A quadrilha e o gabinete do ódio
“Eduardo Bolsonaro é criminoso, integrante de uma quadrilha de fake news e juntou-se a um bando faminto que só quer morder $ público para espalhar calúnias. Envolveu minha família nas mentiras. Será processado e se houver alguma justiça neste País ainda será preso. É um vagabundo.” As palavras nada elogiosas são da deputada federal Joyce Hasselmann (PSL-SP), ex-líder do governo Bolsonaro na Câmara dos Deputados, até romper com o presidente Jair Bolsonaro, pai do Eduardo, também conhecido pela alcunha de 03.
A parlamentar, antes uma das bolsonaristas mais inflamadas, agressivas, fanáticas e próximas do presidente e seu clã, que opera no Palácio do Planalto, se tornou uma das inimigas mais contundentes da família que ora exerce o poder. Consequentemente, Hasselmann pode inclusive correr risco de morte, já que ela foi testemunha ocular, pela proximidade com que as coisas foram feitas, durante as eleições de 2018 e os primeiros seis meses de governo Bolsonaro. Ela sabe demais e já começou a contar o que sabe sobre o “gabinete do ódio”.
Segundo a deputada e imprensa, que noticiou amplamente a existência do tal “gabinete do ódio”, instalado no terceiro andar do Palácio do Planalto, ao lado do Gabinete da Presidência da República, vem de lá grande parte das mazelas políticas que têm abalado o Brasil. É de lá, de acordo com evidências e denúncias feitas por personagens como a parlamentar do PSL, que se origina a produção em série de milhares de fake news, assassinando as reputações daqueles que Bolsonaro e seu núcleo filial-ideológico escolhem como inimigos.
Reputações sob alvo
Sob fogo cerrado, o principal alvo do ódio despejado pelas milícias digitais é o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que sempre foi um aliado do governo e teve papel decisivo na aprovação da perversa reforma da previdência, entre outras barbaridades contra os trabalhadores. Mesmo estando sempre em compasso com a política econômica neoliberal do ministro da Economia, Paulo Guedes, Maia teve a reputação assassinada porque ousou discordar de algumas pautas enviadas pelo Executivo.
Além de Maia, os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e vários governadores, como os de São Paulo e Rio de Janeiro, João Dória e Wilson Witzel, respectivamente – ambos ex-bolsonaristas de carteirinha –, também entraram na mira das milícias digitais, que trabalham dia e noite. Um dos aspectos mais surpreendentes das manifestações e carreatas, para pedir a volta da ditadura militar, o fechamento do Congresso Nacional e STF, e celebrar o Ato Institucional Nº 5, o AI-5, foi a forma e o nível de organização e articulação dos atos.
Parecem ter brotado do nada, para passar a falsa impressão de espontaneidade, mas a convocação massiva de tais manifestações ocorreu intensamente nos esgotos virtuais das redes sociais, e pelo visto conseguiram alcançar seus objetivos escusos, ilegais e inconstitucionais. E o gabinete do ódio, sob o comando oficioso do vereador do Rio de Janeiro, Carlos Bolsonaro (Republicanos), o 02 – cuja presença na Câmara Municipal não se tem notícia – deverá ser investigado por suspeita de ter tido decisivo papel nesse movimento.
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