Política

Governo eleva impostos de importação de cilindros e zera o de armas

O governo deixará de arrecadar com imposto de arma valor que daria para criar 1.277 leitos de UTI

  • sábado, 16 de janeiro de 2021

Foto: DivulgaçãoUTI de hospital
UTI de hospital

Três semanas antes de a rede hospitalar de Manaus entrar em colapso pela falta de oxigênio, o governo elevou o imposto de importação sobre cilindros usados no armazenamento de gases medicinais, que estavam isentos desde março de 2020 para facilitar as medidas de combate à covid-19.

Os cilindros de ferro adquiridos do exterior voltaram a ser taxados em 14%, e os cilindros de alumínio, em 16%. Na prática, o fim da isenção tornou mais custosa a aquisição desses produtos.

Com a nova explosão de casos de covid-19 no Amazonas, o estoque de oxigênio acabou em vários hospitais de Manaus na quinta-feira, 14, segundo relatos de médicos. Pacientes morreram por asfixia, e familiares deflagraram uma corrida na tentativa de adquirir cilindros do gás com recursos próprios.

Enquanto os casos de covid-19 e mortes decorrentes da doença aumentam em todo o país, o presidente Jair Bolsonaro decidiu abrir mão do dinheiro que o governo arrecadaria com a importação de armas de fogo. Por Bolsonaro o governo deixaria de receber R$ 230 milhões por ano ao zerar o imposto sobre importação de armas. Defensor do controle dos gastos públicos, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse ao Congresso Nacional que considera "muito baixo" o impacto financeiro da renúncia fiscal.

Esse valor, no entanto, poderia ajudar no atendimento de pacientes com covid-19, que já matou mais de 180 mil pessoas no país. Levantamento feito pelo Congresso em Foco com base em dados da Universidade de Campinas (Unicamp) mostra que os R$ 230 milhões dariam para montar 1.277 leitos de UTI. Cada um custa, em média, R$ 180 mil.

O valor que os importadores de armas deixarão de pagar corresponde ao pagamento de 92 mil diárias de UTI. Um diária custa de R$ 2,5 mil a R$ 3 mil. Em todo o país, milhares de pessoas aguardam uma vaga em unidade de terapia intensiva com casos graves de covid-19. Só na cidade do Rio, mais de 400 pessoas aguardam uma vaga na rede municipal, onde todos os leitos para esse tipo de tratamento estão ocupados.

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