A Polícia Federal prendeu o general Braga Netto, na manhã deste sábado (14/12), após decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. A prisão ocorreu após o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid, denunciar, em seus depoimentos, ter sido coagido pelo general. Braga Netto também exerceu pressão sobre os pais de Cid, a fim de conseguir extrair informações sobre o depoimento dado em colaboração pelo tenente-coronel à Polícia Federal no inquérito que investiga a tentativa de golpe de Estado em 8 de janeiro. 

Mauro Cid afirmou em depoimento a Alexandre de Moraes que Braga Netto entregou dinheiro em espécie para financiar o plano golpista. Este dinheiro, envolto por uma embalagem de guardar vinhos foi direcionado pelo general ao grupo de elite conhecido como "Kids Pretos". O encontro aconteceu em uma das residências oficiais da Presidência da República. 

Nos depoimentos recentes, Cid também afirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL-RJ) recebia informes de Braga Netto todos os dias sobre o andamento do plano organizado pelos “Kids Pretos”. O plano pretendia evitar a posse do presidente Lula após a derrota de Bolsonaro nas eleições de 2022 e ainda tinha o planejamento para o assassinato de Lula, do vice-presidente Geraldo Alckmin, e do ministro Alexandre de Moraes.

Braga Netto é o primeiro general de quatro estrelas preso na história do Brasil. Nem mesmo os que comandaram os anos de chumbo da Ditadura Militar ficaram atrás das grades. Todos foram mandados para a reserva e, depois, anistiados. O Exército definiu que o Walter Braga Netto ficará detido no quartel da 1ª Divisão de Exército, no Rio de Janeiro.

A organização militar é subordinada ao Comando Militar do Leste, órgão que foi chefiado pelo próprio Braga Netto de 2016 a 2019. O general ainda acumulou nos últimos dois anos desse período a chefia da intervenção federal no Rio de Janeiro.

A prisão de Braga Netto, um dos 35 indiciados através da investigação sobre a tentativa de golpe de Estado em 8 de janeiro se desenha como o ato que antecede a chegada do fim da linha para o personagem principal de uma trama. O ex-presidente e inelegível Jair Bolsonaro vê seus escudos racharem e ruírem um a um e o cerco fechar. Não é mais uma questão de "se" e, sim, "quando".

A prisão de Walter Braga Netto acontece no dia do aniversário da ex-presidenta Dilma Rousseff, que foi presa e torturada durante a ditadura militar. Ontem, 13 de dezembro, o Ato Institucional Nº 5 completou 56 anos de sua promulgação. Prender Braga Netto no dia do aniversário do AI-5 poderia soar como uma provocação.

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