Pronunciamento é prevaricação genocida
Não fossem os governadores estaduais, o Brasil hoje estaria mergulhado num quadro de calamidade muito pior do que está, com muito mais mortes e infectados pelo coronavírus. Isso ficou consolidado com o lamentável, tragicamente histórico e irresponsável pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro, que, nesta terça-feira (24-3), em cadeia nacional de rádio e TV, “pediu” que os cidadãos saíssem do isolamento social. “Recomendou” ou “apelou” para que os brasileiros retornem à vida normal, e voltem às ruas, escolas e trabalho.
Ele considerou que os alunos devem voltar a frequentar as aulas nas escolas e instituições de ensino superior, argumentando que são jovens, portanto, fora do grupo de risco. Minimizou, de novo, a gravidade da situação causada pela pandemia da COVID-19, repetindo a costumeira postura e atacando a imprensa, a quem atribui um alarmismo sem necessidade. De quebra, ironizou os governadores, que, na ótica de seus ideólogos de extrema direita, cometem exageros desnecessários, ao tentar tomar as medidas cabíveis neste sinistro momento.
Bolsonaro é chamado de genocida, por uma parcela cada vez maior da população, que assistiu, perplexa, sua mensagem. Escrito, provavelmente, por aqueles assessores obscuros do chamado “Gabinete do Ódio”, que funciona no terceiro andar do Palácio do Planalto, sob o comando do vereador do Rio de Janeiro, Carlos Bolsonaro (PSC), o 02, o discurso comprovou que Bolsonaro é uma ameaça grave. Com isso, ratifica sua condição de inimigo número um do País, sendo potencialmente mais letal do que o próprio coronavírus.
Atitudes criminosas
Até quando os poderes constituídos – em especial, o Congresso Nacional e Supremo Tribunal Federal (STF) – continuarão impassíveis, assistindo a escalada de atitudes criminosas cometidas pelo presidente da República? Se é que poderia ter assumido, em algum momento impensável, tal cargo... Por motivos político-ideológicos, em sintonia com o que o governo dos EUA tem provavelmente orientado-o, ele segue contrariando todas as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Mais uma vez, desmoraliza o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, que saiu à frente, há algumas semanas, e foi o primeiro a alertar o povo no sentido do isolamento social, ficando em casa, a não ser em casos imprescindíveis. Bolsonaro conseguiu, pela enésima vez, se superar em sua estupidez e ódio. Elevando a crise política interna a patamar próximo de uma ruptura institucional, só vista no auge da política de terror de estado implantada com a decretação do Ato Institucional nº 05, o AI-5, em 1968, ele busca o pior.
Influenciado por empresários bolsonaristas, que o incentivam a liberar o temerário fluxo das pessoas, de modo a tentar diminuir prejuízos relativos ao pagamento de salários a trabalhadores em quarentena, seu discurso é motivado para proteger os mais ricos, neste momento de gravíssima crise sanitária. Despreza o imperativo de reduzir a velocidade do contágio e evitar mortes, que serão muitas, e tenta manter acesa a chama do fanatismo de seus apoiadores, que o consideram um herói, mesmo sendo ele um vilão.
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