Massacre no MST: veja detalhes
Polícia prendeu suspeito

Na última sexta-feira (10), o líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Valdir do Nascimento de Jesus, foi uma das vítimas fatais de um ataque violento contra o assentamento Olga Benário, em Tremembé, no Vale do Paraíba, interior de São Paulo. O episódio deixou duas pessoas mortas e seis feridas. Dias antes de ser assassinado, Valdir havia enviado uma mensagem otimista celebrando a regularização dos lotes na comunidade.
Na mensagem enviada aos colegas, Valdir comemorava a conquista que, segundo ele, foi fruto da luta coletiva do MST e do trabalho de regularização conduzido pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Ele agradeceu diretamente à superintendente do Incra, Sabrina Diniz, ao ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, e ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
“É com imensa alegria no coração que viemos informar que a partir de ontem, a Comunidade Olga Benário não tem mais assentados do MST em condição de ocupação irregular dos lotes”, escreveu Valdir. “Obrigado a todos que acreditaram que somente a luta organizada traz conquistas dignas”, concluiu.
Ataque coordenado e investigações em curso
Na noite do ataque, cerca de 10 homens armados invadiram o assentamento Olga Benário utilizando cinco carros e duas motos. Testemunhas relataram que os criminosos dispararam contra os assentados de forma indiscriminada. Entre as vítimas fatais estão Valdir do Nascimento, de 53 anos, e Gleison Barbosa, de 28.
A Polícia Civil de São Paulo prendeu no sábado (11) o suspeito identificado como Antônio Martins, conhecido como “Nero do Piseiro”, acusado de liderar o ataque. Ele confessou o crime e revelou informações sobre outros envolvidos. Outro suspeito, Ítalo Rodrigues da Silva, foi delatado como participante do atentado e teve a prisão preventiva solicitada.
De acordo com a investigação, a motivação para o ataque estaria ligada a disputas internas sobre o comércio irregular de terras no assentamento, além de pressões externas relacionadas à especulação imobiliária na região.
Resposta oficial e proteção aos movimentos sociais
Após o ataque, o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC) emitiu uma nota condenando a violência e destacando a necessidade de políticas robustas para proteger defensores de direitos humanos e movimentos sociais. A pasta prometeu reforçar ações de proteção coletiva e pediu que situações de risco sejam comunicadas ao governo federal.
O presidente Lula determinou o envio do ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, à região para acompanhar as investigações, que agora contam com o reforço da Polícia Federal.
“Temos o dever estatal de dar proteção integral aos defensores de direitos humanos”, afirmou a ministra dos Direitos Humanos, Macaé Evaristo.
Histórico de ameaças e disputas no assentamento
O MST afirma que o assentamento Olga Benário é alvo constante de ameaças devido à sua localização estratégica no Vale do Paraíba, uma área visada pela especulação imobiliária voltada ao turismo de lazer. Mesmo após denúncias às autoridades, as famílias assentadas seguem expostas à violência e a tentativas de invasão.
Além das prisões, a polícia apreendeu armas brancas, munições e ferramentas no local do ataque. As investigações seguem para identificar todos os envolvidos no crime.
O MST reafirmou que continuará denunciando ameaças e cobrando justiça para Valdir e Gleison. As famílias afetadas estão recebendo assistência, enquanto o governo promete intensificar as ações para evitar novos ataques em áreas de conflito agrário.
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