Pensar Piauí
Piauiense

Oscar de Barros

Piauiense

O parlamento brasileiro tem Erika Hilton! Está de parabéns

Foto: Montagem pensarpiauiErika Hilton
Erika Hilton

O velho Ulisses Guimarães tinha uma máxima. Ele dizia: “está achando este parlamento ruim? Espere para ver o próximo!”

De fato, Ulisses tinha razão. A cada legislatura o parlamento brasileiro fica mais pobre do ponto de vista da qualidade dos seus componentes.

Com o passar das eleições são eleitos deputados e senadores sem a menor capacidade intelectual e moral. Gente que está lá para defender a si ou a interesses escusos.

Mas há exceções. A eleição de 2022 levou Erika Hilton a ocupar uma cadeira de deputada federal.

Erika é uma negra, a primeira travesti a conquistar uma cadeira na Câmara dos Deputados, com 256.902 votos válidos.

Nesses primeiros meses como deputada federal ela já deu demonstração que passará para a história ocupando espaços que no passado grande nomes que horaram o parlamento também ocuparam.

Erika é uma bela tribuna, defende o lado dos oprimidos pelo sistema, faz proposições, vota coerentemente e é destemida. Reacionários, direitistas, preconceituosos e defensores de corporações (bíblia, bala, boi, armas) são enfrentados por Erika com destemor e muito verbo.

Erika Santos Silva, é o seu nome completo. Ela nasceu  em Franco da Rocha, no dia 9 de dezembro de 1992.

Erika é filiada ao Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), pelo qual nas eleições estaduais em São Paulo de 2018 desempenhou papel de codeputada estadual em mandato coletivo encabeçado por Mônica Seixas. Nas eleições de 2020 obteve notoriedade nacional e internacional ao tornar-se a primeira vereadora transgênero eleita pela cidade de São Paulo, tendo sido a vereadora mais votada do país. Em 2022 ingressou na disputa eleitoral por uma cadeira na Câmara dos Deputados pelo Estado de São Paulo, logrando êxito e se elegendo deputada federal com 256.903 votos. Foi eleita uma das "100 mulheres mais inspiradoras e influentes do mundo em 2022" pela BBC

Juventude e formação acadêmica

Hilton cresceu na periferia de Francisco Morato. Aos quatorze anos se mudou com a família para Itu, no interior de São Paulo. Foi criada pela mãe, tias e avós.

Quando adolescente, vivendo com seus tios evangélicos, sofreu violência por sua expressão de gênero, sendo forçada a frequentar a Igreja, em busca de uma "cura" vinda de Deus. Aos quinze anos foi expulsa de casa e foi morar na rua, onde recorreu à prostituição para sobreviver. Após seis anos foi resgatada por sua mãe e com seu apoio retomou os estudos.

Concluiu o ensino médio e ingressou na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), onde iniciou, sem concluir, os cursos de pedagogia e gerontologia. Na UFSCar ingressou no movimento estudantil, pontapé inicial para a carreira política que viria a consolidar.

Carreira política

Iniciou sua carreira política em 2015, após uma disputa com uma empresa de ônibus. Na ocasião, ao tentar comprar uma passagem de ônibus em Itu, a empresa se recusou a imprimir seu nome social feminino na passagem. A legislação em São Paulo que garante direitos de identidade às pessoas trans não se aplicava a empresas privadas. Hilton lançou petições online defendendo o direito de pessoas trans escolherem seus próprios nomes. Após grande engajamento, Hilton acabou obtendo êxito.

Com a repercussão do caso Hilton ganhou reputação de defensora dos direitos dos trans e começou a receber convites para dar palestras em universidades. Foi convidada a se filiar ao PSOL e em 2016 se candidatou a vereadora pelo município de Itu, onde não conseguiu se eleger.

Em 2018 Hilton recebeu o convite para integrar a Bancada Ativista. O grupo que reunia nove pessoas lançou uma candidatura coletiva para uma vaga na Assembleia Legislativa de São Paulo (ALESP). A Bancada Ativista, representada oficialmente por Mônica Seixas, foi eleita com 149.844 votos e Hilton, junto com Seixas e outras sete pessoas assumiram um mandato compartilhado, algo inédito na ALESP. Hilton foi nomeada como assessora e recebia salário correspondente à função, embora atuasse quase como parlamentar.

Erika Hilton x Abílio Brunini

Os eleitores de Mato Grosso fizeram chegar à Câmara o bolsonarista Abílio Brunini (PL-MT).

Esse estreante na Câmara, tem dedicado seu mandato a ironizar os adversários políticos, tentar provocá-los com atitudes pueris, atrapalhar suas falas. Ele vai ao Congresso não para fazer proposições relevantes ou discutir seriamente os problemas do Brasil - seus objetivos são apenas a lacração e a trolagem.

Na terça-feira (11), durante a CPMI do 8/1, o deputado foi chamado de carente pela deputada Erika Hilton (PSOL-SP). Brunini, então, teria dito que Erika estava oferecendo serviços - uma menção a prostituição. Foi acusado de homofobia, já que a deputada é uma pessoa trans.

Algumas horas depois, o parlamentar de Mato Grosso acusou Erika de "aproveitadora" e, na tribuna da Casa, garantiu que não é homofóbico. "Eu tenho inúmeros amigos homossexuais", disse o deputado, repetindo a alegação que costuma confirmar a suspeita.

Misturando tudo, Brunini referiu-se à "causa da transfobia" e à "causa da homofobia". Deveria se referir, na verdade, ao combate à homofobia e à transfobia.

Erika Hilton fecha contrato com agência de modelos

A deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) fechou contrato com a agência de modelos Joy Model Management. O anúncio foi feito no Instagram oficial da empresa, que celebrou a parceria e destacou a trajetória política da parlamentar como "uma das mais potentes vozes em prol do combate ao preconceito".

“Ativista admirável, engaja-se pelo respeito à diversidade, por direitos e equidade. Uma das ‘100 mulheres mais inspiradoras e influentes do mundo em 2022’ pela BBC. Deputada Federal, Vereadora mais votada do Brasil em 2020, além de duas vezes presidenta da Comissão de Direitos Humanos de São Paulo. Seja muito bem-venda à Joy”, diz a legenda da publicação, acompanhada de um vídeo em que Erika aparece protagonizando ensaios fotográficos e em passarelas de moda.

Hilton já foi capa de diversas revistas femininas e de moda. No ano passado, ela desfilou na São Paulo Fashion Week, o mais importante evento do gênero no país. 

ÚLTIMAS NOTÍCIAS