Antonio José Medeiros

Comentários de Antônio José Medeiros sobre o PIB do Piauí e do Brasil

Avanços, desafios e perspectivas para o futuro


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Comentários de Antônio José Medeiros sobre o PIB do Piauí e do Brasil

Agora, no dia 14 de novembro de 2024, a SEPLAN-PI e o IBGE divulgaram os dados sobre o PIB (Produto Interno Bruto) do Piauí referente a 2022.  Evento semelhante estava acontecendo em todas as capitais, anunciando o PIB de cada estado.

Desde 2002, o IBGE e órgãos estaduais de planejamento e estatística têm realizado a medição do PIB das 27 unidades da federação e dos 5.570 municípios brasileiros. Um feito elogiado pelo Departamento de Estatística da ONU.

O uso da mesma metodologia básica permite o acompanhamento da evolução ao longo do tempo e a comparação entre os estados e entre os municípios. 

No Piauí, se constituiu na SEPLAN/CEPRO uma equipe que se dedica a essa tarefa com competência e afinco. E o IBGE tem sido um grande parceiro.

Desde 2015, os estados cobravam que a divulgação do PIB dos estados e municípios fosse antecipada em um ano. O PIB nacional continuaria divulgado até junho do ano seguinte e no segundo semestre seria divulgado o PIB dos estados e municípios. Acontecendo isso, estaríamos agora divulgando o PIB de 2023. Parece que vamos conseguir, até porque a informatização permite fazer os cálculos mais rapidamente. Pena que vamos ter um probleminha esse ano, pois, devido a ajustes metodológicos, não teremos a divulgação do PIB dos municípios de 2022, em meados de dezembro.

Todos sabemos que a análise do PIB tem seus limites. Mas o PIB e o PIB per capita são a “abertura estatística” para a análise socioeconômica das unidades político-administrativas pesquisadas. E indicador é indicador. Como o nome está dizendo sintetiza dados a serem analisados, interpretados, e quem sabe até explicados.

Centrando no Piauí, uma olhada inicial para os dados agora divulgados dá uma sensação positiva:

a)o PIB do Piauí de 2022 em relação ao de 2021 cresceu 6,2%; mais que o do Nordeste (3,6%) e que o do Brasil (3,0%);

b)a evolução do PIB nesses 21 anos (2002 a 2022) tem tido bastante consistência. O PIB do Piauí cresceu 105,4%, o quarto melhor desempenho no país e primeiro do Nordeste, atrás apenas de Mato Grosso (154,7%), Tocantins (153,1%) e Roraima (141,6%).

c)nosso PIB per capita do passou do 27º lugar, que ocupou durante bastante tempo, para o 25º (R$ 22.279,00), mantendo-se à frente do PIB per capita do Maranhão (27º lugar) e ultrapassando o da Paraíba (26º lugar.

Entretanto, apesar dos avanços do Piauí, a variação da posição dos estados tem sido pequena, o que indica que a redução da desigualdade regional no Brasil continua muito lenta. Vejamos alguns aspectos:

O Distrito Federal tem o maior PIB per capita: em 2022, R$ 116.713,39, ou seja, 2,3 o PIB per capita do Brasil que foi de R$ 49.638,29. Mantém essa posição desde 2002. Provavelmente, tem a ver com o exagerado padrão de renda da elite política e administrativa do país.

Apesar das variações conjunturais em alguns anos, os “grandes” continuam os mesmos: São Paulo, quase sempre na 2ª posição (surpreendentemente em 2021, ficou na 4ª e em 2022, na 3ª); e o Rio de Janeiro sempre na 3ª posição (em 2020, ficou na 6ª; em 2021 ficou na 5ª; mas em 2022 ultrapassou São Paulo, ficando na 2ª posição).

Santa Catarina, Rio Grande do Sul (mesmo com suas crises fiscais) e Paraná, na maioria dos anos, ocupam a 4ª, a 5ª e a 6ª posições. Percebe-se um ligeira tendência a perder posições nos últimos anos.

As grandes exceções são os únicos estados que mudaram significativamente de posição: Mato Grosso, que da 11ª em 2002, avançou sete posições e tende a ocupar o lugar de Santa Catarina (4ª posição); e Tocantins, que da 21ª posição em 2002, avançou oito posições e tende a se estabilizar na 13ª; Mato Grosso do Sul (ou São Paulo do Oeste?) mudou sua posição da 20ª para a 6ª. Ou seja, os estados do Centro-Oeste estão se igualando, em termos de PIB per capita, com os estados do Sul.

O Espírito Santo, Minas Gerais e Goiás ocupam uma posição intermediária, em geral entre 10ª e 12ª posição, com PIB per capita já abaixo da média nacional. Desde 2002, em termos de PIB per capita, diferente do imaginário popular, Minas Gerais já não está entre os “grandes”.

Seguem-se os estados do Norte e, por fim, os estados do Nordeste. Praticamente em todo esse período, os nove estados do Nordeste permanecem ocupando as últimas posições na classificação do PIB per capita, apesar de, no período, sobretudo nos dois primeiros governos de Lula, terem crescido mais que estados do Sudeste e Sul. 

Esse é o grande problema: partimos de um patamar muito baixo. O PIB per capita dos estados nordestinos representava 40% da média nacional; agora estamos em torno de 50%. Resultado de 21 anos.

Em 2022, esse é o quadro: Bahia (R$ 28.482,93 - 19ª posição); Rio Grande do Norte (R$ 28.409,38 – 20ª posição); Pernambuco (27.138,86 – 21ª); Sergipe (R$ 25.965,48 – 22ª ; Alagoas (R$ 24.321,52 – 23ª); Ceará ( R$ 24.295,75 – 24ª posição) ; Piauí (R$ 22.279,00 – 25ª); Paraíba ( R$ 21.661,66 – 26ª); e Maranhão (R$ 20.632,62 – 27ª posição);

O Ceará, considerado no imaginário de muitos piauienses como um exemplo de modernização, em 20 anos permaneceu na mesma posição em relação ao PIB per capita, oscilando entre a 23ª e 24ª posição. Surpreende, pois não se trata apenas de modernização administrativa (como parece ter sido o caso de Minas Gerais). Tem grandes empresas, um porto que dá inveja ao Piauí e, sempre teve uma grande mobilização do empresariado, articulando interesses, mantendo universidade e meios de comunicação.

E o Maranhão, nosso outro vizinho, é uma incógnita: um estado com mais recursos naturais que o Piauí, também cultiva soja, tem dois portos, praticamente não tem impacto de secas. Desde 2014, seu PIB per capita é menor que o do Piauí; está na última posição. Uma pergunta que não quer calar: terá a ver com o forte controle da política tradicional, que os dois mandatos do Flávio Dino não conseguiram quebrar?

A intenção do governador Rafael Fonteles é que o Piauí repita o feito de Mato Grosso e de Tocantins, nos próximos anos. Mas esse é o tema dos “Comentários Complementares”, na próxima semana.

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