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Jornalista

Sérgio Fontenele

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À espera de um presidente à altura

Foto: google imagemPresidentes da França e do Brasil
Presidentes da França e do Brasil

“Espero que eles tenham muito em breve um presidente que se comporte à altura”, declarou o presidente da França, Emmanuel Macron, em referência à substituição do presidente Jair Bolsonaro. “Muito em breve...” De certo modo, o desejo de Macron soa enigmático quanto ao tempo que resta a Bolsonaro no poder. Estaria se referindo a 2022? Ou antes disso? De qualquer maneira, a declaração do francês ilustra o nível de isolamento internacional do governo brasileiro.

Nem mesmo durante a ditadura militar, houve tamanho isolamento do Brasil no cenário global. Na verdade, o próprio presidente – e seu governo – se encontra cada vez mais isolado, dentro e fora do País. Ele mantém o discurso agressivo, escatológico e ofensivo contra tudo e todos – comunistas, petistas, esquerdistas, universidades federais, cientistas, artistas, LGBTs, indígenas, organizações não governamentais (ONGs), União Europeia, Venezuela, Cuba, o presidenciável argentino Alberto Fernández, Macron, etc., etc., etc.

Bolsonaro segue em sua cruzada infrutífera contra moinhos de vento, enquanto sua irresponsabilidade continua gerando a devastação da Amazônia e a destruição do próprio País. Insuflado por seus filhos, pelo seu ideólogo Olavo de Carvalho, pelos generais que o rodeiam, por alguns de seus ministros mais insuportáveis, ele continua atirando, para agradar só – e somente só – os fanáticos que o seguem, ou seja, uma parcela do bolsonarismo, que vem desidratando.

Soberania nacional em risco

Afinal, segundo a mais recente pesquisa CNT/MDA, a reprovação pessoal de Bolsonaro permanece aumentando e já alcança 53,7% da população brasileira, com apenas oito meses de governo. Esse percentual vai crescendo a cada dia e logo ele contará com pouco mais de 10%, o correspondente ao segmento de extrema-direita, que o segue incondicionalmente. O problema maior é que sua política e suas atitudes estão colocando sob risco a soberania nacional, já que se torna mais vigorosa a narrativa de que a Amazônia é internacional.

O discuso do líder da França é surpreendente, pois declara, com todas as letras, que o G-7, se necessário, fará algum tipo de intervenção no Brasil, caso o atual processo de destruição da Amazônia não seja detido internamente. Enquanto Bolsonaro faz piada machista com a mulher de Macron, o cerco vai se fechando, e o País pode sofrer sanções comerciais, o que geraria bilhões e bilhões de prejuízo às exportações brasileiras e consequentemente muito mais desemprego, derrubando ainda mais a economia, que já está em recessão.

É a chamada tempestade perfeita, que combina uma série de fatos sombrios, enquanto o estado democrático de direito é arruinado pelos bolsonaristas, que violam seguidamente a Constituição Federal de 1988. Além disso, se desrespeita praticamente todas as leis, regras, instituições, fragilizando-as, e ainda os protocolos e tratados internacionais, nos quais o País é signatário. Não por acaso, Macron já fala no próximo presidente brasileiro, mas isso não é exclusividade dele. Pelo contrário...

OBS: Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do pensarpiaui.

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