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Mais de dois anos depois, sumiço de uma mulher no aeroporto de Goiânia segue sem respostas

Processo na Justiça tem mais de 5 mil páginas e guerra de versões. Uma delas aponta que o corpo foi incinerado em uma caldeira

Foto: Reprodução/Mais GoiásLilian de Oliveira, o amante Juscelino Pinto e o amigo Ronaldo Ferreira
Lilian de Oliveira, o amante Juscelino Pinto e o amigo Ronaldo Ferreira

O caso da mulher que sumiu após desembarcar no Aeroporto de Goiânia, no dia 13 de fevereiro de 2020, continua com várias perguntas sem respostas. Lilian de Oliveira, então com 40 anos, tinha acabado de chegar da Colômbia, e nunca mais foi vista. Na Justiça, o processo envolvendo o sumiço da mulher já conta com 5 mil páginas e várias versões. As informações são do O Liberal.

Nesta segunda-feira (9), está prevista uma nova audiência sobre o caso. Mesmo sem corpo, três pessoas foram denunciadas pelo Ministério Público de Goiás pelo suposto homicídio. Os réus chegaram a ser presos entre de 29 de maio a 13 de agosto de 2020, foram soltos depois de quase três meses. Eles reclamaram de ameaça e tortura.

O Ministério Público diz que o produtor rural Jucelino Pinto da Fonseca, 61, teve relação extraconjugal com Lilian de Oliveira, o que gerou brigas por causa de pagamento de pensão alimentícia após o nascimento de uma menina, hoje com 7 anos, cuidada por uma tia materna. A denúncia do órgão também se estende à babá Cleonice de Fátima Ferreira, 50, e Ronaldo Rodrigues Ferreira, 56.

De acordo com um trecho da denúncia assinada pelo promotor de Justiça Sebastião Marcos Martins, o corpo da vítima foi destruído ou ocultado pelos denunciados, e, considerando as versões apresentadas, “pode ter sido queimado na caldeira existente na propriedade rural de Jucelino ou jogado em um dos rios existentes entre Goiânia e Pires do Rio”, diz o documento.

Inicialmente, os três acusados negaram o crime, mas ao longo da apuração, Ronaldo admitiu participação na ação, apresentando duas versões diferentes. Na primeira, ele alega que buscou Lilian no aeroporto, matou-a dentro do carro a caminho de Pires do Rio e jogou seu corpo no Rio Paranaíba. Em outro depoimento, disse ter levado a vítima para o laticínio de Jucelino, onde ambos reduziram o corpo a cinzas em uma caldeira.

Porém, ao analisar o cruzamento de dados de localização de Ronaldo no dia e hora do suposto crime e o relatório final indicando que a fornalha não foi usada para incinerar o corpo, os laudos de perícias da Polícia Técnico-Científica de Goiás excluíram as duas possibilidades.

Segundo o documento, não foi encontrado nenhum vestígio indicando que a vítima foi carbonizada dentro da caldeira. A perícia também não conseguiu identificar a pessoa que buscou Lilian no aeroporto.

Além disso, em uma carta escrita por Ronaldo e incluída no processo, o réu nega as confissões e afirma que só as fez porque “estava muito desorientado de tanto ser torturado”. O homem diz que deixou Lilian no laticínio, com Jucelino, e depois seguiu para Itumbiara, a 208 km de Pires do Rio.

Já Jucelino, inicialmente, negou o crime. Mais tarde, admitiu ser o mandante, mas sem dar detalhes de como o homicídio ocorreu. No dia dessa confissão, em 30 de maio de 2020, os familiares disseram que ele estava com sinais de violência no corpo. As comissões de direitos humanos da Ordem dos Advogados do Brasil em Goiás (OABGO) e da Câmara Municipal de Goiânia foram chamadas e solicitaram imediata realização de corpo de delito, que comprovou as lesões no réu. O acusado afirmou que elas foram paticadas por policiais para forçá-lo a confessar o crime.

A denúncia aponta que Cleonice teria interesse na morte de Lilian porque queria a criança para si. Em uma carta, ela relatou ter assinado um termo de declarações na delegacia sem conhecer o conteúdo e também alegou ter sofrido ameaça de ser presa.

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