Um risco político iminente
Desafios do PT no Piauí: alertas para as eleições de 2026 após resultados municipais

Por Arnaldo Eugênio, doutor em antropologia
Depois dos resultados das eleições municipais no Piauí, principalmente com a eleição de prefeitos que constituem a coalizão partidária Republicanos/União Brasil/PSD/PL/PP/MDB, o Partido dos Trabalhadores (PT), outra vez derrotado na capital, deve ficar atento ao risco político iminente quanto as eleições de 2026, especificamente sobre a possível reeleição do governador Rafael Fonteles e, também, do presidente Lula.
Longe de achismos ou alarmismos, esta análise se baseia na comparação entre o quantitativo de prefeitos eleitos pelo PT, os da coalizão partidária de oposição e os da base do governo, no contexto dos dez maiores colégios eleitorais do Piauí (Teresina - 587.098; Parnaíba - 114.620; Picos - 53.094; Piripiri - 53.073; Floriano - 44.600; Barras - 38.359; União - 37.838; Campo Maior - 35.836; Altos - 35.689; e Pedro II - 35.094), para afirmar: o PT se fragilizou nas grandes e médias cidades.
Os resultados negativos – p.ex. não eleger uma só prefeitura em capitais do Brasil – podem ter relação, também, com 1) a descaracterização do PT, enquanto ator político da sociedade; 2) a posição de “gerente” de governos amplos; e 3) a insistência na narrativa do alinhamento entre os governos federal, estadual e municipal, como mote eleitoral.
Primeiro. Os dirigentes petistas estão abdicando das políticas de governo – políticas públicas e políticas sociais – para melhorar a vida dos marginalizados e desfavorecidos da sociedade. Segundo, o PT prioriza a posição de “gerente” de governos amplos atenuando o seu poder político. E, terceiro, o alinhamento de poder, em um mesmo partido e/ou grupo político, é prejudicial à democracia e ao equilíbrio do conjunto de forças políticas na sociedade.
Em 2024, mais de 2,6 milhões de piauienses nos 224 municípios estiveram aptos a irem às urnas para escolherem os prefeitos e vereadores. Nesse universo, o PT teve o maior número de votos para prefeito (682.638) e vereador (448.767) dentre todos os partidos. Foram 135 candidatos a prefeito nos 224 municípios piauienses, onde 50 foram eleitos, além da maior votação entre todos os partidos que concorreram às câmaras municipais.
Aqui, não se trata de uma teoria da conspiração, mas uma espécie de alerta ao PT, para não ser surpreendido por uma articulação política de oposição no futuro. Pois, em votos válidos, a coalizão Republicanos/PP/MDB/PSD/PL/União Brasil, unido a neopetistas de linhagem bolsonarista, se constituíram numa força política na maior parte dos vinte maiores colégios eleitorais do Piauí, em 2024.
Mesmo tendo a maior votação do PT para prefeito em Teresina, com o rearranjo político-partidário provocado pelos resultados das eleições municipais, não se pode desconsiderar que o grupo partidário de coalizão oposicionista se fortaleceu, principalmente se contar com os votos de partidos da base governista, em 2026. O que não é impossível, em se tratando de perspectiva de poder político.
É fato que, no Piauí, houve o melhor desempenho do PT entre todos os estados do país, elegendo 50 prefeitos e prefeitas, além da eleição de 186 prefeitos e prefeitas dos partidos da base, nas eleições municipais de 2024. Mas, as derrotas na maior parte dos dez maiores colégios eleitorais prenunciam um risco político iminente da base romper/mudar.
Diante do novo retrato “pintado” pelos resultados das eleições municipais no Piauí, em 2024, os petistas e aliados da base governista precisarão de muita sabedoria política para arrefecer as divergências internas, aglutinar as esquerdas locais, equilibrar os embates externos e consolidar a força do “time governista” no pleito eleitoral de 2026. Assim, torna-se urgente uma articulação política perspicaz para ampliar a base política, racionalizar o discurso e a ação.
Deixe sua opinião: