir mais, lavrar, cuidar da terra, tanger o gado, fazer história. Então, foram morar na fazenda Lagoa Grande. Lá o casal viveu dias felizes, foram cinco anos de muito labor. No oitão ao norte da casa onde moravam, existia um lindo jasmineiro, curiosamente, floria o ano inteiro, talvez tenha servido de inspiração para esse amor florescer cada vez mais, tanto que, ali, naquele inesquecível lugar, nasceram mais quatro filhos: José, Antônio. Minervina e Francisco.

Em novembro de 1962, percebendo que o filho mais velho precisava entrar para escola, resolveram retornar para cidade, vieram novamente morar no velho casarão da família em Bocaina. Ali, nasceu Nonata, a sexta filha do casal. A vida prosseguia tênue, o cultivo na roça, a plantação do alho, a desmancha ou farinhada, a moagem da cana, o pequeno criatório de gado, animais de sela e carga, enfim, o labor no campo. Com o crescimento dos filhos, havia a necessidade de escolas mais avançadas, surge que, na emblemática data de 13 de maio de 1966, “Seu” Libório trouxe Dona Aparecida às pressas para dar à luz, lá antigo Hospital São Vicente de Paulo em Picos, sob a proteção de Jesus e a égide das mãos abençoadas do Dr. José Nunes de Barros, ao sétimo filho do casal, o caçula Nonato. Aparecida permaneceu 15 dias em convalescência, em seguida o casal voltou a Bocaina somente para providenciar a mudança para Picos, tanto que, no inicio do mês de junho de 1966, a família mudou-se para Picos, fincando aqui, profundas raízes.

Logo que aportaram em Picos, chegaram também as dificuldades, morando como agregados em uma chácara, os afazeres eram em dobro, pois, além dos cuidados com os bens do patrão, era necessário o trabalho de sol a sol para o sustento da numerosa prole. Foi então, que mais uma vez Libório e Aparecida, num gesto de amor e desprendimento, resolveram conjuntamente vender seus bens em Bocaina para adquirir uma casa residencial em Picos. Foi uma decisão difícil, mesmo assim o fizeram, tanto que, em 1967, a família mudou-se para o nº 16 da antiga Vila Piau, depois denominada de Avenida Industrial e agora, registrada definitivamente como Rua Tininha de Sá Urtiga, onde moram até hoje.

Em Picos o casal continuou como dantes. Dona Aparecida ligada as prendas do lar e orientação dos filhos, na educação, na religiosidade na evangelização. Já “Seu” Libório foi um baluarte, homem de fibra, exerceu as mais variadas funções: foi lavrador, feirante, estivador, diarista, meeiro e arrendatário. Em 1978 entrou para o serviço público estadual, mais precisamente no IAPEP – Instituto Assistência e Previdência do Estado do Piauí, onde desenvolveu suas funções com espírito público, honradez e denodo zelo até aposentar-se. Mas dentre as atividades realizadas pelo fecundo trabalho de “Seu Libório, a que mais admiramos e nos orgulhamos, perpetuando moradia fixa em nossa tela mental, foi como exímio lavrador de alho no leito do velho e bondoso Rio Guaribas. “Seu” Libório trabalhava no manejo da terra com maestria, suas “parcelas” e “canteiros” eram verdadeiras obras de arte. Uma beleza!

Na data de 19 de março de 2004, voltaram à presença de Deus, novamente na histórica igreja de Nossa Senhora da Conceição em Bocaina, para na presença dos filhos, noras, genros e netos, amigos e familiares, receberem as bênçãos do padre Francisco Bezerra Neto, celebrante daquele segundo casamento, que socialmente chamamos de “Bodas de Ouro”, ou seja, cincoenta anos de casados. Hoje, acreditamos que Libório e Aparecida, estão realizados, há 60 anos esse amor tornou-se sólido e como diamante, foi lapidado. Como fruto desse amor, formou-se a grei dos “Libórios”: são sete filhos, quinze netos e uma bisneta, e hoje novamente na presença de todos, vêem solenemente, através do padre Francisco Pereira Borges, pedir a proteção e bênçãos de Deus, numa terceira celebração que a sociedade deu por nomenclatura: “Bodas de Diamante”.

Por causa de exemplos como o de Aparecida e Libório, acreditamos piamente no amor, na alma gêmea, no amor eterno. Que Deus continue a abençoá-los com todas as graças e bênçãos e que eles continuem sendo o exemplo de amor e doação e superação.

Obrigado Senhor Deus, por ter dado nós: filhos, netos, bisneta, noras, genros, familiares e amigos, o exemplo de honradez e fecundo amor.

Recorremos neste momento a Escritura Sagrada, o livro dos livros: “E deixará a casa de teus pais e se unirão em uma só carne...”

Assim eles fizeram: na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, amando e respeitando um ao outro com fidelidade e lealdade. Por isso, esse amor comemora suas Bodas de Diamante, pois diamante é para sempre, é eterno!!!.

Que Deus nos abençoe! Que Jesus nos proteja!

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