Pensar Piauí
Doutor em Antropologia

Arnaldo Eugênio

Doutor em Antropologia

Pedagogia do amor

Foto: DivulgaçãoPedagogia do amor

 

Ao tempo em que os governos de lula e de Rafael Fonteles adotam a Educação de Tempo Integral, como uma proposta de revolução na educação do país e do estado do Piauí, trago a “pedagogia do amor”, como oportuna e necessária para esse contexto. Pois, mudar sem inovar é o mais do mesmo, ou trocar seis por meia dúzia.

Os projetos de educação em tempo integral desenvolvidos por Anísio Teixeira (1950) e Darcy Ribeiro (1980) estimularam diferentes experiências educacionais no Brasil, cuja formação inicial e continuada de professores e a integração de monitores e novos atores na equipe de trabalho escolar foram uma exigência fundamental.

Conforme Veronica Branco (2012), “Educação em Tempo Integral ou Escola de Tempo Integral”, para além de ampliar a jornada escolar, ofertando ou não novas disciplinas no currículo, em instalações escolares propícias, é uma concepção que compreende que a educação deve garantir o desenvolvimento dos sujeitos em todas as dimensões – intelectual, física, emocional, social e cultural – e se constituir como projeto coletivo, compartilhado por crianças, jovens, famílias, educadores, gestores e comunidades locais.

De forma simples, o conceito de educação integral pode ser entendido a partir de um dito africano que diz: “[...] para educar uma criança, é preciso uma aldeia inteira.” Logo, uma “aldeia inteira” sem uma pedagogia do amor, não há educação nem libertação. Para Ana Célia Campos (2016), “a educação através do amor permite que o educador se encontre, se perceba, melhore suas práticas e aprenda com os alunos, permitindo que eles se conheçam, façam escolhas adequadas para si e lidem melhor com as necessidades do mundo, tornando-se adultos mais capazes e bem resolvidos emocionalmente”.

A expressão “Pedagogia do amor” é um termo que surgiu no final do século XVIII e início do XIX com o pedagogo suíço Johann Heinrich Pestalozzi (1746-1827), um educador pioneiro da reforma educacional na Europa.

Para ele, o processo educativo deve englobar três dimensões humanas: a cabeça, a mão e o coração. O objetivo final do aprendizado deve ser uma formação tripla: intelectual, física e moral. E o método de estudo deve focar-se em três elementos simples: som, forma e número.

Segundo Pestalozzi, para a criança se desenvolver por completo, ela necessita de uma educação integral. Isso não se reduz às aulas durante o dia todo, pois a educação integral não é apenas aprender as matérias básicas do currículo. O método Pestalozzi tem como princípio o desenvolvimento integral do alunado, de toda a capacidade e competência humana, onde a escola é um espaço de socialização pela educação.

Assim, a pedagogia do amor, associada à filosofia estoica, pode alicerçar a educação de tempo integral, para alcançar os resultados positivos e, em pouco tempo, ganhar espaço em toda sociedade. Desse modo, a educação de tempo integral pode estimular o alunado a desenvolver todas as suas habilidades, o seu potencial humano, a fidelidade ao conhecimento e o foco em tudo aquilo que pode ser controlado, desprezando todos os tipos de sentimentos externos – as paixões, os desejos extremos.

De fato, a educação do país e do estado do Piauí necessita de uma proposta revolucionária, que, principalmente, transforme os profissionais da educação, estimule as crianças e adolescentes a desenvolverem a capacidade emocional e cognitiva, a competência moral, emocional e, também, a competência da prática (FREIRE, 1996).

Desta forma, a educação de tempo integral será significativa, educando para a autonomia, a liberdade, a igualdade, a transformação e a inclusão de todos, usando as habilidades e competências de professores e alunos. Sendo um conjunto de forma harmoniosa capaz de desenvolver todo o potencial humano, a partir de uma educação moral (DURKHEIM, 2017).

OBS: Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do pensarpiaui.

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