Ontem, morreu o poeta, escritor e jornalista Kenard Kruel, vítima de cancer.

Antes mesmo de sua morte seus amigos já se manifestavam pelas redes sociais desejando recuperação ao jornalista. Após o anuncio do falecimento de Kenard mais uma leva de manifestações aconteceram. O pensarpiaui, entre tantas, destacou as de Feliciano Bezerra, Loisima Barbosa, Francisco Carvalho, Marleide Lins e Bruno Dutra Che. O pensarpiaui informa que preservou o modo original como os textos foram postados.

Feliciano Bezerra

KENARD, O BOM QUIXOTE

exagerado, hiperbólico, mitômano, idiossincrático, e ao mesmo tempo, envolvido, comprometido, disponível e intenso, topava e realizava muitas paradas. me parecia sempre carente de algo, cobrava afeto e atenção de quem o cercava, e sabia, afável, encher o saco; apesar do sobrenome teutônico ter semelhança fônica e de significado com o nosso “cruel”, suas possíveis crueldades talvez não fossem deliberadas, eram resultados de trapalhadas e intenções inconciliáveis.

era um bom amigo, irritou-me algumas vezes, mas tenho registros memoráveis de seu compromisso fraterno.

estudamos algumas disciplinas juntos no curso de Letras da UFPI, não sei como conseguiu terminá-lo, pois o jornalismo, seu móvel maior, o tomava de corpo inteiro, inclusive na dimensão política, quando presidente do sindicato.

agitou muito ao longo do tempo, nas dialéticas: cultura & política; delírio & literatura; jornalismo & memória; arte & Teresina. andou tentando ser poeta, abanou o ofício em nome de outras escrevinhações, e, desafiando regras do empreendedorismo, mantinha a editora Zodíaco, onde organizava e lançava livros à mão cheia, alguns até sem isbn, o negócio era fazer e acontecer.

quando assumiu como editor do Jornal da Manhã, no final dos anos de 1980, promoveu uma verdadeira farra jornalística, convidando muita gente boa para escrever, abriu seções e páginas para quem tivesse algo a dizer. foi minha estreia em texto impresso. acionou o jornalista Francisco Magalhães para criar uma página, este convidou a mim e ao Geraldo Brito e surgiu então a coluna “Grafito”, um nicho de jornalismo cultural que muito me agradou.

nos últimos anos, ele morando em Tutóia, pouco nos víamos, mas quando nos encontrávamos era sempre afetuoso. vinha com aquelas suas incansáveis narrativas quiméricas, aquoso e empolgado, não parava de falar, e eu, enquanto amigo, restava ouvi-lo.

tinha um jeito particular de dirigir-se a mim, acrescentando um fonema a minha alcunha, chamava-me “fifith”, eu achava engraçado e carinhoso…

espirituoso e bem humorado, costumava encerrar seus textos com bordões, lembro de um antigo: “neste país de macunaímas”. e dos mais recentes, um ficou famoso, “com fé, esperança e amor”. mas eu gostava mais do que dizia “não se deixe de mim”.

pois é, Kenard, com essa sua pressa, foi você quem nos deixou…

Loisima Barbosa

Pois é

Você fazia a festa nos acompanhando Kenard Kruel

Vilma Alves, Gabi, eu e Rosário Bezerra

Sei e tenho certeza que nessa noite em nossa casa você estava muito feliz amigo, com estas mulheres que você dizia que admirava e respeitava

Sua generosidade sarcástica e sua bondade cheia de carinho era sempre um momento de prazer

Sua companhia cheia de conhecimento, de informação e uma vontade infinita de sempre querer enriquecer a literatura de nosso Estado era algo induvidoso

Sua determinação como Presidente do Sindicato dos Jornalistas em abraçar todos os sindicatos como se fôssemos únicos e unidos é inesquecível

Não esqueço nunca naquela noite onde negociávamos um acordo para o Sindicato dos Rodoviários e você como Presidente do Sindicato dos Jornalistas se colocou a postos como um soldado a favor de nossa causa

Poderia dizer tudo o que você fez

Mas, o mais importante

Como você foi humilde pedindo que não fosse esquecido…

“Não se deixem de mim “

Nunca

Você fez história e algumas vezes estórias

Com fé, esperança e amor você sempre ficará dentro de nossos corações

Valeu

Com certeza terás um lugar especial no outro plano, afinal Dante Alighieri já dizia, “até no inferno existe um lugar especial para os poetas”.

Abraço grande

Francisco Carvalho

O PIAUÍ E O MARANHÃO PERDEM O GRANDE GUERREIRO TREMEMBÉ KENARD KRUEL

O Jornalismo, a Literatura, o Direito e as humanidades em geral perderam a irreverência, o humor, a intrepidez, a coragem e o gênio de KERNARD KRUEL FAGUNDES DOS SANTOS, falecido neste 11 de maio de 2023. Sua obra é vasta e sua presença nos círculos literários é intensa.

As redes sociais choram a sua passagem e lembram das suas pílulas diárias de textos, sempre cheios de bom humor e borbulhantes de ideias inteligentes e linguagem certeira

Os amigos se consolam na esperança de haver um bom lugar e uma acolhida serena e amigável para homens do coração generoso e de grandes obras como o nosso amigo que hoje nos deixa.

Seus bordões humorados ficarão na memória de todos que o conheceram pessoalmente ou virtualmente. “Não se deixe de mim” e “Com fé, esperança e amor” certamente serão as saudações mais lembradas e repetidas em sua homenagem. Lembrando que Tutóia(MA), que ele chamava de “autoexílio”, ganhou dele uma perífrase nova: “Lugar onde Deus fez a morada”.

O jornalismo do Piauí deve muito ao KENARD KRUEL. No final dos anos 90 tive a honra de fazer parte da sua diretoria quando ele foi presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado do Piauí (Sindjor/PI). Eu era delegado sindical em Parnaíba.

À época em que foi presidente do Sindicato dos Jornalistas, KENARD focou, entre outras frentes, na qualificação dos jornalistas com a realização de cursos na capital e no interior, a exemplo do curso realizado em Parnaíba, na instalações da Uespi, numa parceria entre o Sindjor/PI e a Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas). Professores de grandes universidades brasileiras vieram a Parnaíba ministrar uma semana de cursos para os nossos profissionais, sendo de grande proveito.

KENARD foi um grande “guerreiro tremembé”, como ele gostava de chamar as moças da sua “Ilha Kenardiana”, cujas fotografias emolduram seu Facebook. Mesmo doente e visivelmente abatido, suas postagens passavam a impressão de que ele caçoava da dor e fazia de cada momento uma nova razão de viver.

Essa é a lembrança que ele deixa: a de um homem forte e de grandes qualidades.

Vai com Deus, KENARD KRUEL!

Marleide Lins

"... ADEUS"

Olá, como vai?

Eu vou indo, e você, tudo bem?

Tudo bem, eu vou indo correndo

Pegar meu lugar no futuro, e você?

Tudo bem, eu vou indo em busca

De um sono tranquilo, quem sabe?

Quanto tempo, pois é, quanto tempo

Me perdoe a pressa

É a alma dos nossos negócios

Pô, não tem de quê

Eu também só ando a cem

Quando é que você telefona?

Precisamos nos ver por aí

Pra semana, prometo

Talvez nos vejamos, quem sabe?

Quanto tempo, pois é, quanto tempo

Tanto coisa que eu tinha a dizer

Mas eu sumi na poeira das ruas

Eu também tenho algo a dizer

Mas me foge à lembrança

Por favor, telefone, eu preciso beber

Alguma coisa rapidamente

Pra semana, o sinal

Eu procuro você, vai abrir, vai abrir

Prometo, não esqueço

Por favor não esqueça, não esqueça

Não esqueço, adeus

(Sinal fechado - Paulinho da Viola)

E vamos nos deixando na roda-viva da vida. Perdão, amigo.

Bruno Dutra Che

Hoje ocorreu a passagem do meu amigo e meu pai na arte @kruelkenard!

Há 12 anos atrás, quando iniciei minha trajetória tanto no ensino da Arte quanto na produção artistica, pelas idas e vindas do destino, fui presenteado pela percepção do já consagrado jornalista, escritor advogado, artista e intelectual Kenard Kruel Fagundes- um homem de vasta cultura e raríssima bondade!

Mesmo aqui longe, e sem nunca termos nos encontrado para tomar aquela cerveja gelada e tocar àquela resenha que sempre prometemos mas nunca cumprimos, me despeço de você, meu amigo... com essa homenagenzinha, uma caricatura dessas que vc tanto gostava rsrs.

Obrigado por tudo, por sempre acreditar no meu trabalho, por toda ajuda, por tantos convites culturais e por ter me preparado para tantas conquistas na Arte. Creia q daqui por diante, cada arte minha terá um pouquinho de vc também, para sempre.

Com fé, esperança e amor!!!

  

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