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Um contador de histórias reais foi demitido da Globo; audiência perde um grande jornalista

José Hamilton Ribeiro e Eduardo Faustini estão entre os demitidos da TV Globo

Foto: GloboJosé Hamilton Ribeiro
José Hamilton Ribeiro

Em mais uma onda de cortes iniciada nas últimas semanas, a Rede Globo demitiu um veterano do jornalismo brasileiro. José Hamilton Ribeiro foi desligado nessa quinta-feira (25).

A demissão foi amigável mas causou grande comoção na empresa. Ribeiro estava há mais de 40 anos no jornalismo da Globo e teve passagens pelo “Fantástico”, “Globo Repórter” e “Globo Rural”.

José Hamilton Ribeiro nasceu em Santa Rosa de Viterbo (SP) em 29 de agosto de 1935. 

É autor de quinze livros derivados de suas reportagens, sendo o primeiro, "O Gosto da Guerra", em função da reportagem sobre a Guerra do Vietnã, que fez para a revista Realidade em 1968, ocasião em que perdeu uma perna ao pisar numa mina.

Entre as redações por onde passou, estão as das revistas Realidade e Quatro Rodas, do jornal Folha de S. Paulo e dos programas Globo Repórter, Fantástico e Globo Rural, de onde era repórter e editor.

Com 52 anos de profissão, iniciou a carreira na Rádio Bandeirantes, em São Paulo, de onde logo partiu para o jornalismo impresso, ao qual se dedicou por 25 anos. Nos outros 25 se dedicou a projetos da Rede Globo, particularmente no Globo Rural.

É autor da publicação "Jornalistas, 37/97" que reflete sobre a história da imprensa ao longo dos 60 anos de existência do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo.

Em 2017, o também jornalista Arnon Gomes, lançou o livro “O jornalista mais premiado do Brasil” onde conta a trajetória de Hamilton - este grande nome do jornalismo brasileiro. A biografia começa contando a história do menino nascido na pequena Santa Rosa de Viterbo (SP), que, desde cedo, demonstrava vocação para o jornalismo e a literatura.

Para estudar, José Hamilton morou em Casa Branca, São Simão, Ribeirão Preto e Franca. Em São Paulo, consagrou-se jornalista, passando pela Folha de S. Paulo, Quatro Rodas, Veja e a mítica revista Realidade, última palavra em matéria de jornalismo em revista no Brasil. A obra procura explicar o motivo de, entre os jornalistas de sua geração, provavelmente a mais brilhante da história da imprensa brasileira, Zé Hamilton ser o único a ficar tanto tempo na reportagem, mesmo com o avanço da TV e, posteriormente, da internet. Procura desvendar quais os macetes que o tornaram o jornalista brasileiro com o maior número de prêmios. E mais: resgata suas reportagens inesquecíveis, em momentos cruciais da vida brasileira.

Obras

* O Gosto da Guerra (1969)

* Pantanal Amor Bágua (1974)

* Senhor Jequitibá (1979)

* Gota de Sol (1992)

* Vingança do Índio Cavaleiro (1997)

* Jornalistas 37/97 (1998)

* Música Caipira: as 270 Maiores Modas de Todos os Tempos (2006)

* Os Tropeiros - Diário da Marcha (2006)

* O Repórter do Século (2007)

* Rio Paraguai - Das Nascentes à Foz (2016)

Prêmios

1964 - Prêmio Esso (Categoria: Regional - Grupo A)[2]

1967, 1968, 1973 - Prêmio Esso (Categoria: Informação científica)[2]

1977 - Prêmio Esso (Categoria: Regional - Sudeste)[2]

2004 - Prêmio Embratel de Jornalismo (Categoria: Jornalismo cultural)[3]

2006 - Prêmio Internacional Maria Moors Cabot[4]

2008 - Prêmio Brasileiro Imortal (Categoria Nacional). Nessa iniciativa da empresa Vale, foi batizada com seu nome uma espécie do gênero Anthurium, popularmente conhecido como Antúrio mirim, descoberto pelo pesquisador Marcus Nadruz Coelho, do Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

 Eduardo Faustino

Junto com José Hamilton Ribeiro também foi demitido da Globo o repórter Eduardo Faustino, conhecido como “repórter secreto” do “Fantástico“. Faustini era repórter investigativo do programa e nunca mostrou o rosto na televisão. Ele estava na emissora desde 1996 e era responsável pela série “Cadê o dinheiro que estava aqui?”, exibida pelo Fantástico desde 2014, com denúncias sobre corrupção e desvio de impostos.

No primeiro semestre de 2021, a Globo fechou com um prejuízo de R$ 144 milhões. O número representa uma piora de 122% em relação a 2020, quando a empresa teve um prejuízo de R$ 51 milhões no mesmo período. Por isso, tem cortado profissionais mais antigos, ou seja, com salários mais altos.

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