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CUT diz NÃO a Wellington Dias quanto à militarização das escolas

CUT diz NÃO a Wellington Dias quanto à militarização das escolas

Foto: GoogleCUT - Piauí
CUT - Piauí
A CUT reagiu com firmeza à proposta do governo Wellington Dias de criar escolas sob a égide da polícia militar. Reunidos, sexta feira passada, os sindicatos que compõe a CUT disseram um não bem grande ao governador. E agora? Na sexta também foi proposto um Manifesto que está circulando entre as entidades para avaliação e sugestões. O Pensar Piauí comunga do pensamento dos sindicalistas. Militarizar a Educação é retrocesso. Seria ideal uma proposta de modernização da polícia que está à disposição do piauiense. Exatamente o contrário.
Disponibilizamos a seguir o esboço de Manifesto apresentado na CUT. E nos próximos dias vamos debater o que se poderia fazer por uma nova e melhor policia.
Manifesto por uma Educação de qualidade e democrática
A democracia tende a formar democratas.
O autoritarismo tende a formar tecnocratas autoritários.
É preciso cada vez mais o militar usufruir de uma educação democrática e cidadã, que respeite a conquista dos direitos humanos, das liberdades e da democracia. É necessário democratizar as instituições militares, garantindo que os avanços conquistados pela sociedade brasileira desde a Constituição de 1988 sejam por elas incorporados, superando as violações ainda presentes nos quartéis, de abusos de poder, tortura, pressão psicológica e intolerância. A sociedade não pode ser colonizada por uma educação militarizada, autoritária e conservadora.
A militarização da educação civil não pode ser a resposta de um governo democrático aos problemas de indisciplina, evasão e de violência no ambiente escolar, que são reais, mas para os quais existem outras e melhores soluções de políticas sociais que combinam educação de qualidade com democracia e cidadania.
Militarizar as escolas, com educação antidemocrática e autoritária, reforça o que há de pior nas sociedades, que é a ideologia reacionária do autoritarismo e elitismo da ordem vigente, em uma conjuntura em que este tipo de pensamento retrógrado avança e conquista espaço. A disciplina submissa, escondida sob o epíteto de “Ordem Unida”, é na verdade o sacrifício do espírito criativo, a imposição de uma obediência cega e acrítica, o sepultamento de uma educação para a autonomia e para a liberdade. Pior ainda, militarizar a escola é fazer com que setores das camadas populares e médias consolidem uma ideologia autoritária que, geralmente, se volta contra as mesmas e contra os projetos de construção de uma sociedade democrático-popular, com mais distribuição de renda, inclusão social, justiça, democracia e cidadania.

Eventuais avanços em nota do IDEB e do ENEM são supostamente atribuídos ao sucesso da militarização, quando a experiência demonstra que, onde foram implantadas escolas de tempo integral, com prioridades em recursos humanos e infraestrutura, os resultados melhoraram significativamente, seja em escolas dirigidas por civis ou militares.
A diferença é que para ter acesso à escola militar é feito um exame seletivo, por meio do qual, de cada dez a quinze concorrentes, um é selecionado, ficando nestas escolas apenas os alunos que obtiveram as melhores notas. Os Institutos Federais (IFs) de Educação, que oferecem o Ensino Médio Integrado, por exemplo, por mais de uma vez, alcançaram a maior média nacional no IDEB entre todas as escolas brasileiras, inclusive em relação à nota média das escolas privadas.
Mas vale lembrar também que o acesso aos IFs se dá por seleção, entrando os alunos que obtêm às melhores notas. Além disso, temos escolas públicas estaduais no Piauí de excelentes resultados, como a Unidade Escolar Augustinho Brandão, de Cocal dos Alves. Em vez da ideologia militar e do autoritarismo nas escolas, queremos que a Secretaria Estadual de Educação cumpra com as Leis dos Planos Nacional e Estadual de Educação, garantindo em todas as escolas públicas estaduais eleições democráticas para as suas direções, conquista histórica da rede estadual de ensino e que, após um ano de governo, ainda não foi colocada em prática.

Repudiamos o fundamentalismo e a militarização como resposta para os problemas da educação. Defendemos que não se crie mais nenhuma escola militar e que se democratizem as que existem. Queremos eleições democráticas, gestão participativa, formação permanente para gestores escolares, melhoria das condições de trabalho, valorização e garantia de professores em sala de aula em todas as escolas. Queremos mais escolas, mais democráticas, de tempo integral e de qualidade!
Ditadura nunca mais!!!.
Democracia e cidadania sempre!!!.

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