Os Bolsonaro, uma família-empresa do balacobaco
A vez de Jair Renan
Pais não escolhem filhos. Filhos não escolhem pais. Mas Bolsonaro escolheu os dele: Flávio Bolsonaro, Carlos Bolsonaro e Eduardo Bolsonaro. E rejeitou Jair Renan Bolsonaro. Certa vez, referiu-se a Laura, sua única filha, como uma “fraquejada”.
Rogéria, a primeira mulher de Bolsonaro, é mãe dos três zeros – Flávio, Carlos e Eduardo. Ana Cristina Valle, a segunda mulher, é mãe de Jair Renan. Os quatro estão enrolados com a Justiça. Michelle, a terceira mulher, é mãe de Laura.
Se perguntarem a Michelle se Bolsonaro é um bom pai, ela certamente responderá que sim, é um ótimo pai, embora muito ocupado. Se perguntarem às outras, dirão que não, ou nada dirão. Rogéria comeu o pão que o diabo amassou nas mãos de Bolsonaro.
Separada do marido, mas com o apoio dele, elegeu-se vereadora no Rio de Janeiro. Ao tentar se reeleger, Bolsonaro escalou Flávio para derrotá-la, mas ele não topou. Então, convenceu Carlos a ser candidato, e o filho derrotou a própria mãe.
Escalada por Bolsonaro, Ana Cristina, mãe de Jair Renan, cuidou do esquema da rachadinha nos gabinetes de Flávio e de Carlos. Saiu-se bem. Mas brigou com o marido, ou ele com ela. Então foi trocada por Fabrício Queiroz. Hoje, mora na Europa.
Ana Cristina quis fazer carreira política em Brasília. Alugou (ou comprou) uma mansão e fez Jair Renan se aproximar do pai presidente. Ana Cristina recebeu doações para sua campanha. Desistiu depois. Não devolveu as doações. É mal de família.
Sem ter modelos melhores, Jair Renan mirou no pai e nos irmãos que sempre mantiveram distância dele, e começou a fazer negócios. Mandou às favas a história de escrúpulos. Escrúpulos só atrapalham. Jair Renan mudou-se para Camboriú, Santa Catarina.
Arranjou um emprego à beira mar. Planeja ser candidato a vereador. Esbalda-se em festas com tudo pago. Afinal, era o filho do presidente da República. Passou a assediar mocinhas com o apelo que lhe parecia irrecusável: “Sou filho do presidente…”. Foi.
Jair Renan foi alvo de uma operação da Polícia Civil do Distrito Federal que apura crimes de estelionato, falsificação de documentos, sonegação fiscal e lavagem de dinheiro. Ele se diz tranquilo. Nunca foi tranquilo. Já cuspiu no rosto da mãe.
O pai não saiu em defesa de Jair Renan; já saiu e sairá em defesa de Flávio, seu herdeiro político, de Carlos, o filho que mais o preocupa por sua instabilidade emocional, e de Eduardo, que substituiu como ideólogo da família o finado Olavo de Carvalho.
Flávio, ao seu modo às vezes bruto, saiu em defesa de Jair Renan:“Pelo que eu conheço do Renan, ele não tem a menor capacidade de fazer [o que a polícia lhe atribui]. Está trabalhando. Me causa estranheza porque é uma pessoa que não tem onde cair morta e está sendo investigada por lavagem de dinheiro.”
Se o irmão não tem onde cair morto, por que Flávio, dono de uma mansão de 6 milhões de reais em Brasília, não o ajuda? Por que Carlos e Eduardo não o ajudam? Por que Bolsonaro, 17 milhões de reais mais rico com as doações via pix, não ajuda o filho?
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