Pensar Piauí
Doutor em Antropologia

Arnaldo Eugênio

Doutor em Antropologia

Teresina e a gestão pública

Foto: ReproduçãoPrefeitura de Teresina
Prefeitura de Teresina

 

Na última década, a população de Teresina, uma capital próspera do Nordeste do Brasil, tem sofrido pelas escolhas políticas duvidosas que fez nas últimas eleições municipais. Talvez o analfabetismo político, o descrédito nos políticos, a corrupção eleitoral e o baixo comprometimento social, em parte do eleitorado, seja alguns dos fatores para o fiasco na governança pública e na representatividade política.

Hoje, em Teresina, há uma crise de representatividade política qualificada e de gestão pública eficiente, que impedem o enfrentamento e a superação hábil dos desafios de uma capital com 866 300 hab e densidade 622,4 hab./km². Por um lado, há uma subserviência, em parte, ao Executivo e, por outro lado, tem-se a falta de um plano de gestão executável, que seja condizente e eficiente com a realidade das demandas dos teresinenses.

Na área urbana, os rios Parnaíba e Poti continuam sendo degradados; na educação, os professores estão em luta por falta de condições de trabalho – e ainda são agredidos em manifestações; na saúde, a reclamação é pela carência profissionais, medicamentos e insumos; no centro da cidade impera o abandono; nas periferias, o lazer, a cultura e o esporte para a juventude são pontuais e com dotação orçamentária fictícia; na infraestrutura, muitas ruas e avenidas são tratadas com tapa-buracos; no transporte coletivo temos um misto de inoperância e descaso, que resulta numa jornada de humilhações aos trabalhadores etc.

Na zona rural, a população ainda sobrevive sob a égide da política do mais do mesmo e do improviso gerencial. A população rural continua sem quaisquer perspectivas de melhorias das condições de infraestrutura e de vida, por falta de um plano de ação multissetorial, para implementar uma política pública de desenvolvimento social, econômico e cultural com sustentabilidade.

Ressalte-se, porém, que para além do cenário municipal de crise político-administrativa, em parte, o resultado da má gestão pública e da fragilíssima representatividade em Teresina é reflexo das nossas más escolhas nas urnas. Ou seja, o nosso voto inconsequente (e/ou vendido) colocou os teresinenses num abismo administrativo e político, que exige uma mudança radical, profunda e consciente a partir da eleição de 2024.

A gestão pública inclui vários temas, que exige da governança pública um gestor com empatia popular e uma equipe de profissionais qualificados, para uma gestão pública eficiente. Ou seja, agentes públicos que sejam capazes de implementar, de inovar e desenvolver o setor público no seu funcionamento e na defesa dos interesses da sociedade.

No caso de Teresina, tais ações servirão para otimizar a imagem do gestor, estreitar os vínculos com novas lideranças locais e adequar a governança pública às necessidades da população teresinense. Nesse sentido, exige-se um gestor público capaz de promover um bom desempenho na administração dos recursos públicos, que vise o bem-estar social nas localidades urbanas e rurais.

Com a baixa aprovação popular do gestor municipal quanto dos vereadores, considera-se que há uma crise político-administrativo na governança e na representatividade parlamentar em Teresina. Assim, a sugestão é que os eleitores teresinenses fiquem atentos a algumas características gerais que deve ter um “bom gestor” para a cidade, e qualificar a escolha na eleição de 2024.

Dentre as qualidades estão a capacidade de liderança, a comunicação eficaz, a visão estratégica, a habilidade em gestão de conflitos, a temperança e equilíbrio e o saber fazer a articulação político-partidária. Contudo, elas estão no plano do ideal, cabendo aos eleitores a ponderação quando da escolha pessoal.

OBS: Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do pensarpiaui.

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