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Anitta, o mais bem acabado produto cultural brasileiro de exportação

Cantora chega ao top cinco do Spotify mundial rumo ao primeiro lugar com a sua poderosa “Envolver”

Foto: Reprodução/YouTubeAnitta no clipe “Envolver”
Anitta no clipe “Envolver”

 
Por Julinho Bittencourt, na Fórum 

Há que se comemorar e muito o fato da brasileira Anitta chegar ao top 5 do Spotify. Em outras palavras, isso significa que a cantora, compositora e performer daqui das nossas plagas está entre os cinco artistas da musica mais ouvidos em todo o planeta.

O caminho vem sendo traçado há alguns anos, em uma carreira pra lá de bem planejada que, até o que se sabe, é dirigida com mão de ferro pela própria, que não deixa passar nada nem ninguém que cometa algum deslize.

Desde a semana retrasada que a canção “Envolver”, um reggaeton que explode sensualidade por todos os poros, vem subindo paulatinamente. Estava entre as 50, passou a ficar entre as 10 e, agora, está entre as cinco mais ouvidas da plataforma. Para tal, há todo um movimento em torno da canção, que reúne um poderoso clipe dirigido pela própria Anitta e produzido por Harold Jimenez, com a participação do bailarino marroquino Ayoub Mutanda.

O clipe, que já conta com quase 66 milhões de visualizações, foi primordial para acelerar o sucesso da canção nas plataformas digitais. Nele, a cantora e o parceiro fazem uma coreografia que, por sua vez, explodiu através da rede Tik Tok e virou mania mundial, com gente imitando o gesto de cair de bruços e chacoalhar o quadril pelos quatro cantos das redes

Assim como vários outros sucessos, sobretudo “Vai Malandra”, que Anitta emplacou em paradas brasileiras e internacionais, tudo sobra em sensualidade. Moralistas de plantão talvez arrisquem dizer que seu sucesso só foi alcançado graças à tamanha apelação. Bem, só pra que fique claro, praticamente todos os artistas que produzem para o mercado jovem atualmente lançam mão da sensualidade. Anitta, no entanto, por várias razões que passam pelo seu talento e vão até a disciplina com que dirige sua carreira, sai na frente de todos não de hoje.

Além disso, tudo mudou no mercado da música já faz um tempo. É impossível imaginar cantoras como Gal Costa, Elis Regina ou Elizeth Cardosogravando clipes com alguma semelhança que seja com os de Anitta e congêneres. Trata-se de uma outra coisa, que precisa ser lida de maneira diferente.

O que Anitta faz – e muito bem feito – tem outro viés. Não é uma canção para ser ouvida à meia-luz, concentrado e tomando uísque. Seu som é mesmo pra bombar, dançar e explodir. E ela não é a única. O funk, reggaeton entre outros gêneros construídos com bases eletrônicas invadiram toda a América Latina, passando inclusive pela socialista Cuba, dos boleros, salsas e rumbas, para tristeza do escritor Leonardo Padura, agrura confessada em seu livro “Água por todos os lados”.

Salve Anitta e seu mundo novo, sem amarras morais nem fronteiras. Hoje, ela é o produto cultural brasileiro para exportação mais bem acabado que temos para oferecer ao mundo. E tá aí o resultado.


 

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