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Fazendeiros dominam prefeituras que rejeitam reduzir desmatamento

Elas estão na lista dos municípios que mais devastaram a Amazônia; áreas de pastagem avançam pelo bioma


Reprodução Fazendeiros dominam prefeituras que rejeitam reduzir desmatamento
Fazendeiros dominam prefeituras que rejeitam reduzir desmatamento

Dos 22 municípios que não aderiram ao programa federal para reduzir o desmatamento na Amazônia, 14 são liderados por prefeitos fazendeiros, sendo que oito deles são criadores de gado. A maioria desses municípios está localizada no Mato Grosso, mas também há representantes do Pará, Amazonas, Roraima e Rondônia. Os prefeitos são considerados fazendeiros se declararam propriedades rurais ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 2020.

O programa, lançado em abril de 2024 pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), tem um orçamento total de R$ 730 milhões para promover o desenvolvimento sustentável e combater o desmatamento e incêndios florestais. A proposta foi enviada a 70 municípios responsáveis por quase 80% do desmatamento na região.

Dados da plataforma Mapbiomas mostram que a maior parte do desmatamento dos últimos 38 anos deu origem a pastagens, com a área ocupada por pastos na Amazônia saltando de 13,7 milhões de hectares em 1985 para 57,7 milhões em 2022. O acompanhamento do programa é realizado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que utiliza imagens de satélite para monitorar a devastação.

A reportagem contatou as prefeituras dos 22 municípios que optaram por não participar do programa. Até o momento, apenas três responderam, citando a falta de equipe técnica como um dos motivos para a recusa. No entanto, o programa oferece um valor inicial de R$ 500 mil em equipamentos e serviços para ajudar a estruturar a gestão ambiental.

A prefeitura de Cujubim (RO) afirmou que enfrenta desafios relacionados à capacidade técnica necessária para atender às demandas do programa. A área ocupada por atividades agropecuárias no município é de aproximadamente 244 mil hectares, com 230 mil hectares cobertos por pastagens.

Em Marcelândia (MT), o prefeito Celso Padovani (DEM), também fazendeiro, declarou que a adesão ao programa não seria conveniente devido à falta de equipe técnica. Ele é proprietário de 2.925 cabeças de gado, o que representa 1,3% do total do rebanho do município.

A prefeitura de Rorainópolis (RR) mencionou estar desatualizada sobre as negociações com o ministério, mas afirmou que uma equipe foi designada para tratar da adesão ao programa.

Além de Celso Padovani, outros prefeitos fazendeiros incluem Julio da Papelaria (MDB) em Apiacás, Milton de Souza Amorim (UB) em Colniza, Osmar Mandacaru (UB) em Paranaíta, e outros em Mato Grosso. No Pará, também estão entre os gestores fazendeiros Marco Antonio (MDB) em Mojuí dos Campos e Valdir Lemes (PSD) em Novo Repartimento.

Os demais municípios que não aderiram ao programa incluem Lábrea (AM), Novo Aripuanã (AM), Moju (PA), e vários outros no Mato Grosso e Rondônia.

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