Pensar Piauí

Analfabetismo? Falta de cultura? Relembre grandes nomes da arte brasileira que são do Nordeste

Região que Bolsonaro atacou é o berço de escritores e poetas reconhecidos mundialmente

Foto: Montagem pensarpiauíA arte nordestina
A arte nordestina

 

Fórum - Hoje é comemorado, como acontece desde 2009, o Dia do Nordestino. A data foi instituída no centenário do nascimento do poeta e compositor Antônio Gonçalves da Silva, conhecido como Patativa do Assaré, nascido na cidade de Assaré, no Ceará. 

Às vésperas do dia de celebração da cultura nordestina, o presidente Jair Bolsonaro (PL) deu mais uma demonstração de xenofobia e preconceito na última quarta-feira (5) ao atacar o povo da região, associando a vitória avassaladora de Lula (PT) entre os nordestinos no primeiro turno da eleição a "analfabetismo" e "falta de cultura". 

A declaração do mandatário gerou uma onda de repúdio nas redes sociais e, como efeito contrário, fez ainda vir à tona uma campanha de valorização da cultura do Nordeste. 

Apesar de Bolsonaro tachar a população da região como "analfabeta" e "sem cultura", são nordestinos e nordestinas que compõem grande parte dos mais importantes nomes da literatura brasileira e mundial. 

Fórum listou 23 escritores e escritoras do Nordeste, dos clássicos aos contemporâneos, e algumas de suas principais obras e livros que ajudam a trazer luz à riqueza cultural da região atacada pelo presidente. O pensarpiauí acrescentou o poeta piauiense Torqueto Neto à lita da Fórum. Ao final da matéria traz um texto do Geléia Total sobre As Dez Melhores Obras Literárias do Piauí

Confira em ordem alfabética a lista da Fórum

Alvina Gameiro - PI 

"A vela e o temporal" (1957); "O vale das açucenas" (1963); "Chico Vaqueiro do meu Piauí" (1979); Curral de serras (1980); "Contos dos sertões do Piauí" (1988), entre outros. 

Ariano Susassuna - PB 

"Uma mulher vestida de Sol" (1947); "Cantam as harpas de Sião ou O desertor de Princesa" (1948); "Auto de João da Cruz" (1950); "Torturas de um coração" (1950); "O castigo da soberba" (1953); "Auto da Compadecida" (1955); "O casamento suspeitoso" (1957); entre outros. 

Castro Alves - BA 

"As espumas flutuantes" (1870); "A cachoeira de Paulo Afonso" (1876); "Os escravos" (1883); "Obras completas" (1921), entre outros. 

Ferreira Gullar - MA 

"Um pouco acima do chão" (1949); "A luta corporal" (1954); "Poemas" (1958); "Teoria do não-objeto" (1959); "João Boa-Morte, Cabra Marcado pra Morrer" (1962);  "Dentro da noite veloz" (1975); "Poema sujo" (1976); "Na vertigem do dia" (1980); "Barulhos" (1987); "Indagações de hoje" (1989); "Muitas vozes" (1999); "Em alguma parte alguma" (2010); entre outros. 

Gonçalves Dias - MA 

"Primeiros cantos" (1846); "Segundos cantos" (1848); "Sextilhas de frei Antão" (1848); "Últimos cantos" (1851); "Os timbiras" (1857); entre outros 

Graciliano Ramos - AL 

"Caetés" (1933); "S. Bernardo" (1934); "Angústia" (1936); "Vidas Secas" (1938); "Infância" (1945); "Insônia" (1947); "Memórias do Cárcere" (1953); "Linhas Tortas" (1962); "Viventes das Alagoas" (1962); entre outros. 

Itamar Vieira Júnior - BA 

"Dias" (2012); "A oração do carrasco" 2017; "Torto Arado" (2019); "Doramar ou a odisseia: histórias" (2021)

Izabel Nascimento - SE 

"Cordel de Pai e Filha" (2008); "A História do Soldado que bateu na Professora e virou jumento" (2012); "Rio Paraíba do Sul, o testamento de um rio" (2014); "A História da Umbanda em Cordel" (2018); "Sementes de Girassóis" (2018); entre outros 

Jarid Arraes - CE 

"As Lendas de Dandara" (2016); "Heroínas Negras Brasileiras em 15 Cordéis" (2017); "Um buraco com meu nome" (2018); "Redemoinho em dia quente" (2019); "Corpo desfeito" (2022); entre outros 

João Cabral de Melo Neto - PE

"Pedra do Sono" (1942); "Os Três Mal-Amados" (1943); "O Engenheiro" (1945); "O Rio ou Relação da Viagem que Faz o Capibaribe de Sua Nascente à Cidade do Recife" (1953): "Morte e Vida Severina" (1955); "Uma faca só lâmina" (1955); "Quaderna" (1960); "A Educação pela Pedra" (1966); "Agrestes" (1985); "Crime na Calle Relator" (1987); "Primeiros Poemas (1990)"; entre outros 

João Ubaldo Ribeiro - BA

"Setembro não tem sentido" (1968); "Sargento Getúlio" (1971); "Vila Real" (1979); "Viva o povo brasileiro" (1984); "Sempre aos domingos" (1988); "O Sorriso do Lagarto" (1989); "Um brasileiro em Berlim" (1995); "O feitiço da Ilha do Pavão" (1997); "A Casa dos Budas Ditosos" (1999); "Diário do Farol" (2002); entre outros 

Jorge Amado - BA 

"O país do carnaval" (1931); "Cacau" (1933); "Suor" (1934); "Jubiabá" (1935); "Mar Morto" (1936); "Capitães da areia" (1937); "Seara vermelha" (1946); "Os subterrâneos da liberdade" (1952); "Gabriela, cravo e canela" (1958); "Dona Flor e seus dois maridos" (1967); "Tenda dos milagres" (1970); "Tieta do agreste" (1977); "Farda, fardão e camisola de dormir" (1979); entre outros

José Américo de Almeida - PB 

"Reflexões de uma cabra" (1922); "A Paraíba e seus problemas" (1923); "A bagaceira" (1928); "O boqueirão" (1935); "Discursos de seu tempo" (1964); "A palavra e o tempo" (1965); "O ano do nego" (1968); "Eu e eles" (1970); "Quarto minguante" (1975); "Antes que me esqueça" (1976); entre outros 

José de Alencar - CE 

"Cinco Minutos" (1856); "A viuvinha" (1857); "O Guarani" (1857); "Lucíola" (1862); "Diva" (1864); "Iracema" (1865); "O Gaúcho" (1870); "O tronco do ipê" (1871); "Guerra dos mascates" (1871); "Sonhos d'ouro" (1872); "Ubirajara" (1874); "O Sertanejo" (1875); "Senhora" (1875); "Encarnação" (1893); entre outros 

José Lins do Rego - PB 

"Menino de engenho" (1932); "Doidinho" (1933); "Bangüê" (1934); "O Moleque Ricardo" (1935); "Usina" (1936); "Pureza" (1937); "Pedra bonita" (1938); "Riacho doce" (1939); "Água-mãe" (1941); "Fogo morto" (1943); "Eurídice" (1947); "Cangaceiros" (1953); "Histórias da velha Totonha" (1936); "Meus Verdes Anos" (1956); entre outros

Lira Neto - CE 

"O poder e a peste: A vida de Rodolfo Teófilo" (1999); "A herança de Sísifo: Da arte de carregar pedras como ombudsman na imprensa (2000)"; "Castello: A marcha para a ditadura" (2004); "O Inimigo do Rei: Uma biografia de José de Alencar" (2006); "Padre Cícero: Poder, Fé e Guerra no Sertão" (2009); "Crônicas da Aldeia" (2014); entre outros

Manuel Bandeira - PE  

"A Cinza das Horas" (1917); "Carnaval" (1919); "O Ritmo Dissoluto" (1924); "Libertinagem" (1930); "Estrela da Manhã" (1936); "Lira dos Cinquent'anos" (1940); "Belo Belo" (1948); "Mafuá do Malungo" (1948); "Opus 10" (1952); "Estrela da tarde" (1960); "Estrela da Vida Inteira" (1968); entre outros 

Marcelino Freire - PE 

"Angu de Sangue" (2000); "EraOdito" (2002); "BaléRalé" (2003); "Contos Negreiros" (2005); "Rasif - Mar que Arrebenta" (2008); "Amar é crime" (2010); "Nossos ossos" (2013); "Bagageiro" (2018); entre outros 

Maria Firmina dos Reis - MA 

"Úrsula" (1859); Gupeva (1862) "A escrava" (1887); "Cantos à beira-mar" (1871); "Hino da libertação dos escravos" (1888); entre outros 

Nísia Floresta - RN 

"Direitos das mulheres e injustiça dos homens" (1832); "Conselhos à minha filha" (1842); "Daciz ou A jovem completa" (1847); "Fany ou o modelo das donzelas" (1847); "A lágrima de um Caeté" (1849); "Opúsculo humanitário" (1853); "Páginas de uma vida obscura" (1855); "A Mulher" (1859); entre outros 

Patativa do Assaré - CE 

"Inspiração Nordestina: Cantos do Patativa" (1956); "Cante Lá que Eu Canto Cá" (1978); "Ispinho de Fulô" (1988); "Cordéis" (1993); "Aqui Tem Coisa" (1994); "Ao pé da mesa" - co-autoria com Geraldo Gonçalves de Alencar (2001); entre outros 

Rachel de Queiroz - CE 

"O Quinze" (1930); "João Miguel" (1932); "Caminho de Pedras" (1937); "As Três Marias" (1939); "O Galo de Ouro" (1950); "Dôra Doralina" (1975); "Memorial de Maria Moura" (1992); "As Terras Ásperas, O Livro de Contos" (1993); entre outros 

Socorro Acioli - CE 

"O pipoqueiro João" (1984); "Frei Tito" (2001); "Rachel de Queiroz" (2003); "Vende-se uma família" (2007); "A bailarina fantasma" (2010) ; "A cabeça do santo" (2014); entre outros 

Torquato Neto

A coisa mais linda que existe (com Gilberto Gil), A rua (com Gilberto Gil), Ai de mim, Copacabana (com Caetano Veloso)

Andarandei (com Renato Piau), Cantiga (com Gilberto Gil), Capitão Lampião (com Caetano Veloso), Começar pelo recomeço (com Luiz Melodia), Daqui pra lá, de lá pra cá, Dente por dente (com Jards Macalé), Destino (com Jards Macalé), Deus vos salve a casa santa (com Caetano Veloso), Domingou (com Gilberto Gil), Fique sabendo (com João Bosco e Chico Enói), Geleia geral (com Gilberto Gil), Go back (com Sérgio Britto), Juliana (com Caetano Veloso), Let's play that (com Jards Macalé), Lost in the paradise (com Caetano Veloso), Louvação (com Gilberto Gil), Lua nova (com Edu Lobo), Mamãe coragem (com Caetano Veloso), Marginália II (com Gilberto Gil), Meu choro pra você (com Gilberto Gil), Minha Senhora (com Gilberto Gil), Nenhuma dor (com Caetano Veloso), O bem, o mal (com Sérgio Britto), O homem que deve morrer (com Nonato Buzar), O nome do mistério (com Geraldo Azevedo), Pra dizer adeus (com Edu Lobo), Quase adeus (com Nonato Buzar e Carlos Monteiro de Sousa), Que película (com Nonato Buzar), Que tal (com Luiz Melodia), Rancho da boa-vinda (com Gilberto Gil), Rancho da rosa encarnada (com Gilberto Gil e Geraldo Vandré), Todo dia é dia D (com Carlos Pinto), Três da madrugada (com Carlos Pinto), Tudo muito azul (com Roberto Menescal), Um dia desses eu me caso com você (com Paulo Diniz), Veleiro (com Edu Lobo), Vem menina (com Gilberto Gil), Venho de longe (com Gilberto Gil), Vento de maio (com Gilberto Gil), Zabelê (com Gilberto Gil)

As Dez Melhores Obras Literárias do Piauí

No livro “Literatura Piauiense”, Luiz Romero Lima, professor de Teoria da Literatura Brasileira, Portuguesa e Piauiense, apresenta a lista das dez melhores obras literárias do Piauí. Essa lista foi elaborada pela equipe do Caderno Alternativo, que convidou professores, escritores e acadêmicos, pedindo a cada um, uma relação dos dez melhores livros de autores piauienses. Segue a lista:

O HOMEM E SUA HORA – Poemas – Mário Faustino. O peso dessa obra está no trabalho experimental com a linguagem.

BEIRA RIO BEIRA VIDA – Assis Brasil. Segundo comentário de Herculano Moraes, no Dicionário Biográfico dos Escritores Piauienses de Todos os Tempos, de Adrião Neto, o autor forma com O.G. Rego de Carvalho e H. Dobal a tríade mais famosa e importante da literatura piauiense da atualidade.

RIO SUBTERRÂNEO – O.G. Rego de Carvalho, publicado em 1967. É a obra mais importante do escritor de Oeiras. Romance feito numa época em que o Piauí era muito atrasado.

LIRA SERTANEJA – Hermínio Castelo Branco. O autor era um sertanejo apegado a terra, na convivência com o mundo rural das fazendas de sua família.

ZODÍACO – Da Costa e Silva. Trata-se de um livro que deve ser lido a qualquer tempo. O tema sempre moderno.

ATALIBA, O VAQUEIRO – Francisco Gil Castelo Branco. O livro ressalta a temática da seca nordestina.

TEMPO CONSEQUENTE – H. Dobal. Uma obra que subsiste ao tempo.

UM MANICACA – Abdias Neves. Registro dos costumes teresinenses do início do Século XX. O livro mostra a vida social com os preconceitos e a falsa moral.

OS ÚLTIMOS DIAS DE PAUPÉRIA – Torquato Neto. Reunião de grandes escritos do poeta mais famoso do Estado.

CURRAIS DE SERRAS – Alvina Gameiro. Romance regionalista, publicado em 1980. O livro faz abordagem sobre a linguagem do sertanejo piauiense.

É claro que qualquer lista do gênero sempre nos deixa com sensação de que “esqueceram” ou “não poderiam deixar de listar” esta ou aquela obra, mas com certeza nos dá um panorama das obras de maior relevância da literatura piauiense. 

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