Mulher

Eles querem dizer que a política não é lugar para elas

Veja o comentário do professor Luis Felipe Miguel sobre o acontecido na Assembléia Legislativa de SP

  • domingo, 20 de dezembro de 2020

Foto: Rede Brasil Atualmolestador e deputada Isa Penna
molestador e deputada Isa Penna

Por Luis Felipe Miguel, no facebook 

O que aconteceu na Assembleia Legislativa de São Paulo não foi o comportamento de um indivíduo escroto, uma maçã podre, algo assim.

Foi um exemplo particularmente brutal, visível e inconteste da violência política de gênero, fenômeno que não é exclusivo do Brasil, mas se manifesta de maneira aguda por aqui e que vem sendo estudado por pesquisadoras como Marlise Matos

Trata-se de constranger, intimidar, humilhar e agredir as mulheres, a fim de que elas entendam que a política não é lugar para elas. Aumenta-se, assim, o custo para a mulher permanecer na política, na esperança de que muitas delas desistam - e muitas outras pensem duas vezes antes de concorrer a um cargo público.

Toma a forma da piada "inocente", da insinuação sexual, do reforço ao estereótipo, da exclusão de determinados espaços, do desinteresse pelas contribuições nos debates, da ofensa verbal, da ameaça, do assédio - até a agressão física.

Um arsenal que foi mobilizado amplamente no processo de construção do golpe contra a presidente Dilma Rousseff e que faz parte do dia a dia das mulheres governantes, mulheres parlamentares, mulheres candidatas e mulheres militantes pelo Brasil afora.

A deputada Isa Penna mostrou que é uma daquelas que não se deixam intimidar. Merece solidariedade pela agressão sofrida e congratulações pela coragem demonstrada ao fazer a denúncia.

A bola agora está com a Assembleia Legislativa. Ou cassa rapidamente o mandato do deputado molestador ou assume que a violência de gênero é uma política institucional.

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