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Desvendando atrocidades da previdência no Brasil

Aprovaram uma emenda capaz de economizar, pelos suspeitos números oficiais, R$ 800 bilhões, em 10 anos. É o que será retirado da povo.

Foto: google imagensReforma foi aprovada com requintes de crueldade
Reforma foi aprovada com requintes de crueldade

A votação da chamada “PEC Paralela” no Senado expõe parte do que foi ocultado na Reforma da Previdência, promulgada pelo Congresso Nacional. O debate entre os senadores em torno do assunto, nesta terça-feira (19-11), causou indignação em função dos artigos embutidos na reforma aprovada. A PEC Paralela foi a forma que o Senado encontrou para rediscutir, “paralelamente” ou em separado, alguns pontos que chamam a atenção por seu significado em termos de retirada de direitos sociais.

Pelo visto, só falta passar a tal proposta da capitalização, nos moldes do modelo adotado no Chile, que extinguiu a previdência social do povo. Nesse caso, estaria instaurada uma legislação que retira praticamente toda a proteção vigente em torno do trabalho ou dos direitos dos trabalhadores. Nesse pacote, há de tudo: corte das pensões das viúvas, aposentadorias por invalidez, indenizações por acidente de trabalho e a miríade de massacres propostos pela política econômica do ministro da Economia, Paulo Guedes.

Todo o processo de discussão e aprovação da reforma da previdência, no Congresso, pode ser considerado viciado, na medida em que era um jogo de cartas marcadas. Houve pouquíssimo debate por parte dos parlamentares, em sua maioria, constituída por deputados e senadores da base do governo, que por sinal é bastante rarefeita. Foi uma emenda constitucional aprovada a toque de caixa, em rito aceleradíssimo, para atender, de forma subalterna, os interesses do governo Bolsonaro e mercado financeiro.

A cumplícidade da mídia

Cúmplice desse conjunto de manobras, a chamada grande imprensa ou mídia corporativa, que também atua em consonância com os interesses do mercado. Por isso, o noticiário cotidiano, assimilado, engolido pela massa desinformada, “vendeu” a ideia de que essa reforma era realmente necessária, e, portanto, em nome do bem comum, faria parte de um sacrifício coletivo. Afinal, o questionável déficit da previdência seria insuportável para o estado brasileiro, que aprofundaria a crise fiscal e quebraria a União, estados e municípios.

A narrativa desenvolvida desde o início do ano, quando foi entregue a Proposta de Emenda Constitucional (PEC), consistia que a reforma seria em benefício do País e de seu povo. Puro sofismo. Entregue pelo presidente Jair Bolsonaro e por Paulo Guedes – e seu séquito de economistas –, a proposta original, que incluía a capitalização, foi apenas moderada, moldada de forma a não gerar revolta popular. Então, deixaram a ideia da capitalização, de lado, para tentar passá-la a posteriori, consolidando o caráter noeliberal ou ultraliberal.

Foram retirados pontos de imediato rejeitados pela sociedade, sobretudo, no Nordeste, uma das regiões que seriam mais afetadas com a inviabilização da aposentadoria rural, por exemplo. E aprovaram uma emenda capaz de economizar, pelos suspeitos números do Ministério da Economia, R$ 800 bilhões, em 10 anos. É o que será retirado da população, especialmente dos trabalhadores e seus familiares situados na base da pirâmide social. Com a discussão da PEC Paralela, se nota que a destruição dos direitos no Brasil é ainda mais terrível.

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