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Vacina contra coronavírus: Bolsonaro faz o jogo dos EUA

Ele desautorizou acordo feito pelo ministro Eduardo Pazuello

Foto: PensarPiauíBolsonaro é EUA

Em reunião com governadores, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, afirmou ontem, que vai incorporar a vacina chinesa desenvolvida em São Paulo pelo Instituto Butantan, no Programa Nacional de Imunizações, colocando-a assim no cronograma nacional.

Baseado em informações que disse terem vindo do próprio Instituto Butantan, Pazuello informou que espera poder começar a vacinação contra a Covid-19 em janeiro.

Já o presidente, Jair Bolsonaro, diante dos acontecimentos, cancelou o acordo firmado pelo Ministério da Saúde para a compra das doses da CoronaVac - a vacina chinesa.“Alerto que não compraremos vacina da China. Bem como meu governo não mantém diálogo com João Dória sobre covid-19", afirmou Bolsonaro a ministros.

Com a decisão, o governo desautoriza o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, que assinou o protocolo para a aquisição das doses.

Mas, Bolsonaro não ficou falando sozinho sobre o caso.

O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), abriu uma confrontação aguda com ele e anunciou que os governadores irão ao Congresso e ao Judiciário para garantir o fornecimento da vacina chinesa CoronaVac à população brasileira."Não queremos uma nova guerra na Federação. Mas com certeza os governadores irão ao Congresso Nacional e ao Poder Judiciário para garantir o acesso da população a todas as vacinas que forem eficazes e seguras. Saúde é um bem maior do que disputas ideológicas ou eleitorais", escreveu o chefe do Executivo maranhense no Twitter.

"Ontem, houve uma reunião do Ministro da Saúde, sua equipe e os governadores em que o contrário foi anunciado. Afinal, o que está valendo?", questionou.

"Bolsonaro agora quer fazer a 'guerra das vacinas'. Só pensa em palanque e guerra. Será que ele não quer jogar War ou videogame com Trump? Enquanto jogasse, ele não atrapalharia os que querem tratar com seriedade os problemas da população", acrescentou.

Demonstrando subserviência ao governo dos Estados Unidos, Bolsonaro voltou a atacar o país asiático."Alerto que não compraremos vacina da China", afirmou.

A confusão para a compra de doses da vacina ocorre em um contexto no qual o País ocupa o terceiro lugar em número de casos de coronavírus (5,2 milhões), atrás dos EUA (8,5 milhões) e da Índia (7,6 milhões), de acordo com dados oficiais. 

Na quantidade de óbitos por Covid-19, o Brasil está na segunda posição, com 154 mil, atrás dos EUA (226 mil).

O STF (Supremo Tribunal Federal) vai decidir, ainda neste ano, sobre outra polêmica criada a partir do bolsonarismo: a obrigatoriedade da vacina do novo coronavírus.

A tendência é que o Supremo decida contra a opinião de Jair Bolsonaro e do movimento antivacina no Brasil, que é liberar o brasileiro para tomar a vacina apenas se desejar. 

Ministros ouvidos consideram certo que o STF tornará a vacinação obrigatória, já que um cidadão que não for imunizado poderá contaminar outras pessoas, que de fato não podem tomar vacinas por questões médicas —como os imunodeprimidos, por exemplo.

Um dos magistrados chegou a afirmar que debates sobre a vacina estão relacionados “à República Velha” e devem ser definitivamente superados.

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