Por Daniel Ribeiro, professor IFPI
Grandes momentos da história mundial foram protagonizados por movimentos estudantis. Delimitando-se ao nosso Brasil destaca-se, na década de 80, a luta por Diretas Já, em busca da redemocratização do país. Em seguida, com “os caras pintadas” na década de 90, que culminou com o afastamento do então presidente Fernando Collor.
Depois, mais recente, em 2013, manifestações promovidas por entidades estudantis pararam o país em protesto contra aumento generalizado nas passagens de ônibus coletivo, a revolta dos 20 centavos. Com uma direita oportunista infiltrada, tal movimento ganhou corpo com o “não vai ter copa”, e no ano seguinte, manchou as ruas protestando contra o governo federal. E abraçada a uma justiça injusta, a uma mídia tendenciosa e, sobretudo a congressistas ligados a empresários e banqueiros, insatisfeitos com a política social praticada pelo governo, conseguiu apear do poder a vontade de 54 milhões de eleitores, na desculpa de pedaladas fiscais, prática comum à maioria dos cargos executivos.
Agora em 2019, em nova oportunidade, indignados com cortes arbitrários de orçamento das instituições públicas federais, estudantes que sabem sim a fórmula da água e resultado de 7 x 8 saem a rua mais uma vez. Bradam aos quatro cantos do país: "Tire a mão da minha educação". Querem mostrar que o futuro de uma nação, começa exatamente pela pasta ministerial mais prejudicada no início do atual governo (o MEC).
Mas para o presidente, aquele que governa pelo Twitter, talvez pela necessária limitação de caracteres por não conseguir se expressar objetivamente, seriam idiotas úteis, apenas massa de manobra da esquerda. Duas possibilidades: ou ele busca com isso descaracterizar a real motivação das manifestações – que surpreenderam em quantidade até mesmo aos organizadores – que é a defesa de uma educação justa e de qualidade; ou assume que a direita é burra e incapaz de frequentar Instituições de Ensino Superior. Apostaria minhas fichas em ambas as hipóteses.
O papel dos estudantes nesse episódio é altamente democrático e construtivo em busca de avanços significativos na área. Não pode um país que almeja figurar entre as maiores nações do mundo, abrir mão de um setor capaz de criar uma ponte mais sólida pra essa conquista.
Seriam idiotas úteis, mas com orgulho, em salvaguarda de uma garantia constitucional; ao contrário de quem, até agora, se mostrou ser um idiota útil tão somente subordinado aos interesses econômicos internacionais, sobretudo dos EUA, e se consagra como um idiota inútil na função de administrar com mínima competência a nação.
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