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Canal Livre da Band entrevista Rui Costa mas não fala da Bahia, só de Previdência Social

Canal Livre da Band entrevista Rui Costa mas não fala da Bahia, só de Previdência Social

Ontem a noite liguei a TV e assisti ao Canal Livre da Band. O entrevistado da vez era Rui Costa – governador petista da Bahia. Mas o programa não falou da Bahia. Quem o assistiu não sabe das realizações de Costa no território baiano, nem também, das dificuldades do Estado e do governo. Os jornalistas do Canal Livre tinham uma missão: falar da reforma da Previdência Social proposta pelo governo Bolsonaro e tentar colocar uma “saia justa” no governador baiano fazendo-o assumir que era favorável à dita reforma. Foi um vexame jornalístico – para variar! Literalmente, após o boa noite, a primeira pergunta, do programa, formulada pelo mediador, Rafael Colombo foi: “Eu gostaria de começar o programa perguntando ao senhor, qual é o nível de adesão do governador da Bahia, eleito pelo PT, à reforma da Previdência proposta pelo governo Jair Bolsonaro?” Rui Costa foi claro: se a proposta de Bolsonaro abrisse mão da desconstitucionalização da Previdência; do regime de capitalização e não mexesse nos trabalhadores rurais e nos pobres que precisam do Benefício de Prestação Continuada, haveria dialogo. Mas é na clareza do governador que se encontra também sua fragilidade. No fundo o que estimula os governadores a discutir a Previdência é o déficit que cada um deles tem em seus respectivos estados e a falta de organização política para propor a real saída para o problema: buscar o dinheiro no local onde há em abundância – na camada mais rica dos brasileiros. Os ricos no Brasil pagam proporcionalmente menos impostos que os pobres mas os governadores se negam a enfrentar este problema. E o enfrentar, seria por exemplo, denunciar que uma reforma Tributária precede qualquer outra. O governo Bolsonaro que está a serviço do grande capital e do rentismo é que não vai mesmo fazer a justiça fiscal necessária no Brasil. Sendo assim os governadores em troca de alguns parcos milhões na imediaticidade da coisa vão comprometer trabalhadores da iniciativa privada e os barnabés do serviço público. Para tentar explicar melhor. Há alguns tipos de previdência. O maior e mais conhecido deles é o chamado Regime Geral de Previdência Social que abrange trabalhadores da iniciativa privada, autônomos e trabalhadores rurais. O Instituto que cuida disso é o INSS. O INSS também paga o Benefício de Prestação Continuada que é do campo da  assistencia social. Há o Regime Próprio de Previdência Social que atende os servidores públicos dos municípios, dos estados e da União. Há também a Previdência de militares e parlamentares. Muitas vezes o governo fala em cortar privilégios e aí aponta para o Regime Geral. Mas lá não há privilégios. Por atender milhões de pessoas, mesmo com baixos salários, é onde existe um volume grande de recursos públicos e para atender a ganancia dos rentistas que olham para esta fatia do dinheiro é que Bolsonaro acena com o modelo de capitalização. Os privilégios estão na Previdência dos militares, dos parlamentares e em poucas carreiras do serviço público. A grande maioria dos servidores públicos é formada por pequenos e médios assalariados. Os governos estaduais têm dificuldade de caixa para pagar os servidores. Como bem disse Rui Costa, em trinta, quarenta anos de descontos dos servidores, os governadores não pouparam este dinheiro, desviando–o para outras finalidades, além de não ter contribuído com a sua cota para a formação do fundo necessário para a aposentadoria dos servidores públicos. Aos governadores faltou também exigir do Congresso e do Governo Federal uma política fiscal mais justa com os Estados. Agora, sem caixa, não podem solucionar o problema exigindo mais sacrifício de trabalhadores e servidores. A Band é uma emissora que não entende que é uma concessão pública. Ela vive para defender seus anunciantes, entre eles os grandes bancos, os maiores interessados na reforma da Previdência Social. Rui Costa sabe que a Band é assim, mesmo assim se submete a dar entrevista à emissora. Seria bom se tivesse aproveitado a oportunidade para falar que a reforma da Previdência Social não é prioridade para o povo brasileiro. Que o Brasil precisa de fato é de uma Reforma Tributária que faça os ricos pagarem impostos e que as relações federativas sejam mais justas. Que os estados - reais prestadores de serviço à população - não fossem tão sacrificados na questão fiscal como são nos dias de hoje. Era um comportamento assim que se esperava de um governador petista. Mas ao ouvir Rui Costa falar de controle de gastos, de responsabilidade fiscal, e outras pegadinhas liberais para enganar incautos, fica- se com a impressão que aquele governante é do PSDB ou de um partido liberal e não de um partido com a história como a do PT. [embed]https://www.youtube.com/watch?v=oVxsYoK2ehQ&t=893s[/embed] [embed]https://www.youtube.com/watch?v=lsdDOq6oQ0I&t=65s[/embed] [embed]https://www.youtube.com/watch?v=psHn1A81_ko&t=3s[/embed]

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