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Sociólogo, Professor aposentado da UFPI

Antonio José Medeiros

Sociólogo, Professor aposentado da UFPI

Polarização eleitoral para ganhar no 1º turno

Foto: ReproduçãoVoto no Brasil
Voto no Brasil

 

Chegou a hora do corpo-a-corpo, do face to face e... do zapp a zapp (no pv e não nos grupos). É hora de conversar! É a hora de levar adiante a polarização eleitoral!

A chamada terceira via era apresentada como a alternativa entre os “extremos” da direita e da esquerda, representadas por Bolsonaro e Lula. Não conseguiu convencer nem se viabilizar. 
Até porque Lula entendeu que, diante da desqualificação do processo eleitoral, da disseminação do ódio, do apelo à violência, das ameaças golpistas por parte do candidato de extrema-direita, era preciso “despolarizar” política e ideologicamente. E foi se construindo uma aliança mais ampla, um Movimento de inspiração democrática. 

Mas desde a pré-campanha, as preferências foram se concentrando em dois pré-candidatos – justamente Lula e Bolsonaro – com uma distância considerável em relação aos demais: 45% x 31%.

O Brasil possui hoje 156.554.011 eleitores(as) alistados(as). Mantendo-se a taxa histórica de abstenção em torno de 22%, teremos comparecimento de 122.112.000 votantes; sete milhões a mais que em 2018.

Com os brancos se mantendo em torno de 3% e os nulos em torno de 6%, teremos 92% de votos válidos. Com 46% + 01 de votos para Lula, a disputa se encerra no 1º turno. Podemos atingir essa meta.
São 1603 vagas em disputa no 1º turno: 1 presidente da República, 27 governadores de Estado, 513 deputados federais e 1035 deputados estaduais.
No total, candidatos disputando essas vagas são 28.274: 12 para presidente, 223 para governador, 234 para senador, 10.271 para depurado federal e 16.233 par deputado estadual (site do TSE).

Com tantos interesses envolvidos, é difícil tumultuar para inviabilizar o processo no 1º turno. Bolsonaro e seus apoiadores se sentirão muito menos encorajados, porque até os seus serão atingidos..
No caso de 2º turno, teremos dois candidatos a presidente e no máximo 30 a governador. Um ambiente mais fácil de ser tumultuado, com tentativas de inviabilizar a eleição com quebra de urnas, com ameaças, com arruaças e violência, etc. Os números nos ajudam a perceber a importância de ganhar no 1º turno.

As tentativas de um candidato derrotado de espernear e criar confusão depois das eleições não estão descartadas, mas são muito graves, pois se trata de ruptura institucional direta. E, além do Judiciário, com certeza, mobilizará o novo Congresso, os Governadores e as Assembleias Legislativas, recém eleitos para enfrentá-las. As Forças Armadas estarão diante de um desafio bem mais sério. E as manifestações internacionais também ajudarão. Será a hora de mobilizações de rua.

Outros números podem nos ajudar a decidir e argumentar. 0s 46% (metade do votos válidos) de 122 milhões de votantes representam 56.171.579 votos para Lula. E 32% são 39.075.881 votos para Bolsonaro. Esse é o cálculo a ser levado em conta: uma maioria de mais de 17 milhões (cálculos com os cautelosos descontos) de votos de Lula sobre Bolsonaro. Uma vitória consagradora.

Gosto de dizer (com a licença de Cartola e suas rosas): “os números não falam; os números simplesmente respondem as perguntas que emanam de ti”. Esse apelo aos números é para reforçar uma ideia, para ajudar a superar indecisões.

De fato, o que está em jogo é o confronto entre o fortalecimento das forças protofascistas, negadoras de eleições e a retomada da Redemocratização expressa na Constituição de 1988, num ambiente civilizado e respeitoso.

Está em jogo o nosso direito de continuar votando, pois as ameaças golpistas não escondem que querem andar nesta direção, semeando a mentira e apontando armas de verdade.

Evidentemente, as eleições são o momento crucial, decisivo; mas o bolsonarismo persistirá, mas terá sofrido uma pesada derrota. O confronto vai continuar, mas em condições diversas. Todos nós e o novo Presidente sabemos que outros “turnos” (tour de force) virão. O passo inicial está à nossa mão: começa  com o voto no 1º turno, em 02 de outubro.

OBS: Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do pensarpiaui.

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