Maria Alice Setubal, conhecida como Neca, defendeu a taxação dos super-ricos. Presidente do conselho da Fundação Tide Setubal e membro de uma das famílias que controlam o banco Itaú, a educadora ressaltou a importância de um sistema tributário progressivo para enfrentar as desigualdades no país.

Apesar de fazer parte da elite, Neca destacou que se responsabilizou, ao longo da vida, por trabalhos de ação social dedicados ao desenvolvimento da sociedade.

“Eu sou a pessoa que está falando em justiça social e em, por exemplo, taxação de riqueza. A gente tem que ter um tributo progressivo, isso tem que ser encarado de frente. A filantropia é importante, [debater] a questão da pobreza é importante, mas isso não basta num país com as desigualdades que a gente tem”, disse a bilionária à coluna de Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo.

A educadora afirmou que se reunirá neste mês com Esther Duflo, economista francesa vencedora do Nobel de Economia de 2019, para discutir a taxação dos super-ricos. A agenda é apoiada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e deve ser levada à cúpula do G20, em novembro.

“Isso é uma causa que eu estou querendo puxar. Eu não fico em um discurso vazio. Acho que a gente [da elite] tem que ser consequente nos discursos. Só assim vamos conseguir avançar e começar a mudar a cara da sociedade brasileira”, pontuou.

Filha do banqueiro e ex-prefeito de São Paulo, Olavo Setubal, Neca deixou claro o incômodo que sente por seu nome ser comumente precedido pela alcunha de “herdeira”. “Sempre chegava primeiro o Setubal para depois chegar a Neca”, disse a educadora ao falar sobre o peso de seu sobrenome e como ele ofuscava sua trajetória profissional.

“Eu sempre tive que provar que era uma pessoa competente, que tinha conteúdo, que entendia de educação, que não era uma socialite metida a besta. Com os anos, isso deixou de ser uma questão”, acrescentou.

“As editorias [jornalísticas] me colocam como ‘a herdeira’. Às vezes, não põem nem meu nome [no título das reportagens]. Por ser mulher, eu apareço como herdeira. Mas os homens, não. Meu irmão José Luiz, que tem uma fundação, é médico, tem a filantropia, nunca foi herdeiro. Só eu que sou herdeira”, ironizou Neca.

Anitta

Ontem, a cantora Anitta compartilhou um novo vídeo em suas redes sociais, onde expressou críticas à existência de bilionários e decidiu esclarecer ao público uma entrevista concedida ao podcast britânico ‘On Purpose with Jay Shetty’, onde teve suas falas manipuladas por haters nos últimos dias.

Anitta disse no podcast que, se estivesse em seu poder, instituiria uma lei global para combater o acúmulo desmedido de riqueza. A declaração, como esperado, gerou grande repercussão. Após abordar o tema no X, a cantora recorreu aos stories do Instagram neste sábado (8) para esclarecer novamente sua posição. Segundo ela, seus comentários foram distorcidos e sugeriram que a ‘Garota do Rio’ estaria incentivando os trabalhadores a doar dinheiro para pessoas que “não fazem nada o dia todo”.

"Como eu não quero ninguém fazendo política equivocada com o meu nome, eu decidi vir falar com vocês", começou ela. “Tenho muita preguiça de como as coisas na internet têm acontecido. As pessoas veem um título e compartilham sem saber se é verdade. Qualquer acéfalo pode escrever a palhaçada que quiser, e as pessoas tomam aquilo como verdade."

Ela afirma que defender a taxação de riquezas não significa abrir mão de esforços, pelo contrário: "Nunca quis dizer que a pessoa que trabalha e que quer ser melhor que acorda com o propósito de crescer tem que abrir mão de tudo isso e entregar para alguém que não faz nada e quer vagabundear por aí. Também não quis dizer que a pessoa que quer vagabundear por aí merece morrer na miséria."

‘Muita desinformação’

Anitta lembrou que esse movimento de ataques e manipulação de discursos é bastante comum na política brasileira e reforçou tudo o que disse no podcast britânico. 

"Eu me responsabilizo pelas coisas que eu falo, que saíram da minha boca. A minha resposta para quem tem preguiça de assistir e só tem compartilhado, eu acho que deveria existir um limite para o dinheiro. Que ninguém precisa de bilhões, que ninguém tem a necessidade de ter bilhões. Eu estou bem longe de ter bilhões e nem planejo chegar perto. Eu nunca quis dizer que a pessoa que trabalha e acorda com propósito de crescer, tem que abrir mão disso e entregar pra alguém que não faz nada. É muito injusto a forma como as pessoas fazem política hoje em dia, com tanta desinformação”

Com informações da Fórum e DCM

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