Pensar Piauí

Elon Musk veio fazer negócios, ganhar cascalho vendendo sistema de internet

Tenhamos cuidado para não dar a Jair o tamanho que ele não tem

Foto: DivulgaçãoElon Musk
Elon Musk

Claro que a visita do homem mais rico do mundo ao Brasil em um encontro com o nosso presidente golpista a fim de falar do uso de sua malha de satélites privados na Amazônia, às vésperas da eleição, pode despertar os instintos mais conspiratórios.

Mas é exatamente isso que Jair Bolsonaro quer de cada um de nós: que acreditemos que o multibilionário, criador da Tesla e da SpaceX e, talvez-quem-sabe, novo dono do Twitter, deslocou-se milhares de quilômetros para apoiá-lo em sua luta contra o mal. Ahã, Cláudia, senta lá.

Elon Musk veio fazer negócios por aqui. Ou seja, ganhar cascalho vendendo um caríssimo sistema de internet a partir de sua rede particular de microssatélites para conectar escolas e para o monitoramento da região amazônica.

Bolsonaro, por outro lado, quer fazer de tudo para parecer que Musk rebolou para essas bandas só para passar a ideia que Jair é o cara. Até chamou o megaempresário de "mito da liberdade" numa tentativa mambembe de colar sua imagem à dele junto a seus seguidores.

O presidente conseguiu a foto, o vídeo e a exposição pública que queria, tirando uma casquinha de Musk. E, ainda por cima, tendo como claque alguns grandes empresários que torcem por sua vitória na eleição de outubro.

Musk provavelmente conseguiu avançar nos negócios da Starlink, como queria. E ainda usou a repercussão pitoresca de se encontrar com um pária global para afastar-se um pouco do último escândalo: uma acusação de assédio sexual contra uma comissária de bordo.

Tenhamos cuidado para não dar a Jair o tamanho que ele não tem.

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