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Orçamento secreto reservou R$ 401 mi a 11 senadores

Dispositivo de emendas parlamentares era utilizado para contemplar aliados do governo em troca de apoio no Congresso

Foto: Reprodução/Senado FederalSenador Márcio Bittar (União Brasil-AC)
Senador Márcio Bittar (União Brasil-AC)

 


DCM- O relator do Orçamento de 2021, senador Márcio Bittar (União Brasil-AC), foi responsável por indicar R$ 203,7 milhões a prefeituras de seu interesse. O valor veio de um repasse no total de R$ 588 milhões do orçamento secreto, liberado em outubro de 2021, administrado pelo Ministério da Defesa, durante a gestão de Braga Netto.

Bittar está entre os 11 senadores mais beneficiados pelo dispositivo de emendas parlamentares, utilizado para contemplar aliados do governo em troca de apoio no Congresso. Coube a esse grupo de parlamentares próximos a Bolsonaro decidir como e onde esse dinheiro público seria aplicado, em geral em seus redutos eleitorais.

O que não se sabia até hoje é que a pasta militar também utilizou esse mecanismo político sem transparência e critério, no entanto, o dinheiro foi repassado com o objetivo de investir em projetos de infraestrutura básica, aquisição de equipamentos e compra de bens para quartéis na região, principalmente em áreas distantes dos grandes centros urbanos.

Quem mais abocanhou o orçamento secreto?

Uma parte das emendas de relator destinadas pela pasta serviu a outro propósito. Agora para construir praças, passarelas de concreto. Até para bancar obras de edifícios que vão abrigar as câmaras de vereadores em duas cidades do interior do Amapá e uma no Amazonas. Cada obra ao custo de R$ 1,5 milhão.

Irrigado pelo orçamento secreto, o caixa do Calha Norte dobrou de tamanho em 2021. Ele passou a atender redutos eleitorais de aliados do governo, diz levantamento do Globo.

Entre os escolhidos do senador acreano está o prefeito de Acrelândia, Olavo Francelino de Rezende (MDB), que recebeu em 27 de outubro de 2021 R$ 5 milhões para aplicar em trilhas ecológicas da cidade. Bittar também destinou, por meio da Defesa, R$ 28,4 milhões a outro aliado político, o prefeito de Rio Branco, Tião Bocalom (PP), para ser aplicado na construção de uma praça, um mercado municipal e uma Casa de Apoio e Acolhimento. 

O senador e candidato à reeleição Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) é outro a colher dividendos políticos com a verba repassada pela Defesa. O ex-presidente do Senado destinou R$ 79,3 milhões a municípios do seu estado por meio do orçamento secreto da pasta militar.

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