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Ataque a tiros na terra Yanomami deixa uma criança morta e cinco feridos

Região é próxima das áreas de fronteira, onde ainda estão ativos os últimos garimpos

Foto: REUTERS/Bruno KellyIndígenas Yanomâmis
Indígenas Yanomâmis

Um ataque a tiros na aldeia Parima nest, localizada na Terra Indógena Yanomâmi em Roraima, resultou na morte de uma criança e outras cinco pessoas feridas, algumas em estado grave. A aldeia abriga uma base de apoio da Secretaria Especial de Saúde Indígena ( Sesai), que prestou assistência aos feridos. Segundo a Folha de S. Paulo, agentes da Polícia Federal, servidores da Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas), da Força Nacional, da Força Nacional de Saúde Pública e militares foram mobilizados para o local.

O ataque desta terça-feira (4) não é o primeiro registrado desde o início das ações para eliminar a presença de garimpos ilegais na Terra Indígena Yanomâmi. As medidas começaram após a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao local e a declaração de estado de emergência sanitária na região pelo Ministério da Saúde.

No início deste ano, equipes de saúde que estiveram na região encontraram as bases da Sesai em situação precária, sem medicamentos nem alimentos, deterioradas, com presença de fezes e altos índices de desnutrição e malária entre os indígenas. Essa situação era uma consequência direta da exploração ilegal de ouro no território.

O garimpo ilegal na região quase triplicou em 2022, último ano do governo Jair Bolsonaro (PL) em comparação com 2020, quando a Polícia Federal começou a monitorar a região. Segundo a PF, em 2020, o garimpo ocupava 14 km² do território; em 2021, passou para 23,7 km²; e em 2022, para 41,8 km². Houve um crescimento de 76% em um ano e de 198% desde o início do monitoramento.

O governo de Jair Bolsonaro (PL) incentivou essa atividade, negligenciando as agências e órgãos de proteção e combate à exploração ilegal, chegando até a propor um projeto de lei para regulamentar o garimpo em territórios indígenas.

As ações de repressão têm sido lideradas principalmente pela Polícia Federal (PF) e pelo Ibama (Instituto Brasileiro dos Recursos Naturais e Renováveis), com apoio da PRF (Polícia Rodoviária Federal) e da Força Nacional. Durante mais de um mês, não foram registrados ataques ou confrontos no território Yanomami. Agora, o número total de mortos desde o início das ações para eliminar a presença ilegal chega a 15.

Ainda segundo a reportagem, o motivo do novo ataque é desconhecido, mas há relatos de que na semana passada houve uma operação contra o garimpo ilegal na região. Também existem denúncias de que a aldeia de Parima possui disputas históricas com outras comunidades da área. A aldeia está localizada próxima ao batalhão de fronteira de Surucucu do Exército e da fronteira com a Venezuela. É uma região mais próxima das áreas de fronteira, onde ainda estão ativos os últimos garimpos dentro do território ianomâmi.

Neste mês, o governo Lula publicou um decreto autorizando as Forças Armadas a atuarem no combate às atividades ilícitas. Até então, os militares forneciam ajuda humanitária, distribuindo cestas básicas e suprimentos como medicamentos e combustível, fornecendo apoio logístico, transporte de tropas e planejamento, além de fornecer dados de inteligência sobre as atividades ilegais.

Com informações do 247

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