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Juiz denunciado por tortura carimbava mulheres nas nádegas com seu nome

Além de torturar e estuprar a ex-esposa, juiz carimbava nádegas de mulheres com seu nome.

Foto: ReproduçãoJuiz Valmir Maurici Júnior
Juiz Valmir Maurici Júnior

 

Imagens encontradas em um cofre na casa do juiz Valmir Maurici Júnior, da 5ª Vara Cível de Guarulhos (SP), comprometem ainda mais a situação do magistrado, alvo de investigação pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP) e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Uma das imagens mostra uma mulher não identificada ajoelhada de costas, com o nome do magistrado carimbado nas nádegas. Há ao menos três fotos de mulheres carimbadas.

Não está claro quem são as mulheres. A ex-esposa do juiz diz não ser ela. Carimbos eram usados habitualmente por juízes em documentos; hoje, magistrados assinam documentos eletronicamente.

Em outra imagem, uma mulher, também ajoelhada de costas sobre a mesa, está com um exemplar do livro “Constituição Federal Interpretada”, 5ª Edição, de 2014, da editora Manole. O nome de Valmir Maurici Júnior aparece na capa do exemplar como um dos autores da obra, ao lado de outros profissionais. O livro está atualmente na 13ª edição.

O conteúdo do cofre vai ser periciado como parte de uma investigação do Ministério Público Estadual, no Tribunal de Justiça de São Paulo, para apurar a conduta do juiz. A Corregedoria Nacional de Justiça avalia se afasta o magistrado do cargo.

Entenda o caso

O juiz é acusado pela esposa de agressão e violência sexual e psicológica. Os crimes foram filmados.

Em um dos vídeos que mostram as agressões, é possível ver um bilhete. “Ali ele descreveu vários motivos para eu ser castigada por coisas que eu fiz e que deixou ele irritado”, relata a vítima.

“Fui espancada por não pegar o carrinho grande no supermercado e pegar o pequeno. Então, eu merecia apanhar por aquilo, por eu ter escolhido o carrinho pequeno, quando ele mandou eu pegar o grande. Ele nunca me pedia nada, ele mandava”.

Em um dos vídeos, o juiz dá um tapa na cabeça da esposa; em outro, ele dá empurrões, chute e a xinga, e ela cai no chão; ambos foram gravados com um celular dela em outubro de 2022. Em um terceiro vídeo, de abril de 2022, aparentemente gravado pelo próprio juiz, ele submete a mulher a uma relação sexual sem consentimento.

A vítima e Maurici Júnior se casaram em 2021. A mulher, de 30 anos, diz que saiu de casa em 23 de novembro; o casal está em processo de separação. A violência começou depois dos seis primeiros meses de relação.

“Eu conheci ele quando ele me mandou uma mensagem pelas redes sociais e me convidou para jantar. Na época, ele morava em Santa Catarina. Eu ficava muito com ele em Santa Catarina. E ele era uma pessoa encantadora. Parecia um príncipe (…) eu fiquei muito apaixonada”, disse.

A vítima conta que tentou manter o casamento, mas foi entrando em desespero e chegou a tentar suicídio. “Passava pela minha cabeça: por que eu to passando por isso? (…) Por que ele faz isso comigo? Eu tinha vergonha. Eu só queria manter meu casamento. Não queria ser julgada socialmente pelas pessoas. Eu só queria que aquilo acabasse logo. Era horrível. Um sentimento de culpa muito grande. De acreditar que de certa forma eu merecia aquilo. Eu cheguei a tentar suicídio.”

“Ele falava: pode me denunciar na polícia. Leve seus vídeos. Quando você chegar na delegacia, eu vou ser avisado. Porque eu sou um juiz, e você é só mais uma mulher louca. Não vai acontecer nada comigo. Eu nunca vou preso, eu tenho os amigos certos, pessoas influentes e poderosas. Você só vai passar vergonha, você vai ser ridicularizada”.

Além de magistrado do Tribunal de Justiça, Maurici Júnior é professor do curso de juiz de direito no cursinho CERS.

Com informações do Pragmatismo Político 

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